
Certa vez, aquela terra foi invadida por estrangeiros, que saquearam as cidades e causaram muita destruição. Então, Abrão reuniu 318 servos e, à frente deles, perseguiu e conseguiu vencer os inimigos em batalha. Destes, os últimos a serem vencidos foram os reis de Sodoma e de Gomorra. Estes haviam capturado Ló e, em Sidim, foram derrotados. Então, ele libertou seu sobrinho e também o povo de Sodoma. Regressando para casa, passou por Salém (a atual Jerusalém), onde se encontrou com Melquisedec, sacerdote do Deus Altíssimo. Este sacerdote é apresentado como aquele que não tem nem começo nem fim, ou seja, ele é eterno. Daí ser visto como figura do sacerdócio eterno de Jesus Cristo. E foi ali, em Salém, que o patriarca apresentou ao sacerdote o dízimo dos despojos da guerra. Após essas vitórias, Abrão passou a ser visto e temido como líder militar pelo povo e pelos reis da região. Suas batalhas e conquistas ficaram conhecidas por todos que moravam naquelas terras, o que fez dele um homem respeitado.
Vale ressaltar a intervenção de Abrão em favor das cidades de Sodoma e Gomorra, as quais estavam para ser destruídas pela ira de Deus por causa dos muitos pecados que lá eram praticados. O patriarca, cheio de confiança e demonstrando uma total amizade e familiaridade com Deus, argumenta, insiste e tenta convencer o Senhor a não destruir aquelas cidades. Deus escuta os apelos dele e, somente não as poupa porque realmente não havia nenhum justo nelas! É notável a paciência de Deus diante da insistência de Abraão!
Nos tempos de Abraão, provavelmente as duas cidades já não eram habitadas havia muito tempo. De fato, até hoje não foram encontradas as ruínas que comprovadamente tenham sido de Sodoma e Gomorra. Porém, o belo e grande significado da narrativa sobre a destruição está no momento em que o patriarca intercede em favor da população pecadora de ambas, numa clara demonstração da fragilidade e confiança humanas diante da justiça e misericórdia divinas. Este sentido foi exposto de forma magnífica pelo hagiógrafo!
Mais uma vez, Deus disse a Abrão: "Levanta os olhos e conta, se podes, as estrelas do céu! A tua descendência será tão numerosa como elas". Abrão acreditou e teve fé em Deus e, passados muitos anos, novamente o Senhor Deus lhe apareceu, dizendo: “Daqui um ano retornarei à tua casa, e tua mulher já terá tido um filho.” E disse ainda: “Daqui em diante não te chamarás Abrão, mas sim Abraão, porque te destinei para pai de muitos povos. Para o futuro, não chamarás a tua mulher de Sarai, mas de Sara. Eu a abençoarei e ela terá um filho ao qual chamarás Isaac. Concluirei com ele uma aliança perpétua em favor da sua posterioridade”. Assim, já na velhice, Sara deu à luz Isaac. E a promessa de Deus a Abraão foi cumprida.
Na próxima semana continua a história de Abraão, dando ênfase ao nascimento de Isaac e à prova por que o patriarca passou!
Nilson Antônio da Silva