quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

A Preciosidade da Criação


A criação inteira é preciosa aos olhos de Deus e Ele sempre se preocupa com a obra de suas mãos e cuida de tudo que criou. O universo todo, com todos os seres vivos e todas as coisas inanimadas, recebe constante e incessantemente os cuidados e o carinho do Senhor.

Jesus, enquanto esteve no mundo, falava o tempo todo de passarinhos e ovelhas, de peixes e flores do campo, de trigais e pés de figo... Enfim, tudo aquilo que foi feito por sua palavra, dele recebeu um valor e afeição especiais. E continua recebendo e sempre receberá. As águas, os mares, as pedras – a Simão o Senhor deu o nome de pedra – são criações de Deus e existem unicamente graças à vontade onipotente e incondicional do Senhor. Deus tirou do nada a criação inteira e, por estar Sua vontade onipotente presente nela, mantém esta mesma criação existindo. Isto é, sem a vontade de Deus a criação inteira volta ao nada, de onde foi tirada.

Todas as coisas são criaturas de Deus e, embora não possuam a capacidade de reconhecer o Senhor e amá-lo, prestam a Ele louvor e dão-Lhe glória pelo simples fato de existirem. A criação nem sequer tem consciência de que tem um Criador mas, assim mesmo ou talvez por isso mesmo, é imensamente amada pelo Senhor. O próprio fato de existir comprova a grandiosidade e a gratuidade desse amor incondicional de Deus.De outro lado, todos nós, homens e mulheres, somos também criados por Deus e a nós o Senhor Deus deu a capacidade de reconhecer que Ele existe, é o Criador e que tudo que existe foi criado por Ele. Portanto, temos o dever de amar a criação com o coração semelhante ao do Senhor e cuidar de sua obra com ternura e respeito.

Deus nos deu a capacidade de conhecermos a nós mesmos como seres humanos e a capacidade de reconhecermos a Deus como Senhor e Criador de tudo que existe. Assim, Deus nos concedeu a graça de participarmos com Ele da sua obra criadora e, ainda, deu-nos a graça de também juntos com ele participarmos da ação de governar a criação. Ou seja, é de nossa responsabilidade cuidar bem da criação de Deus, para que esta siga através dos tempos de acordo com a vontade do Senhor. Somos criaturas, a quem por amor gratuito o Senhor nos fez seus filhos, e é preciso que nossa vida seja também um louvor agradável a Deus.

Deus nos tirou do pó da terra, a qual veio do pó das estrelas, as quais vieram do pó do universo... viemos do pó, voltaremos ao pó; tudo veio do nada e se desfará em pó... Um dia, chegará a hora em que o Senhor “fará novas todas as coisas” e, assim, tudo existirá eternamente na contemplação de Deus face a face.

Nilson Antônio da Silva

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

História da Salvação - Reis - 8ª Parte

Profeta Isaías, contemporâneo de Ezequias - Pintura da Capela Sistina - Vaticano

O sucessor de Acaz foi o seu filho chamado Ezequias. Quando Acaz morreu, Ezequias tinha apenas cinco anos de idade. Com isso, um regente governou até que ele atingisse a maioridade. Nesse ínterim, o rei Teglat-Falasar III também morreu e o seu sucessor foi Salmanasar V. Os assírios destruíram a coalizão entre os reinos de Israel e Aram e se puseram a conquistar a Palestina. Judá, então, teve que pagar tributo à Assíria durante vinte anos.

Ezequias começou a reinar de fato após atingir a maioridade, com vinte e cinco anos de idade, por volta do ano 715 a.C. Seu governo durou vinte e nove anos. Ele foi um homem de fé, cuja vida foi marcada pela confiança em Deus.

O reinado de Ezequias é considerado na Bíblia como um bom governo, sendo que esse rei executou uma série de reformas político-religiosas com as quais procurou reunir o povo todo em torno de um só Deus e de um só rei. O Egito e a Babilônia, interessados em estender sua influência na região, ofereceu auxílio a Judá. A Assíria, então, ameaçou invadir Judá e Ezequias voltou a pagar tributo até o ano de 705 a.C.

Algum tempo depois, uma nova tentativa de escapar do domínio da Assíria levou Senaquerib a invadir Judá. Com isso, as reformas foram interrompidas pela violenta invasão dos assírios, que conquistaram várias cidades e chegaram a cercar Jerusalém. A ajuda oferecida pelo Egito não serviu para nada e a capital só não foi conquistada pelos inimigos por causa de um acontecimento extraordinário que fez com que os exércitos assírios se retirassem.

Dentre as ações de reforma religiosa implantadas por Ezequias, destacam-se a restauração e a purificação do templo, a reintegração dos sacerdotes e levitas ao seu ministério, a restauração da celebração da Páscoa e o combate à idolatria. Contemporâneo de Isaías, Ezequias soube ouvir esse profeta. Entretanto, depois de se recuperar de uma grave enfermidade, ele cometeu um erro que lhe rendeu uma advertência por parte de Isaías. Este erro consistiu em mostrar aos mensageiros do rei da Babilônia todos os seus tesouros. O profeta, então, prevendo o futuro cativeiro dos judeus, advertiu o rei severamente.

Com a morte de Ezequias em cerca de 690 a.C., seu filho Manassés o sucedeu no trono aos doze anos de idade. O reinado de Manassés, que durou quarenta e quatro anos, foi marcado pela opressão externa da Assíria e, internamente, pela opressão por parte da corte de Jerusalém e pela exploração dos camponeses pelos ricos da cidade. Também foi marcado pela volta do paganismo com o culto aos astros, por influência dos assírios, e com a restauração do culto a Baal e a introdução de práticas de magia, adivinhação e encantamentos. Nesse ponto, ele chegou ao extremo de oferecer seus próprios filhos em sacrifício. E mais ainda, porque segundo a tradição, foi durante o governo de Manassés que o profeta Isaías foi morto por ordem do próprio rei, que mandou serrá-lo em pedaços.

O profeta Miquéias exerceu seu ministério durante a época de Manassés. Miquéias nunca se cansou de repreender o povo pelo pecado, exortando as pessoas a buscarem fazer a vontade de Deus. Manassés, contudo, não deu ouvidos às palavras do profeta.

Durante um certo período de tempo, Manassés foi levado e mantido prisioneiro pelos assírios em Babilônia. Enquanto estava preso, ele se arrependeu amargamente de seus atos e resolveu mudar suas atitudes. Quando foi libertado e, tendo retornado a Jerusalém, começou a incentivar o culto a Javé e passou a oferecer os sacrifícios corretos, tendo então mandado retirar todos os objetos de profanação que tinham sido postos no templo.

No plano político e econômico, reconstruiu as muralhas de defesa da capital e favoreceu o desenvolvimento do comércio e da agricultura. Documentos antigos mencionam-no como um fiel colaborador do rei da Assíria. Talvez por essa razão, ele tenha conseguido que os tributos pagos por Judá tenham sido bem menores do que os pagos pelos reinos vizinhos.

Contudo, Manassés é considerado como um dos piores reis de Judá, que fez o oposto do que fizera seu pai. Quando morreu, ele foi sepultado nos jardins de seu palácio, no local chamado Jardim de Oza, e não no mesmo local de seus antepassados. O seu sucessor foi seu filho, chamado Amon.

Nilson Antônio da Silva

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

A Perfeição E A Beleza De Deus


O Senhor tem muitos projetos para nós. Ele quer que realizemos muitas coisas boas durante nossa vida, para que o mundo se torne um lugar cada vez melhor e para que as pessoas também se tornem melhores para si mesmas e para com aqueles com quem convivem.

Deus é bom e bom é tudo o que ele faz. O mundo é bom porque foi criado livremente pela vontade do Senhor, que é cheio de bondade e de amor. Todas as coisas belas da natureza que nos cercam e todo o universo que nem sequer imaginamos o tamanho, refletem a beleza infinita e pura de Deus. E mais, uma vez que o Senhor tudo fez e tudo pôs em nossas mãos para nosso benefício, expressam o imensurável amor que Deus tem para conosco. Deus nos ama e quer que vivamos em busca do amor puro que gera a paz, a justiça e a harmonia entre todas as pessoas. Deus nos ama e, embora seja seu amor para conosco absolutamente incondicional, é de seu agrado que reconheçamos seu amor e também o amemos acima de tudo e de todos.

Todos nós somos perfeitos e belos porque fomos criados por Deus, que faz tudo perfeito e belo, mas, dominados por nossos sentimentos egoístas e mesquinhos, escolhemos nos distanciar da perfeição e da beleza do Senhor e seguirmos por caminhos que conduzem à imperfeição e à feiúra. Feio é tudo aquilo que se recusa a refletir a beleza que provém de Deus, ou seja, refletir o amor e a bondade de Deus. Imperfeito é tudo aquilo que se afasta da presença de Deus e escolhe seguir as próprias vontades e os próprios desejos egoístas.

Toda pessoa que busca viver conforme a vontade de Deus passa a refletir em seu ser toda a beleza e toda a luz do Senhor. É como alguém que, de manhãzinha, se vira para o nascente para contemplar o esplendor do sol que se levanta.

Enquanto admira o espetáculo da aurora, sente que, a cada segundo que passa, mais a luz e o calor vão aumentando e envolvendo tudo. Assim é quem se volta para a glória de Deus e se entrega à sua vontade e à sua misericórdia.

Nilson Antônio da Silva

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

História da Salvação - Reis - 7ª Parte

Profeta Isaías Em Meditação

Amasias subiu ao trono de Judá aos vinte e cinco anos de idade, sucedendo seu pai Joás. O reinado de Amasias durou vinte e nove anos. Tão logo assumiu o trono, ele mandou matar todos que assassinaram seu pai. O reinado de Amasias foi marcado por uma guerra contra o reino de Edom, na qual ele saiu vitorioso. Após essa guerra, ele entrou em conflito com o reino de Israel, tendo sido vencido pelo rei Joás de Israel. Joás o levou preso para Jerusalém e tomou para si todo o ouro, prata e objetos valiosos que encontrou no templo e também no palácio real, levando tudo isso para Samaria. Amasias foi morto numa conspiração. Depois disso, seu filho Ozias o sucedeu no trono.

Ozias reinou durante cerca de cinqüenta e cinco anos e foi contemporâneo do profeta Isaías. Ele foi um grande engenheiro militar, tendo planejado e construído armas que projetavam pedras e atiravam lanças, além de construir reservatórios de água e fortificar torres. Também construiu uma cidade chamada Elate. Seu exército se tornou poderoso e famoso. Entretanto, não foi capaz de resistir a uma invasão de Teglat-Falasar e o reino de Israel acabou tendo que pagar tributos ao invasor. No fim de sua vida, Ozias foi contaminado com a lepra, que na época era uma doença incurável. Segundo as escrituras, ele quis queimar o incenso no templo, desrespeitando a lei de Moisés, segundo a qual somente os sacerdotes podiam realizar essa atividade sagrada. Por causa da doença, ele foi isolado num palácio onde morreu afastado do poder real.

Joatão foi o sucessor de Ozias. Seu reinado começou por volta de 758 a.C. e terminou por volta de 742 a.C. Ele também foi contemporâneo do profeta Isaías. Seu reinado foi marcado por obras de reconstrução tanto em Jerusalém como em outras cidades de Judá. As escrituras o consideram um bom rei, embora ele tenha sido omisso no que se refere à presença de idolatria entre o povo.

O sucessor de Joatão foi Acaz, também contemporâneo de Isaías. Acaz é considerado um rei mal, pois ele incentivou a idolatria, fechou o templo de Jerusalém e ainda sacrificou o próprio filho aos deuses pagãos. Seu reinado foi marcado por várias derrotas militares em confrontos com os reinos de Israel e de Aram. Em sua época, os filisteus reconquistaram muitos territórios na região costeira e o reino vassalo de Edom também se rebelou.

Acaz não quis acatar os conselhos do profeta Isaías e pediu proteção à Assíria. O rei assírio Teglat-Falasar foi em seu socorro e derrotou rapidamente os exércitos aliados de Israel e de Aram, ocupando em seguida a cidade de Damasco e se apoderando de vários territórios de Israel. Em seguida, os assírios transformaram todos os reinos da região em seus tributários, inclusive o reino de Judá. Segundo consta em inscrições antigas, ele foi até Damasco prestar homenagens ao rei da Assíria.

Quando Acaz faleceu, ele não foi sepultado junto com os restos mortais dos reis que o antecederam, tendo sido sepultado em outro local de Jerusalém. Este foi um fato que demonstra o quanto o povo o considerava e o que o povo de Judá pensava a respeito de seus atos enquanto ainda vivo.

As advertências de Isaías sobre a proteção da Assíria mesmo hoje em dia ressoam com uma atualidade incontestável. Naquela época, a Assíria era uma grande potência e o reino de Judá era apenas um reino pequeno. O que o profeta afirmou ao rei Acaz é que, após derrotar os reinos vizinhos de Judá, com toda certeza os assírios se voltariam contra Acaz. E foi exatamente o que aconteceu. O único interesse dos assírios era expandirem seus domínios e eles não se importavam com quem havia lhes pedido ajuda ou não.

Nilson Antônio da Silva

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Quem Ama


Ao refletir sobre o versículo trinta e nove do primeiro capítulo do Evangelho de Lucas, um escritor anônimo afirmou que “quem ama supera todos os obstáculos para servir à pessoa amada”. Ele estava certo em suas palavras! Assim como Lucas contou-nos que a jovem “Maria levantou-se e pôs-se apressadamente a caminho da região montanhosa para a casa de Isabel”, não deixando que as dificuldades de uma viagem como essa fossem obstáculos ao seu desejo de servir e de estar presente na vida daquela a quem amava, devemos também nós permitir que a graça de Deus aja em nosso coração e nos ponha a caminho.

A caminho de quê? É a interrogação que muitas vezes brota de nós mesmos enchendo nosso olhar de desânimo. Nesse momento, é preciso que o amor seja mais forte e maior do que qualquer questionamento. É preciso que o amor nos faça deixar tudo e sair às pressas para prestar auxílio à pessoa a quem amamos. O amor é extremamente transformador e arrebatador e, quando permitimos, age de maneira magnífica em nossa vida.

Ora, tantas vezes já fomos acordados por um telefone no meio de uma noite chuvosa e, apressados, nos levantamos e saímos em auxílio de quem precisa de nossa ajuda. Tantas vezes uma criança busca em nós quem a ensine simplesmente a andar de bicicleta e, com paciência, deixamos tudo de lado e a ajudamos. Outras vezes, abrimos mão de todos os nossos compromissos para somente escutar alguém que precisa ser ouvido e, então, escutamos durante horas o que nos diz. São estes apenas três pequenos exemplos que confirmam o que o evangelho nos diz. Do mesmo modo como Maria fez, também faz igual a ela quem age assim. É o amor de Deus, o amor maior de todos, agindo em nosso coração e nos levando a fazer o que é da vontade do Senhor. É por causa do amor que alguém é capaz de se levantar no meio da noite para ajudar o outro, porque nada no mundo seria capaz de justificar uma atitude tão incondicional como esta.

Jesus se entregou à morte na cruz sem exigir nada em troca, na mais pura e incondicional atitude de doação. Ele sabia que muitos nunca entenderiam isso, que muitos não levariam a sério, que muitos não dariam o menor valor ao que ele fez... mas, acima de tudo, ele se entregou por amor a todos, mesmo àqueles que não o entendessem nunca.

Eu acredito que Jesus se levantou às pressas durante uma noite fria para ajudar quem precisava, existissem bicicletas naquela época e ele teria ensinado muita criança a andar e, todos nós sabemos, ele sempre escutava com amor e carinho quem o procurava para apenas conversar.

Nilson Antônio da Silva

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Ela escapou de um aborto

Um amigo me mandou o texto que segue abaixo e eu não podia deixar de compartilhá-lo aqui. Trata-se da tradução de um belo testemunho de Rebecca Kiessling, jovem norte-americana que foi concebida num estupro. Ela fala sobre o que é não ser abortada - ela, que quase foi.

É uma importante reflexão. Sobretudo porque, no Brasil, o estupro é um dos poucos casos em que o aborto é permitido. Aliás, uma portaria do Ministério da Saúde autorizou, há alguns anos, que qualquer hospital realizasse um aborto sob a alegação de estupro, mesmo sem qualquer comprovação.

O texto original, em inglês, está disponível aqui. Conheçam o site de Rebecca, vale a pena.

André, obrigado pela tradução.

A História de Rebecca Kiessling

Eu fui adotada assim que nasci. Aos 18 anos soube que fui concebida a partir de um estupro brutal sob ameaça de faca por um estuprador em série. Assim como a maior parte das pessoas, eu nunca pensei que o assunto aborto estivesse relacionado à minha vida, mas assim que recebi esta notícia percebi que não só está relacionado à minha vida, mas está ligado à minha própria existência. Era como se eu pudesse ouvir os ecos de todas as pessoas que, da forma mais simpática possível, dizem: “Bem, exceto nos caso de estupro...” ou que dizem com veemência e repulsa: “Especialmente nos casos de estupro!!!”. Existem muitas pessoas assim por aí. Elas sequer me conhecem, mas julgam a minha vida e tão prontamente a descartam só pela forma como fui concebida. Eu senti como se a partir daquele momento tivesse que justificar minha própria existência, tivesse que provar ao mundo que não deveria ter sido abortada e que eu era digna de viver. Também me lembro de me sentir como lixo por causa das pessoas que diziam que minha vida era um lixo, que eu era descartável.

Por favor, entenda que quando você se declara “a favor da livre escolha” ou quando abre a exceção para o estupro, o que isso realmente significa é que você pode olhar nos meus olhos e me dizer “eu acho que sua mãe deveria ter tido a opção de abortar você”. Esta é uma afirmação muito forte. Jamais diria a alguém: “Se eu tivesse tido a chance, você estaria morta agora”. Mas essa é a realidade com a qual eu vivo. Desafio qualquer um a dizer que não é. Não é como se as pessoas dissessem: “Bom, eu sou a favor da livre escolha, menos naquela pequena fresta de oportunidade em 1968/69, para que você, Rebecca, pudesse ter nascido”. Não. Esta é a realidade mais cruel desse tipo de opinião e eu posso afirmar que isso machuca e que é uma maldade. Mas sei que muita gente não quer se comprometer sobre esse assunto. Para eles, é apenas um conceito, um clichê que eles varrem para debaixo do tapete e esquecem. Eu realmente espero que, como filha de um estupro, eu possa ajudar a dar um rosto e uma voz a esta questão.

Diversas vezes me deparei com pessoas que me confrontaram e tentaram se desvencilhar dizendo coisas do tipo: “Bem, você teve sorte!”. Tenha certeza de que minha sobrevivência não tem nada a ver com sorte. O fato de eu estar viva hoje tem a ver com as escolhas feitas pela nossa sociedade: pessoas que lutaram para que o aborto fosse ilegal em Michigan naquela época ─ mesmo em casos de estupro ─, pessoas que brigaram para proteger a minha vida e pessoas que votaram a favor da vida. Eu não tive sorte. Fui protegida. E vocês realmente acham que nossos irmãos e irmãs que estão sendo abortados todos os dias simplesmente são “azarados”?

Apesar de minha mãe biológica ter ficado feliz em me conhecer, ela me contou que foi a duas clínicas de aborto clandestinas e que eu quase fui abortada. Depois do estupro, a polícia indicou um conselheiro que simplesmente disse a ela que a melhor opção era abortar. Minha mãe biológica disse que naquela época não havia centros de apoio a grávidas em risco, mas me garantiu que, se houvesse, ela teria ido até lá pelo menos para receber um pouco mais de orientação. O conselheiro foi quem estabeleceu o contato entre ela e os abortistas clandestinos. Ela disse que a clínica tinha a típica aparência de fundo de quintal, como a gente escuta por aí, e lá “ela poderia ter me abortado de forma segura e legal”: sangue e sujeira na mesa e por todo o chão. Essas condições precárias e o fato de ser ilegal levaram-na a recuar, como acontece com a maioria das mulheres.

Depois ela entrou em contato com um abortista mais caro. Desta vez, se encontraria com alguém à noite no Instituto de Arte de Detroit. Alguém iria se aproximar dela, dizer seu nome, vendá-la, colocá-la no banco de trás de um carro, levá-la e então me abortar... Depois vendá-la novamente e levá-la de volta. E sabe o que eu acho mais lamentável? É que eu sei que existe um monte de gente por aí que me ouviria contar esses detalhes e que responderia com uma balançada de cabeça em desaprovação: “Seria terrível que sua mãe biológica tivesse tido que passar por tudo isso para conseguir abortar você!”. Isso é compaixão?!!! Eu entendo que eles pensem que estão sendo compassivos, mas para mim parece muita frieza de coração, não acha? É sobre a minha vida que eles estão falando de forma tão indiferente e não há nada de compaixão neste tipo de opinião. Minha mãe biológica está bem, a vida dela continuou e ela está se saindo muito bem, mas eu teria morrido e minha vida estaria acabada. A minha aparência não é a mesma de quando eu tinha quatro anos de idade ou quatro dias de vida, ainda no útero da minha mãe, mas ainda assim era inegavelmente eu e eu teria sido morta em um aborto brutal.

De acordo com a pesquisa do Dr. David Reardon, diretor do Instituto Elliot, co-editor do livro Vítimas e vitimados: falando sobre gravidez, aborto e crianças frutos de agressões sexuais, e autor do artigo “Estupro, incesto e aborto: olhando além dos mitos”, a maioria das mulheres que engravidam após uma agressão sexual não querem abortar e de fato ficam em pior estado depois de um aborto. http://www.afterabortion.org. Sendo assim, a opinião da maioria das pessoas sobre aborto em casos de estupro é fundamentada em falsas premissas: 1) a vítima de estupro quer abortar; 2) ela vai se sentir melhor depois do aborto; e 3) a vida daquela criança não vale o trabalho que dá para suportar uma gravidez. Eu espero que a minha história e as outras postadas neste site ajudem a acabar com este último mito.

Eu queria poder dizer que minha mãe biológica não queria me abortar, mas de fato ela foi convencida a não fazê-lo. Porém, o aspecto nojento e o palavreado sujo deste segundo abortista clandestino, além do receio por sua própria segurança, levaram-na a recuar. Quando ela lhe contou por telefone que não estava interessada neste acordo arriscado, este homem a insultou e a xingou. Para sua surpresa, ele ligou novamente no dia seguinte para tentar convencê-la a me abortar, e mais uma vez ela não quis prosseguir com o plano e ouviu mais uma série de insultos. Depois disso, ela simplesmente não podia mais prosseguir com essa idéia. Minha mãe biológica já estava entrando no segundo trimestre da gestação, quando seria muito mais perigoso e muito mais caro me abortar.


Sou muito grata por minha vida ter sido poupada, mas muitos cristãos bem intencionados me diziam coisas como “olha, Deus realmente quis que você nascesse!” e outros podem dizer “era mesmo pra você estar aqui”. Mas eu sei que Deus quer que toda criança tenha a mesma oportunidade de nascer e não posso me conformar e simplesmente dizer “bem, pelo menos a minha vida foi poupada”. Ou “eu mereci, veja o que eu fiz com a minha vida”. E as outras milhões de crianças não mereciam? Eu não consigo fazer isso. Você consegue? Você consegue simplesmente ficar aí e dizer “pelo menos eu fui desejado... pelo menos estou vivo...” ou simplesmente “sei lá”? Esse é realmente o tipo de pessoa que você quer ser? De coração frio? Uma aparência de compaixão por fora e coração de pedra e vazio por dentro? Você diz que se importa com os direitos das mulheres, mas não está nem aí pra mim porque eu sou um lembrete de algo que você prefere não encarar e que você detesta que outros se importem? Eu não me encaixo na sua agenda?

Na faculdade de direito eu tinha colegas que me diziam coisas como “se você tivesse sido abortada, não estaria aqui hoje e de qualquer forma não saberia a diferença, então por que se importa?”. Acredite ou não, alguns dos principais filósofos pró-aborto usam esse mesmo tipo de argumento: “O feto não sabe o que o atingiu, então não percebe que perdeu a vida”. Sendo assim, acho que se você esfaquear alguém pelas costas enquanto ele estiver dormindo, tudo bem, porque ele não sabe o que o atingiu?! Eu explicava aos meus colegas como a mesma lógica deles justificaria que eu “matasse você hoje, porque você não estaria aqui amanhã e não saberia a diferença de qualquer forma. Então, por que se importa?”. E eles ficavam com o queixo caído. É incrível o que um pouco de lógica pode fazer, quando você pára para pensar – que é o que devemos fazer numa faculdade de direito – e considera o que nós realmente estamos falando: há vidas que não estão aqui hoje porque foram abortadas. É como o velho ditado: “Se uma árvore cai na floresta e não há ninguém por perto para ouvir, será que faz barulho?”. Bem, sim! E se um bebê é abortado e ninguém fica sabendo, tem importância? A resposta é SIM! A vida dele importa. A minha vida importa. A sua vida importa e não deixe ninguém te dizer o contrário!

O mundo é um lugar diferente porque naquela época era ilegal a minha mãe me abortar. A sua vida é diferente porque ela não pôde me abortar legalmente e porque você está sentado aqui lendo as minhas palavras hoje! Mas você não tem que atrair platéias pra que a sua vida tenha importância. Há coisas que fazem falta a todos nós aqui hoje por causa das gerações que foram abortadas e isso importa.

Umas das melhores coisas que eu aprendi é que o estuprador NÃO é meu criador, como algumas pessoas queriam que eu acreditasse. Meu valor e identidade não são determinados por eu ser o “resultado de um estupro”, mas por ser uma filha de Deus. O Salmo 68, 5-6 declara: “Pai dos órfãos... no seu templo santo Deus habita. Dá o Senhor um lar ao sem-família”. E o Salmo 27, 10 nos diz: “Mesmo se pai e mãe me abandonassem, o Senhor me acolheria”. Eu sei que não há nenhum estigma em ser adotado. O Novo Testamento nos diz que é no espírito de adoção que nós somos chamados a ser filhos de Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. Sendo assim, Ele deve ter pensado na adoção como símbolo do amor dEle por nós!

E o mais importante é que eu aprendi, poderei ensinar aos meus filhos e ensino aos outros que o seu valor não é medido pelas circunstâncias da sua concepção, seus pais, seus irmãos, seu parceiro, sua casa, suas roupas, sua aparência, seu QI, suas notas, seus índices, seu dinheiro, sua profissão, seus sucessos e fracassos ou pelas suas habilidades ou dificuldades. Essas são as mentiras que são perpetuadas na sociedade. De fato, muitos palestrantes motivacionais falam para suas platéias que se elas fizerem algo importante e atingirem certos padrões sociais, então elas também poderão “ser alguém”. Mas o fato é que ninguém conseguiria atingir todos esses padrões ridículos e muitas pessoas falhariam. Isso significa que elas não são “alguém” ou que elas são “ninguém”? A verdade é que você não tem que provar o seu valor a ninguém e se você quiser realmente saber qual é o seu valor, tudo o que precisa fazer é olhar para a Cruz, pois este é o preço que foi pago pela sua vida! Esse é o valor infinito que Deus colocou na sua vida! Para Ele você vale muito e para mim também. Que tal se juntar a mim para também proclamar o valor dos outros com palavras e ações?

Para aqueles que dizem “bem, eu não acredito em Deus e não acredito na Bíblia, então sou a favor da livre escolha de abortar ou não”, por favor, leia meu artigo “O direito da criança de não ser injustamente morta – uma abordagem da filosofia do direito”. Eu garanto que valerá o seu tempo.

Pela vida,
Rebecca

O embrião que virou ministro

Republico abaixo um texto muito interessante disponibilizado originalmente no site do Apostolado Sociedade Católica. O autor é carlos Caetano. (Veja a citação completa ao final do Post).

"Vida humana é o fenômeno que transcorre entre o nascimento e a morte cerebral", pontificou o ilustre Ministro Ayres Brito, do STF, que, segundo reportagem do jornal Correio Braziliense de 06/03/08, é admirador do cantor nordestino Tom Zé, da cantora pop Ana Carolina, de Aristóteles e de Pontes de Miranda, os quais ele costuma citar nos julgamentos.

Posso concluir então que quando o notável Ministro se encontrava no ventre materno, mesmo pouco antes de nascer, não tinha vida humana. E que espécie de vida tinha ele então? Seria uma vida de peixe, já que nadava com desenvoltura no líquido amniótico? Mas sendo mamífero, não podia ser peixe. Talvez um golfinho? Não. Acho que no Nordeste, terra natal do Ministro, não existe golfinho.

Alguma forma de vida ele tinha, porque, afinal, respirava, se alimentava, crescia. A atividade cerebral não era ainda tão desenvolvida a ponto de meditar nas máximas filosófico-jurídicas de Tom Zé e Ana Carolina, mas já existia. De que bicho seria a vida pré-natal do Ministro? Difícil responder. Sei que no Nordeste existe muito jumento, mas nem por isso diria que o Ministro levava uma vida, digamos, jumental. Isso não.

Ignoro que raio de vida tinha o Ministro enquanto embrião ou feto no útero materno. Só sei que tartaruga ele não era, porque das tartarugas é expressamente proibido manipular e destruir os ovos. É que os embriões tartarugais têm vida tartarugal e são protegidos pelas leis ambientais. Leis que o douto Ministro certamente admite constitucionais. Pensem: embrião tartarugal tem vida tartarugal, mas embrião humano não tem vida humana. Não entenderam? Nem eu. Como lembrou o jurista Ives Gandra no julgamento, a lei que proíbe destruir embrião de tartaruga é constitucional. Já a lei natural que proíbe destruir embrião humano é inconstitucional. Constitucional, para o Ministro, é só a lei positiva do PT que permite manipulá-los como cobaias e destruí-los depois.

A propósito, de acordo com o mesmo Correio Braziliense, quando foi nomeado para o STF, Ayres Brito era "petista de carteirinha". Será que ele rasgou sua carteirinha depois de tantos escândalos patrocinados pelo partido mais ético do Brasil?


Segundo a matéria do Correio, além do insuperável geneticista Tom Zé, o Ministro também costuma citar Aristóteles, o maior filósofo da antiguidade.

Mas se o Ministro estudou Aristóteles, deve saber algo sobre substância/acidente, ato/potência e causa/efeito, que são características de todos os seres criados. Por exemplo, estar no útero ou fora dele é acidente que não modifica a substância do ser. Se a substância era humana dentro do útero, continuará sendo humana fora do útero. O lugar que o ser ocupa é só acidental e não altera sua natureza.

O ato é a realização de uma potência. Ayres Brito estava todo inteiro no ventre materno com uma vida qualquer em ato, mas tinha potência para virar ministro. Bastava crescer, estudar e ser escolhido pelo Lula. Como ninguém destruiu aquele embrião, o movimento ocorreu, a potência virou ato, o embrião virou ministro. Agora, se um cientista maluco daquele tempo tivesse destruído aquele embrião, alegando que aquilo não era vida humana, nada disso teria ocorrido. Pois, anulada a potência, o ato fica anulado. Da mesma forma que, supressa uma causa eficiente qualquer, o efeito não se concretiza. Era assim que ensinava Aristóteles. Quem sabe Tom Zé pensa diferente…

Que maravilha para nós, então, que ninguém destruiu aquele embrião, pois agora os julgamentos do STF são abrilhantados com a sabedoria poética de cantores nordestinos de permeio com elucubrações peripatéticas.

Vejamos outros exemplos da exuberante erudição genético-filosófico-jurídica do "ministro-poeta", como é conhecido Ayres Brito nos meios forenses.

"Não é a interrupção de uma gravidez humana. Não há mulher que engravide por controle remoto". Ufa! Que alívio. Agora já posso mudar de canal usando o aparelhinho sem ter que responder a uma ação de paternidade.

"Ninguém afirma que a semente já é planta ou que a crisálida já é borboleta". Não é bem assim. A semente é a planta em potência. Destrua a semente e veja se nasce a planta. Destrua a crisálida e não haverá o vôo colorido da borboleta. Destrua o embrião e não haverá ministro para o próximo julgamento. O do Supremo Tribunal, claro. Porque o do Supremo Deus virá. Às vezes demora um pouco. Mas que vem, vem.


"Uma andorinha só não faz verão". Essa é tão inédita que confesso não ter capacidade para respondê-la à altura. Ainda bem que o próprio jornal se encarregou de explicar sua hermenêutica profunda. E a explicação do Correio é que "o zigoto do embrião congelado ainda não forma, sozinho, um ser humano porque falta estar no útero. 'O zigoto sozinho não caminha no sentido da hominização'". Ah, entendi. Uma andorinha precisa de outras para fazer verão assim como o zigoto precisa de condições adequadas para sobreviver. E a primeira condição é estar acoplado ao útero materno. Quem não tem meios de se desenvolver sozinho não merece a proteção do Estado.

Então, se eu encontrar um recém-nascido abandonado (coisa comum nesses tempos neopagãos), vendo que ele não pode se desenvolver sozinho naquelas condições, concluo que posso manipulá-lo como cobaia e depois destruí-lo. E se a polícia vier me estorvar eu respondo: "Alto lá, seu polícia, uma andorinha só não faz verão".

Ao dizer o absurdo destacado na primeira frase, o ministro antecipa que para ele o aborto não é crime. Pois o aborto só está no Código Penal – no capítulo dos crimes contra a vida, diga-se de passagem – porque até então se acreditava que o produto da concepção era a vida humana em fase uterina, coisa que o direito e o bom senso mandam proteger.

De hoje em diante aconselho as mulheres grávidas a dizerem, em caso de perigo, que o que trazem no ventre não é o próprio filho, mas ovos de tartaruga.

Brasília, 07 de março de 2008.

* O autor é o resultado de um embrião egoísta que, graças a Deus, não foi transformado em célula-tronco capaz de curar todas as doenças e resolver todos os problemas da Medicina."

CAETANO, Carlos. Apostolado Sociedade Católica: O Embrião que Virou Ministro. Disponível em: http://www.sociedadecatolica.com.br/modules/smartsection/item.php?itemid=164 Desde 14/03/08

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

História da Salvação - Reis - 6ª Parte - Destruição do Reino de Israel

Monte Garizim


O rei Jeroboão II de Israel morreu por volta de 750 a.C. e seu filho Zacarias o sucedeu no trono. Entretanto, o reinado de Zacarias durou somente seis meses, tendo ele sido assassinado por Salum, que então ocupou o trono. Um mês depois, este foi assassinado por Manaém o qual permaneceu no trono durante cerca de dez anos. O acontecimento mais marcante de seu governo foi o episódio da revolta ocorrida na cidade de Tersa. Ele conseguiu suprimir a revolta, ao fim da qual matou todos os homens da cidade e deu ordens para rasgar o ventre de todas as mulheres então grávidas. Em seu reinado, o rei assírio Teglat-Falasar III invadiu as terras de Israel e impôs-lhe um pesado tributo de mil talentos de prata. Após sua morte, seu filho Facéias o sucedeu no trono de Israel e reinou durante dois anos, entre 738 a.C. e 736 a.C.

Facéias foi assassinado dentro do palácio real em Samaria por um de seus oficiais, chamado Faceia (filho de Romelias), também chamado de Peca, o qual assumiu o trono. Facéia reinou durante dois anos, tendo sido assassinado por Oséias, que se apossou do trono. Durante o governo de Faceia houve a chamada Guerra siro-efraimita, a qual foi uma coalizão entre o Reino de Israel e o Reino de Aram. Nessa guerra, o rei Rason de Aram e o rei Facéia se aliaram para enfrentar o avanço das forças da Assíria. Eles convidaram o rei Joatão de Judá para participar dessa coalizão, o qual recusou e manteve-se numa posição de neutralidade.

Oséias foi o décimo nono e também o último rei de Israel. Seu reinado durou nove anos, ao fim dos quais ele viu seu reino sendo conquistado por Sargão II, general de Salmanasar IV, rei da Assíria. Uma grande parte dos hebreus que viviam em Israel foram deportados para a Assíria e para a Média. Segundo uma inscrição, foram deportados 27.290 habitantes da Samaria para a Assíria.

A cidade de Samaria foi destruída após um cerco que durou cerca de três anos e, então, o Reino de Israel deixou de existir. Durante o cerco, os habitantes da cidade sofreram de maneira horrível tanto privações físicas quanto psicológicas. O profeta Oséias, que viveu em Israel naquela mesma época, descreveu os sofrimentos pelos quais o povo passou e o profeta Miquéias afirma que a cidade fora reduzida a um amontoado de pedras. Suas terras tornaram-se um lugar de completa desolação. Tudo isso aconteceu no ano 722 a.C.

Enquanto os hebreus estavam exilados, as terras do reino do norte foram povoadas por estrangeiros retirados de Babilônia, de Cuta e de outras regiões do império assírio. Com o passar do tempo, os cutitas reconstruíram em parte a cidade de Samaria. Mais tarde, quando os hebreus voltaram do exílio, muitos se estabeleceram lá novamente, misturando-se com os povos estrangeiros e pagãos que lá habitavam. Contudo, permaneceram monoteístas.

A questão dos estrangeiros terem povoado a Samaria e se misturado aos hebreus deu origem a um sentimento de desprezo que os hebreus de Judá tinham aos habitantes de Israel que permaneceria por séculos a fio. No tempo de Jesus, os judeus evitavam até mesmo passar dentro das terras dos samaritanos e também evitavam qualquer contato com eles. Atualmente, os samaritanos vivem numa pequena comunidade no Monte Garizim, formada por cerca de trezentas pessoas e, anualmente, celebram a Páscoa segundo os antigos ritos. Eles reconhecem como canônicos somente os livros que formam o Pentateuco.

Samaria foi uma cidade grande e luxuosa, muito semelhante a Jerusalém. Ao longo dos tempos, os reis de Israel construíram muitas obras que a tornaram uma cidade muito bela e poderosa. O profeta Amós relata que ela era uma cidade de luxo e efeminação. Além disso, ela sempre foi uma cidade conhecida, e ainda hoje lembrada, como o local de culto ao deus pagão Baal. Por outro lado, também foi o lugar onde o profeta Eliseu exerceu o seu ministério.

Muitos levitas, com a destruição do reino do norte, foram para Jerusalém levando consigo suas experiências e sua teologia, tendo eles sido bem recebidos pelo rei Ezequias. O livro que, mais tarde, seria encontrado no Templo de Jerusalém durante uma reforma, teve sua origem no Reino de Israel e foi levado por eles. Este livro é constituído pelos atuais capítulos 12 a 26 do livro do Deuteronômio.

A destruição do Reino de Israel foi anunciada pelos profetas, os quais lutaram incansavelmente pela conversão do povo. O culto aos deuses pagãos, a violência dos governantes e a exploração do povo foram constantemente denunciadas pelos profetas, que não temeram nem reis nem rainhas e jamais silenciaram a voz diante dos opressores.

Todo pecado traz conseqüências terríveis e a destruição de Samaria deve ser vista como um fim inevitável para os atos de seus governantes. A história dos reis do reino do norte foi marcada por assassinatos, guerras e muito derramamento de sangue. Reis violentos que promoviam a adoração de deuses pagãos e não ouviam a palavra de Deus anunciada pelos profetas foi uma constante na história do Reino de Israel. A justiça foi deixada de lado enquanto Javé era esquecido... E o preço por essas duas atitudes foi o completo aniquilamento.

Nilson Antônio da Silva

sábado, 10 de janeiro de 2009

Conheça a Igreja XVII: A Pastoral da Criança



A Pastoral da Criança é uma das mais conhecidas pastorais da Igreja, sendo muitas vezes confundida com uma organização não-governamental. Ela atua sobretudo junto a famílias carentes (sem qualquer tipo de distinção, mesmo de religião), desenvolvendo ações de educação, saúde, nutrição e espiritualidade, enfocando as crianças até seis anos de idade.

Geralmente, os líderes da pastoral visitam as famílias acompanhadas e as orientam sobre o desenvolvimento da criança, ensinando os diversos tipos de cuidados necessários para que ela tenha uma crescimento saudável. Também são promovidas atividades educacionais e de lazer, além de projetos de capacitação para que as famílias atendidas possam se autossustentar.

O trabalho da Pastoral da Criança começou em 1982, em Florestópolis, no Paraná. Na época, o secretário do Unicef sugeriu ao então arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, que a Igreja brasileira desenvolvesse uma campanha para combater a mortalidade infantil. O arcebispo gostou da idéia e a repassou à sua irmã, a médica sanitarista Zilda Arns, que decidiu promover a campanha, a qual acabou tomando a forma de uma pastoral na diocese de Londrina, então comandada por Dom Geraldo Magela Agnello (atual cardeal arcebispo de Salvador). Segundo informações da própria pastoral, em 1982, a mortalidade infantil em Florestópolis era de 127 crianças por mil. Após apenas um ano de atividades, o índice caiu para 28 por mil.

Daí em diante, a pastoral cresceu e atualmente são mais de 261 mil voluntários em todo o Brasil acompanhando mais de 1 milhão e 800 mil crianças e 95 mil gestantes em mais de 4 mil municípios. Em 200 foram realizadas 21,3 milhões de visitas domiciliares.

Embora a mortalidade infantil no Brasil ainda seja alta (em torno de 34 crianças por mil a cada ano), ela vem caindo nas últimas décadas. O próprio Uncef aponta a ação da Pastoral da Criança como uma das principais razões dessa queda.

Para saber mais sobre as ações desenvolvidas pela Pastoral da Criança, clique aqui.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Casas do Senhor XVI: Catedral de São José em Asmará, Eritréia

Foto de Ngari.Norway (Flickr)

Os católicos na Eritréia e na Etiópia seguem o chamado Rito Oriental Etíope. Em Asmará, capital da Eritréia, país que se separou da Etiópia nos anos 90, fica a Catedral de São José, construída nos anos 20 do século passado, quando a região estava sob domínio italiano.

A torre mais alta da catedral tem 57 metros de altura. O estilo arquitetônico é romanesco, mas há também algumas características góticas na construção.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Não tem pecado nem santo em dicionário escolar inglês

A Agência ACI Digital noticiou, com base em matéria do jornal inglês Daily Telegraph, que o dicionário Oxford (o Aurélio deles), em sua versão escolar, excluiu de sua edição mais recente várias palavras relativas ao cristianismo. Entre as palavras excluídas, estão, vejam só,"santo" e "pecado".

Segundo o Daily Telegraph, a pessoa responsável pelo dicionário, Vineeta Gupta, argumentou que "o ambiente variou. Somos muito mais multiculturais. A gente não vai tanto às igrejas como antes". Em outras palavras, para ela, a religião não faz parte da vida das pessoas e, assim, pode ser riscada também do vocabulário.

Será que para ela já não existe pecado ao norte do Equador?

Bom, os dicionários não explicam o que é santo ou o que é pecado, mas eles estão bem antenados com os dias atuais, pois, entre as palavras incluídas, estão "celebridade" e "voicemail".

Acho que se certas palavras foram riscadas, é porque elas não estão aparecendo tanto na fala comum das pessoas e porque conhecer determinados conceitos já não é mais considerado relevante. Pecado e santo tornam-se, assim, oficialmente, coisas antiquadas. Há que se pensar também que há algo de muito errado com a religião de uma sociedade que acha não ser importante informar às suas crianças o que é um santo e o que é pecado. De toda forma, o Oxford apenas reflete uma tendência da sociedade: a da secularização absoluta.

Veja a notícia do ACI Digital (em português) e no Daily Telegraph (em inglês, com a relação de todas as palavras excluídas e das palavras incluídas).

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Os Anjos Em Nossa Vida


Deus sempre está presente na vida das pessoas que confiam em sua misericórdia e se entregam em suas mãos. Ele nunca deixa seus filhos sozinhos e abandonados, principalmente nos momentos em que passam por dificuldades e dores no corpo e na alma. Deus se faz presente dando serenidade ao coração e consolo e esperança à alma. E, ainda, se faz presente enviando pessoas que possam caminhar conosco e estar ao nosso lado nos tempos difíceis.

As pessoas que o Senhor envia são como anjos que passam a estar conosco e, caminhando ao nosso lado, são sustentação para nosso corpo cansado e coragem para nosso coração abatido. Surgem em nossa vida, ficam conosco e não sabemos de onde vieram e nem porque apareceram. Então, de repente e com a mesma discrição com que apareceram, vão-se embora e seguem sua vida. Chegam sem fazer o menor ruído e se vão sem fazer barulho. Porém, enquanto estão ao nosso lado, são como um invencível exército em nossa defesa.

Às vezes, escutam nossos lamentos com atenção e, mesmo que talvez nem compreendam o que dizemos, estão ali à nossa disposição. A disponibilidade que demonstram em nos ouvir, sem cobranças e sem críticas, é imensa e sem igual! São os ouvidos de Deus a nos escutar! Nem é preciso que falem ou nos aconselhem, pois basta que nos escutem.

Outras vezes, fazem tudo para nos proporcionar alegria e bem-estar. Com cuidado, semeiam em nosso coração esperança e serenidade. Persistentes, plantam em nossa face ao menos um pequeno e frágil sorriso.

Um belo dia, quando tudo começa a ficar melhor e as feridas começam a ser cicatrizadas, tranqüilamente estes anjos de Deus vão se distanciando. Assim, tendo pois cumprido a missão que o Senhor lhes confiara, voltam a viver suas vidas e deixam gravada em nosso peito a marca indelével de sua passagem e presença em nossa vida.

Deus, que dispõe todas as coisas para o nosso bem, age sem cessar para que a nossa vida seja plena e feliz. Portanto, é mais do que necessário que façamos de nossa vida um louvor agradável e sincero ao nosso Senhor e Deus. O amor de Deus para conosco é incondicional e, assim, seja a nossa vida um ato de entrega e de amor verdadeiro a Deus.

Da mesma maneira como os anjos louvam e adoram a Deus dia e noite, devemos também nós louvar e adorar ao nosso Criador e Senhor em todos os momentos de nossa vida.

Nilson Antônio da Silva

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

História da Salvação - Reis - 5ª Parte


O oitavo século antes da era cristã foi profundamente marcante na história da humanidade, ainda que muitos dos acontecimentos que se deram naqueles anos realmente só tivessem suas conseqüências manifestadas nos séculos seguintes.

Foi naquele século que, em 722 a.C., foi fundada a cidade de Roma. Nos séculos que se seguiriam, seu poder aumentaria de tal forma que, durante cerca de mil anos, ela comandaria o mundo então conhecido e seus domínios alcançariam terras da Europa, da Ásia e da África.

Foi ainda no oitavo século antes de Cristo que grande parte dos livros que compõem o Antigo Testamento foi redigida ou então compilada. Naquela época também muitos profetas exerceram suas atividades tanto em Israel quanto em Judá.

Entre os anos de 800 a.C. e 700 a.C., tanto a Assíria quanto a Babilônia viveram seu apogeu militar e político, sendo que ambas estenderam seus domínios por extensas regiões do Oriente Médio. Os assírios chegaram inclusive a invadir e dominar Babilônia durante algum tempo.

A Grécia, enquanto realizava seus primeiros jogos olímpicos, ia fundando cidades-colônias pelas margens do Mar Mediterrâneo. Conforme a tradição, foi ainda nessa época que
Homero viveu e escreveu os versos da Ilíada.

No Egito o poder caiu nas mãos de governantes oriundos da Líbia e, mais tarde, a parte sul do país caiu nas mãos de príncipes núbios. Embora não existam muitos registros, ao que tudo indica foi uma época de instabilidade política nas terras dos faraós.

Enquanto isso, nas terras do Extremo Oriente, durante a época do feudalismo na China, naquele país foi desenvolvida a tecnologia de obtenção do ferro. Nas ilhas vizinhas que dariam origem ao Japão, os nativos escolheram seus primeiros imperadores.

Finalmente, foi no século oitavo antes da era cristã que os profetas Isaías e Miquéias profetizaram nas terras de Judá, enquanto nas terras de Israel atuavam Amós e Oséias.

Nilson Antônio da Silva

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

"Glória A Deus Nas Alturas!"


Nos dias quentes de verão, é comum se formarem tempestades furiosas e devastadoras. O céu se torna negro, nuvens pesadas se ajuntam ameaçando a terra, ventos incontroláveis querem arrancar as árvores do chão e, então, relâmpagos riscam o firmamento e os trovões ribombam ensurdecedores sobre as serras. É um espetáculo terrível e belo, em que a natureza mostra sua força e sua beleza. A terra inteira - plantas e animais e gente!, encolhe-se e se esconde do furor que os ameaça e que pode destruí-los. Quem pode resistir a uma tempestade? Quem pode enfrentar uma tempestade imensa? Quem tem poder de dominar e vencer uma tempestade?

Porém, uma tempestade assim não é motivo de medo, mas sim de alegria e de admiração. Ora, certa vez Jesus foi despertado pelos discípulos que, apavorados em meio a uma tempestade, pediam que o Senhor os salvasse. Então, Jesus ordenou que os ventos parassem e a tormenta foi desfeita.

Jesus, nosso Deus e Senhor, tem poder de acalmar o mar e destruir tempestades. Ele ordena e tudo obedece à vontade Dele porque Ele é Deus e Senhor de tudo. Quando cremos em Deus e confiamos em seu amor, nossa vida está segura. Jesus, que serena a mais terrível e furiosa tempestade, guarda nossa vida com ternura e carinho.Os discípulos nada podiam fazer diante daquele mar tempestuoso e sabiam que suas vidas corriam grande perigo. Por isso, recorreram a Jesus para que os salvasse e eles contemplaram o poder do Senhor que domina as tempestades.

Um outro detalhe que chama a atenção é o fato que, tendo o Senhor acalmado a tempestade, eles se jogaram de joelhos diante de Jesus dizendo que Ele se afastasse deles pois eram pecadores. Ou seja, eles reconheceram sua insignificância humana e sua humildade diante do poder de Deus. Eles compreenderam que Jesus é o Senhor e Deus. E isto causou-lhes temor e respeito, pois reconheceram que se encontravam diante de quem está acima de todas as coisas e a quem tudo está submetido.

Deus se fez homem e, ao assumir nossa humilde condição humana, demonstrou todo o seu amor incondicional pela humanidade.

Ele, diante de quem o universo inteiro, o céu e a terra, se prostram em adoração, fez-se carne no ventre da mais santa e bendita mulher para que os filhos de Adão e Eva fossem arrancados do pó da terra e pudessem novamente viver no paraíso e contemplar a Deus face a face.

Nilson Antônio da Silva
"O que pode temer o filho nos braços do Pai?"

São Pio de Pietrelcina