O que é a Igreja? Essa pergunta pode ter diferentes respostas, embora só uma delas seja a verdadeira. Para muitas pessoas - inclusive para muitos "católicos", infelizmente - a "Igreja" é uma instituição antiga e antiquada, em desacordo com o mundo (o que seria muito ruim).
Para essas pessoas a Igreja é uma espécie de multinacional burocrática, cheia de funcionários, comandada à distância, muito egoísta em sua atuação e em suas decisões, muito preocupada com suas riquezas materiais. Seria uma instituição comandada por velhinhos malvados que querem controlar o corpo das mulheres, querem impedir os doentes de pararem de sofrer, querem impedir os homossexuais de se casarem, querem combater as maravilhas do sexo, etc, etc. Além disso, seria uma instituição que não gosta dos pobres, já que prefere perder tempo falando de Deus, em vez de se engajar na luta por "um outro mundo possível".
Quem pode querer defender tal "monstro"? Quem pode desejar ser um soldado de tal organização? Só fanáticos, só pessoas iludidas ou pessoas beneficiados pelas maldades que ela faz.
Mas é isso a Igreja?
A Igreja não é uma mera instituição. Na verdade essa é apenas a expressão civil de sua realidade, que é muito maior, muito mais complexa, e, verdadeiramente, transcendente. Aliás, a Igreja não tem só uma expressão civil, não é só uma organização. Tem também uma expressão geopolítica: a sede da Igreja, o Vaticano, é um país. Mas isso é só um detalhe. O que realmente importa é que a Igreja é o Corpo Místico de Cristo. E, por isso, a Igreja somos nós.
A Igreja é o povo de Deus. No começo dos tempos, Deus escolheu um povo na terra para, por meio dele, fazer sua mensagem chegar ao mundo: eram os hebreus. Mais especificamente, Deus escolheu um homem entre muitos, Abrão, para, a partir dele e de seus descendentes, constituir esse povo. Deus socorreu esse povo incontáveis vezes. Quando houve fome, levou-o para um país onde havia abundância. Quando foi escravizado nesse país, retirou-o de lá. Quando esteve sem território, Deus ajudou esse povo a conquistar terras. Quando estava sem governo, Deus suscitou reis. Quando seguiu o caminho do pecado, Deus providenciou mensageiros e correções. Quando foi conquistado e deportado, Deus providenciou alguém que libertasse seu povo. E assim foi, século após século. Deus enviou homens para ensinar ao seu povo e mostrar-lhe o caminho. Até que ele estivesse pronto para o ato máximo: Deus enviou o próprio Filho para completar a obra de salvação.
A partir daí, a mensagem de Deus não podia se restringir aos hebreus, a Israel. O próprio Cristo ordenou que sua mensagem fosse transmitida a todos os povos da terra. Para que isso fosse feito, ele constituiu seus apóstolos e sobre eles enviou o Espírito Santo, prometendo guiá-los até o fim dos tempos. O povo de Deus, que era Israel, passou a ser a assembléia dos fiéis em todas as nações. A palavra assembléia, em, grego, é ecclesia. Ela foi adotada pelo latim. Em espanhol, virou iglesia. Em francês, eglise. Em italiano, chiesa. Em português, igreja.
É isso o que a Igreja é: a assembléia dos fiéis unidos a Cristo. Ela é chamada de "Corpo Místico de Cristo", pois, nesse corpo, Cristo é a cabeça e nós somos os membros. A instituição Igreja é só a expressão visível, civil, adaptada ao mundo dos homens, desse corpo. Ele é místico porque é guiado pelo Espírito Santo e vinculado de forma indissolúvel a Jesus - forma com ele um corpo só.
Quando Jesus constituiu Pedro o primeiro chefe de sua Igreja, Ele lhe fez uma promessa: as portas do inferno jamais prevalecerão sobre a Igreja. Essa promessa contém um aviso e uma garantia de vitória. O aviso: o demônio sempre estará presente tentando derrubar a Igreja. A garantia de vitória: o mal não vai vencer, a Igreja não pode ser derrotada, ela sairá vitoriosa.
E, nessa guerra contra o mal, somos todos convocados a ser soldados da Igreja. Isso significa ser guiados pelo Espírito Santo, estar ligados a Cristo. E significa combater lado a lado com São Miguel, patrono da Igreja, anjo que derrotou Lúcifer e, com o poder de Deus, o expulsou para as profundezas.
Sejamos soldados da Igreja. Sejamos miles ecclesiae. O que defendemos não é uma instituição: é o próprio Corpo Místico de Cristo.
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