quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Pedradas da Vida

Adapto este post do Daniel Souza's Blog:


Isaías 53:

Ele cresceu diante dele como um pobre rebento, como raiz em terra árida; não tinha graça nem beleza para atrair nossos olhares, e seu aspecto não podia seduzir-nos. Era desprezado e abandonado pelos homens, homem sujeito à dor, experimentado nos sofrimentos; como pessoa de quem todos escondem o rosto, era desprezado, e não fazíamos caso dele.

Em verdade, ele tomou sobre si nossas enfermidades, e carregou os nossos sofrimentos: e nós o reputávamos como um castigado, ferido por Deus e humilhado.

Mas ele foi trespassado por causa de nossos crimes, e esmagado por causa de nossas iniqüidades; o castigo que nos salva pesou sobre ele; fomos curados graças às suas chagas.

Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, seguíamos cada qual nosso caminho; mas o Senhor fez recair sobre ele a iniqüidade de todos nós.

Foi maltratado, mas livremente humilhou-se e não abriu a boca, como um cordeiro que se conduz ao matadouro; como uma ovelha muda nas mãos do tosquiador, ele não abriu a boca.

(...)

Mas aprouve ao Senhor esmagá-lo pelo sofrimento; mas se ele oferece sua vida em sacrifício expiatório, terá uma posteridade duradoura, prolongará seus dias, e por meio dele o desígnio de Deus triunfará.

Após suportar em sua pessoa os tormentos, alegrar-se-á de conhecê-lo até o enlevo. O Justo, meu Servo, justificará muitos homens, e tomará sobre si suas iniqüidades.

Eis por que lhe darei parte com os grandes, e ele dividirá a presa com os poderosos: porque ele próprio deu sua vida, e deixou-se colocar entre os criminosos, tomando sobre si os pecados de muitos homens, e intercedendo pelos culpados.


quarta-feira, 29 de outubro de 2008

"Jesus Começou A Chorar"


Quando eu ainda estudava, certa vez uma professora disse à classe que, entre amigo e colega, há uma enorme diferença e que, muitas vezes, acabamos vendo um amigo em quem é apenas colega, enquanto desprezamos o verdadeiro amigo. Ela estava certa!Colegas são ótimos para fazer farra, sair e divertir. Colegas são divertidos, estão presentes o tempo todo, não incomodam! Colegas, temos muitos e muitos arranjamos todos os dias! Os amigos, porém, são complicados, nem sempre estão presentes, necessitam de compreensão, precisam incomodar-nos para que lhes digamos palavras de conforto. Temos que perder nosso precioso tempo em ouvir suas dores e mágoas enquanto poderíamos nos divertir estando com nossos colegas tão vazios e fúteis! Os amigos tanto confiam em nós que em nossas mãos põem seu coração para cuidarmos, desnudam sua alma diante de nossos olhos e repousam sua cabeça cansada em nosso ombro. E, ainda assim, não são valorizados por nós! Preferimos os colegas fúteis e vazios aos amigos sinceros e bons! Talvez seja porque colegas fúteis e vazios não são capazes de nos ferir e nem são por nós feridos. Já os amigos, precisamos perdoar e também pedir-lhes perdão. Nós os ferimos e eles nos ferem, ainda que sem intenção. Nós os magoamos, mesmo sabendo que são poucos e nem todo dia arranjamos outros novos!

Reparar um erro é difícil, reconstruir uma amizade é difícil, agüentar a dor de um arrependimento é difícil. É difícil encarar a verdade quando esta desmascara uma mentira! É difícil encarar a verdade quando esta nos mostra as coisas como realmente são e nos põe no caminho certo!

Nilson Antônio da Silva

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Conheça a Igreja XIV: O Opus Dei

O Opus Dei ("Obra de Deus") é hoje um dos mais importantes movimentos eclesiais e, talvez por isso, alvo preferencial de inúmeras campanhas difamatórias contra a Igreja. Muito se fala hoje sobre o Opus Dei, mas, infelizmente, muito pouco se esclarece. "Ultraconservador" é a palavra usada com maior freqüência para descrever o movimento. Vejamos agora algumas informações.

A Prelazia da Santa Cruz e Opus Dei - ou, simplesmente, o Opus Dei - foi fundada em 1928 na Espanha por São Josemaría Escrivá. Sua característica fundamental - o seu carisma - é o entendimento de que o Evangelho deve ser vivido no dia-a-dia, nas circunstâncias mais corriqueiras da vida, como o trabalho, os estudos, a convivência social e familiar, sem que seja obrigatoriamente necessário o isolamento em relação ao mundo. O próprio Opus Dei afirma que "
Sua missão consiste em difundir a mensagem de que o trabalho e as circunstâncias do dia-a-dia são ocasião de encontro com Deus, de serviço aos outros e de melhora da sociedade."

O Opus Dei é uma prelazia pessoal - a única atualmente existente. A figura da prelazia pessoal foi criada pelo Concílio do Vaticano II e consiste numa espécie de diocese sem circunscrição territorial, comandada por um prelado. Isso significa que os sacerdotes do Opus Dei devem obediência diretamente ao prelado do Opus Dei e não ao bispo da diocese em que trabalham. Mas é bom lembrar que um padre do Opus Dei só pode trabalhar numa diocese com a autorização do bispo local.

Atualmente, o Opus Dei é composto por aproximadamente 85 mil pessoas em todo o mundo, entre homens e mulheres. Desse total, apenas dois mil são sacerdotes. O restante são os chamados "adscritos", "numerários" e "supernumerários". Os adscritos são pesoas que decidem dedicar sua vida a servir a Deus por meio do Opus Dei, fazendo voto de castidade, mas sem abandonar suas famílias e suas profissões. Já os numerários também fazem voto de celibato, mas vivem nos centros do Opus Dei, ficando disponíveis o tempo todo para servir. É importante ressaltar: nem adscritos nem numerários são monges. Apesar de viverem também uma vida de oração, sua adesão é diferente. Por exemplo, não usam hábito, nem seguem uma regra específica (como a regra de São Bento, ou a Regra de São Francisco).

Mas, na verdade, cerca de 70% do membros do Opus Dei são supernumerários: homens e mulheres casados que buscam, por meio do Opus Dei a santificação de seus lares.

Há ainda os cooperadores (ou colaboradores) e os padres da Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz, que não estão contados entre os 85 mil membros da Opus Dei. Cooperadores são leigos que, sem se incorporarem à Prelazia, ajudam em atividades assistenciais, de promoção social, cultural e participam de atividades de formação espiritual, como retiros, convívios, etc. Existem até não-cristãos entre os colaboradores do Opus Dei.

Já a Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz é composta por sacerdotes integrantes da prelazia e por membros do clero diocesano (ou seja, que não são do Opus Dei). Atualmente, é composta por cerca de 4 mil sacerdotes em todo o mundo. Os sacerdotes diocesanos que integram a sociedade continuam subordinados ao seu bispo e não ao prelado, mas buscam no Opus Dei (assim como os cooperadores leigos) ajuda para sua formação espiritual.

O fiel da Opus Dei - seja sacerdote da prelazia, adscrito, numerário, supernumerário, colaborador ou membro da Sociedade Sacerdotal da Santa Cruz - busca no Opus Dei um caminho para a própria santificação e compromete-se a fazer do seu trabalho, da sua profissão, do seu dia-a-dia, meios de evangelização. A "santificação do trabalho" é um dos princípios fundamentais da espiritualidade da Prelazia. "Buscar a santidade no trabalho significa esforçar-se para realizá-lo bem, com competência profissional e com sentido cristão, ou seja, por amor a Deus e para servir os homens. Assim, o trabalho cotidiano converte-se em lugar de encontro com Cristo."

Para saber mais sobre o Opus Dei:

Site Oficial
Para saber sobre o cilício e as mortificações corporais
Dúvidas gerais: esclarecedor tópico no Orkut sobre o Opus Dei
Editora Quadrante - excelente editora ligada ao Opus Dei

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

História da Salvação - Davi


Davi, o mais novo dos oito filhos de Jessé, foi ungido por Samuel para ser o rei de Israel, conforme Deus ordenara ao profeta. Jessé era um homem de vida simples e, portanto, Davi teve uma origem humilde. Conforme narram as Sagradas Escrituras, ele possuía um semblante formoso, tinha cabelos ruivos e era muito gentil. Na língua hebraica, seu nome significa “amado”, “querido”.

Após a unção, Davi foi viver na corte de Saul, exercendo a função de músico. Ele era um hábil tocador de harpa e, assim, foi chamado para suavizar a melancolia que devorava o rei hebreu. Durante uma disputa com os filisteus, Davi conseguiu matar o maior soldado daquele povo usando apenas uma atiradeira. Depois deste acontecimento, ele foi colocado na liderança de várias expedições militares, das quais sempre retornava vitorioso. Jônatas, o provável herdeiro do trono, e Davi se tornaram grandes amigos, o que foi fundamental para que, mais tarde, este último conseguisse o apoio necessário para se tornar o rei de todo o povo de Deus.

Com o passar do tempo, começou a surgir inimizade entre Saul e Davi, sendo que ele acabou sendo expulso da corte e passou a ser perseguido pelo rei. Enquanto isso, Saul entrou em franca decadência e, após sua morte, Davi conseguiu se tornar rei de fato.

Ele passou a governar a tribo de Judá e Isboset, que era filho de Saul, governou as outras tribos pelo curto período de dois anos. Este havia sido proclamado rei de Israel por Abner, o capitão do exército de Saul. Durante esse tempo em que os dois estavam reinando em Israel, o povo se viu mergulhado numa verdadeira guerra civil, a qual só terminou após diversas batalhas e manobras políticas, cujo fim realmente se efetivou com a morte de Isboset. Então, Davi foi escolhido para governar todo o Israel.

Inicialmente, ele teve de enfrentar as constantes invasões dos filisteus e ainda conseguir o reconhecimento e apoio de todas as tribos de Israel. Ele conseguiu unificar, a pedido do povo e através de seu consentimento e sem imposição, todas as tribos sob seu governo. Depois disso, ele fez uma aliança com os sacerdotes de Jerusalém e fez dela a capital de Israel, que anteriormente era a cidade de Hebron. É interessante notar que Jerusalém ainda não pertencia a Israel, portanto sua escolha evitou possíveis ciúmes entre as tribos.

Por esse tempo, Davi começou a consolidar o reino de Israel e a conquistar ainda mais as terras dos filisteus, encurralando este povo cada vez mais junto à costa do Mar Mediterrâneo. Já em idade avançada, Davi quis construir um templo para o Senhor em Jerusalém, cidade para a qual ele já havia levado a Arca da Aliança. Porém, este templo seria construído por Salomão, seu filho e sucessor.

Davi governou Israel por quarenta anos. Ele é considerado o rei ideal, ou seja, aquele que obedece a Deus e serve ao povo. Sem dúvida, foi um político hábil, que conseguiu a simpatia do povo, estando ao seu lado para protegê-lo, defendê-lo e guiá-lo. A história vê em Davi o modelo da autoridade política justa.

Além disso, ele foi um grande poeta, tendo escrito vários salmos, e foi também de uma grande popularidade em seu tempo e durante os séculos que se seguiram. Quando se lê a sua história, é possível observar o quanto ele fez de coisas boas e também o quanto aprontou com atos nada éticos e muito menos heróicos. Sua vida foi marcada por incidentes dos mais inimagináveis possíveis, numa surpreendente sucessão de contradições de comportamento difícil de entender pelos nossos padrões sociais. Nele podiam se encontrar paixão e altivez, generosidade e ternura, determinação e coragem e, tudo isto, numa mistura que parece à primeira vista das mais explosivas. Entretanto, foi desta complexidade que brotaram as qualidades de estadista, soldado, poeta, sacerdote, profeta e rei.

Na história de sua vida podemos ver claramente o desenrolar da aventura humana, ou seja, todas as fraquezas e forças que permeiam a nossa vida, com seus momentos de alegria, dor, fidelidade e queda. Seu nome é citado em vários livros da Bíblia mas, para conhecer melhor sua história, é só ler os livros de Samuel, os quais narram detalhadamente o período de transição do modelo de governo tribal para o governo monárquico.

Finalmente, é preciso ressaltar que o ponto mais importante de sua história é a profecia de Natã, onde o profeta anuncia que o trono de Jerusalém sempre será ocupado por um messias (rei ungido) da família de Davi. Esta profecia teve seu pleno cumprimento em Jesus, o Messias. Os Evangelhos, ao apresentarem Jesus como descendente de Davi, mostram que ele é o Messias esperado, que veio ao mundo para reunir todos os homens e levá-los à vida plena e eterna.

Nilson Antônio da Silva

O Plano de Deus

Nossas crenças nos permitem adequar as mais diversas situações a nossa história de vida. Nosso conhecimento permite que tomemos as decisões mais complexas sem muitas vezes nos atermos à idéia de que Deus, como pai amoroso, possui para cada um de nós um plano de Amor.

É lindo pensar que Deus traçou um projeto de vida para cada ser humano.

Acreditar no Plano de Deus não impede que você tenha liberdade. Somos livres, mas se acreditarmos no Plano de Deus, nossas decisões e posicionamentos serão sempre pautados no objetivo de fazer aquilo que acreditamos ser melhor para nós dentro do Plano.
Quem não tem fé no Plano, acredita na "sorte", na "força interior", na "própria capacidade".

Quem tem fé acredita no Plano, na misericórdia Divina, no livre-arbítrio amparado pela fé, no esforço continuo e na capacidade como meios eficazes de contribuir para efetivação do Plano.
Todos nós somos parte do Plano de Deus, mas falta coragem para aceitar.

Me lembro de uma oração muito linda de quando eu era criança, se chama oração do abandono:

Meu Pai,
Eu me abandono a Ti,
Faz de mim o que quiseres.
O que fizeres de mim,
Eu Te agradeço.

Estou pronto para tudo, aceito tudo.
Desde que a Tua vontade se faça em mim
E em tudo o que Tu criastes,
Nada mais quero, meu Deus.

Nas Tuas mãos entrego a minha vida.
Eu Te a dou, meu Deus,
Com todo o amor do meu coração,
Porque Te amo
E é para mim uma necessidade de amor dar-me,
Entregar-me nas Tuas mãos sem medida
Com uma confiança infinita
Porque Tu és...
Meu Pai!

Hoje fico pensando em como são fortes estas palavras. Uma simples oração ensinada para uma criança, afirmar aceito tudo, estou pronta para tudo, não é fácil. Como é difícil ser forte, como é difícil tentar ser melhor. Mas é por acreditar no Plano de Deus que nos tornamos fortes e tentamos ser Santos.

Que Deus nos ajude a caminhar e que seu Plano de Amor se concretize em nossas vidas e em nossos corações.

sábado, 25 de outubro de 2008

Ah, Cristo...

Ah, Cristo... Como é difícil permitir-te ser o centro da minha vida, mas como é boa essa luta, como é bom abrir-te a porta, como é bom pensar em Ti e receber-te no Pão!

Penso nas vezes em que te entristeces por mim, quando tropeço e caio, quando por nada me distraio... Mas então me lembro de tua misericórdia - e ela é grande demais, Senhor, e isso assusta.

Cristo, quero entregar-te meus passos, a força dos meus braços, cada pensamento meu. Quero ser teu servo no mundo - o menor dos servos, o mais humilde, mas sempre um servo teu.

Senhor, corrige meus erros, humilha minha soberba, castiga minha preguiça, releva meus pecados, mas não te afastes, Senhor, não desiste de mim!

Faz-me alegre, Senhor. Forte, humilde, casto, diligente, generoso, corajoso. Socorre-me, Senhor, na luta contra os vícios e as fraquezas. Sei que em Ti posso derrotá-los todos.

Tanto me deste, Senhor! Toda a saúde, toda a felicidade da família, do amor, da amizade! Todos os dons materiais e espirituais! E permitiste-me te conhecer, Senhor!

Por tantos lugares me levaste, Senhor! E como poderia eu retribuir tanto cuidado? Pobre de mim... Mas me mostra como, Senhor, te retribuir um pouco do que me deste.

Perdão, Senhor, por, apesar de todo o amor que me deste, ser ainda tão pequenino. Mas obrigado, Senhor, porque sei que confias em mim.

Amo-te, Senhor, com a minha pequena capacidade, com a minha pobre medida. Mas recebe este amor, Senhor, e ajuda-me a torná-lo sempre maior.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Conteúdo bom e profundo: é o site da editora Quadrante

A Quadrante é uma editora ligada à Opus Dei que publica uma infinidade de livros , todos de excelente qualidade. Há obras sobre espiritualidade, história da Igreja, documentos eclesiásticos, biografias de santos.Todo o seu conteúdo é bastante criterioso, as traduções são muito cuidadosas.

Uma coisa muito interessante o Círculo de Leitura: uma assinatura anual que dá direito ao assinante de receber em torno de oito livros por ano, definidos pela própria editora. São sempre livros muito bons! E os assinantes tem descontos na aquisição de outras obras.

De toda forma, no site da editora há uma seção com artigos sobre assuntos diversos. Há que se dizer: são artigos excelentes! Abordam temas como literatura, história, filosofia, psicanálise, ciência, bioética, etc. Eles constituem uma excelente forma para aprender um pouco mais sobre a Igreja, sobre a nossa fé, sobre os desafios que se colocam diante de nós nos tempos atuais.

Selecionamos alguns artigos:

A religião em Freud
Para ler em dez minutos: tudo sobre "O Código da Vinci"
C. S. Lewis
Galileu em Roma
A dignidade e a valorização da mulher
Espírito científico e fé em Cristo
A época da "morte de Deus"
A crise da liberdade
A ética católica do trabalho
Sobre samurais e sapos

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Teologia do Corpo: visão que cura a sexualidade

Seguindo nosso caminho semanal para conhecer melhor os ensinamentos sobre a Teologia do Corpo, instituída por João Paulo II, postamos uma matéria da Agência Zenit com o pensador católico norte-americano George Weigel:

Weigel: não há nada comparado à teologia do corpo
Em contraste com a visão atual de «sexo como esporte»

Os ensinamentos sobre a teologia do corpo de João Paulo II oferecem uma visão curativa da sexualidade humana, com a qual a cultura hoje dominante não pode estar de acordo, afirma o autor e pensador católico norte-americano George Weigel no discurso de abertura da 77ª Conferência Educativa Anual da Associação Médica Católica sobre a aplicação da teologia do corpo de João Paulo II à prática da medicina.

Os 306 médicos e 18 estudantes de Medicina se reuniram de 9 a 12 de outubro em Baltimore (Maryland, EUA) para refletir sobre o tema «Teologia do Corpo: Desafios Modernos à Saúde, à Consciência e à Dignidade Humana».

A conferência anual, que se celebrou sob a proteção da mulher, mãe e médica italiana Santa Gianna Beretta Molla, começou com uma Missa presidida pelo cardeal William Keeler, arcebispo emérito de Baltimore. O arcebispo Dom Edwin O'Brien, que atualmente está à frente da sede episcopal desta cidade americana, presidiu por sua vez a missa de encerramento.

Weigel, autor da biografia do Papa João Paulo II, «Testemunha de Esperança», afirmou que o século XXI se caracteriza pela questão do ser ou do nada: «estamos sendo testemunhas de um novo gnosticismo, no qual se crê que o mundo material, inclusive o corpo humano, é totalmente maleável e modificável».

Este novo gnosticismo, observa, sustenta que «tudo o que pode ser modificado deverá sê-lo», e que esta tendência se nota sobretudo no campo da sexualidade humana.

Quando neste campo nada se considera como um dom, chega-se a uma «ditadura do relativismo», afirmou o autor, citando o discurso do então cardeal Joseph Ratzinger no conclave que traçou sua eleição como Bento XVI.

Colisão de verdades
Quando «minha verdade e tua verdade colidem», afirmou Weigel, estas realidades irreconciliáveis se resolvem através do poder coercitivo do Estado.

O escritor pôs esta visão da «sexualidade convertida em um esporte» em contraste com os ensinamentos de João Paulo II em sua teologia do corpo, sobre a qual o falecido Pontífice já estava trabalhando durante o conclave que o levou a ser eleito Papa.

A resposta cristã a este novo gnosticismo se encontra na «teologia do corpo», declarou Weigel, que oferece uma visão ampla da história bíblica presente no livro do Gêneses.

João Paulo II, explicou, contemplava o início, quando Deus chamou o primeiro homem à vida, e depois a primeira mulher. O Papa havia descoberto que antes do pecado original existiam a solidão original do primeiro homem (Adão), a unidade original do homem com a mulher (Eva) e de ambos com Deus, e a original nudez sem malícia.

Juntos descobriram o amor de Deus através de um dom livre de si mesmos, e da abertura à fertilidade, acrescentou. João Paulo II considerava que a unidade original de Adão e Eva – e de ambos com Deus – se rompeu quando estes se utilizaram reciprocamente ao invés de doar-se livremente um ao outro.

O dom de si no santo matrimônio, com a plena abertura do corpo do homem ao corpo da mulher, é um ícone do amor de Deus, observa Weigel.

Segundo ele, este ensinamento novo, agora disponível para toda a Igreja Católica, desde os escritos originais de João Paulo II às publicações de outros autores, oferece à cultura dominante, que considera o sexo como um esporte, uma visão curativa que não tem comparação com nada do que esta cultura possa oferecer.

"O Amor E A Fidelidade Vieram Através de Jesus Cristo"


Existem muitas, mas muitas pessoas que desconhecem a palavra fidelidade e vivem vagando desnorteadas pela vida e pelo mundo, como se nunca houvesse um ontem e um amanhã. Ficam presas em um presente fútil e inconseqüente, incapazes de enxergar a própria alma e sentir a existência daqueles que as cercam. Amam e odeiam como se fossem senhores da verdade; estimam e desprezam como se fossem juízes da verdade; ordenam e exigem como se fossem absolutas, a quem o mundo irrebelavelmente deve servir.
Traem os outros sem saber que antes traem a si mesmas e, às vezes, ainda se sentem traídas por aqueles a quem traíram. Passam a vida toda sem crer em nada, porque crêem em coisas inexistentes criadas por elas mesmas, perdidas em um deserto estéril onde sequer animam-se a erguer os olhos e olhar para o horizonte.

Vivem seus dias amando e odiando, estimando e desprezando, mandando e exigindo como se fossem viver para sempre, sem fazer a mínima idéia da preciosidade de cada segundo da vida. Dão-se ao luxo de gastar meses, às vezes anos e anos, odiando e desprezando, em vez de estimar e ao menos ser gentil. É claro que amar verdadeiramente é algo que se constrói com ardor e lentidão, envolve sorrisos e lágrimas, necessita compreensão e total doação. Por isso, disse que se deve ao menos ser gentil! Não se trata de uma gentileza aparente, que venha para dissimular outros sentimentos e que no fim acaba se tornando pior do que odiar ou desprezar. Trata-se da manifestação sincera do empenho em querer amar.

A fidelidade aos bons princípios pessoais de cada um, levando-se sempre em conta cada ato passado e avaliando conscientemente as conseqüências de um ato presente para o futuro, é fundamental para a vida e para que, durante esta, possa existir harmonia e paz no convívio social, e haja tranqüilidade e serenidade no coração. Nunca devemos ter a presunção de pensar que nossos atos não trarão conseqüências às pessoas com as quais convivemos. Quem assim pensar, estará agindo com ignorância.

A fidelidade a Deus, a fidelidade à vida, a fidelidade a quem nos ama, sejam amigos e familiares, e sobretudo a fidelidade ao próprio coração, é o que garante uma vida feliz e próspera. A fidelidade aos bons e verdadeiros sentimentos do coração é fidelidade a Deus, pois Ele habita em nós e dá-nos vida, porque Ele é a Vida plena, absoluta, abundante, infinita e eterna!

Nilson Antônio da Silva

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Casas do Senhor XII: Basílica de São Paulo Extramuros

A Basílica de Sao Paulo Extramuros (ou Fora dos Muros) é assim chamada porque foi construída fora das muralhas da Roma Antiga. Lá está enterrado o apóstolo Paulo.

Logo após o martírio de São Paulo, que foi decapitado em Roma durante o reinado do imperador Nero (em algum momento entre os anos de 64 e 67 d.C.), os cristãos construíram um memorial sobre sua sepultura. Sobre esse memorial foi erguida uma igreja em 324, por ordem do imperador Constantino, o primeiro monarca romana convertido a Cristo. Em 386, o imperador Teodósio, que tornou o Cristianismo a religião oficial do império, decidiu erguer uma grande basílica no mesmo local. A igreja antiga foi demolida e a atual basílica foi concluída em 395. Apesar de já ter passado por várias restaurações, de modo geral ela conserva a arquitetura original romana. Ao lado da basílica encontra-se uma abadia de monges beneditinos, que também leva a denominação de São Paulo Extramuros.

A basílica, que mede 132 x 65 metros e tem 30 m de altura, é um tesouro religioso, histórico, artístico e arquitetônico, testemunhando boa parte da história da Igreja. Há mosaicos originais dos séculos V e XIII, o baldaquino é do século XIII, a colunata é do século XIX e a porta de bronze, do século XX. Lá estão muitas relíquias, a começar do corpo de São Paulo, cuja localização exata foi redescoberta em 2006.

Localize a basílica no Google Maps; visite o site oficial.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

História da Salvação - Samuel


Samuel, o último dos juízes israelitas e o primeiro profeta registrado na história do povo de Deus, viveu em um momento muito importante da história de Israel, entre 1040 e 971 antes de Cristo, época em que o povo passou do sistema de governo tribal para o sistema monárquico. Esta mudança trouxe conseqüências imensas, principalmente refletidas na cobrança de impostos para sustentar o poder real e, além de tudo, com o uso da religião como forma de sustentar a ideologia do Estado, o qual passa a controlar a economia e a política.

Samuel era filho de Elcana e de Ana, da tribo de Efraim. Em agradecimento a Deus, sua mãe o entregou aos cuidados do sacerdote Eli para que o menino permanecesse servindo no santuário de Silo. Neste santuário, Deus se revelou a Samuel e fez dele um profeta. A fama de Samuel se espalhou e, além de profeta, ele foi o último dos juízes de Israel.

Nessa época, surgiram diversos conflitos com os filisteus, que passaram a invadir as terras dos israelitas e, inclusive, chegaram a tomar a Arca da Aliança. Tudo isso foi causa de constantes batalhas com aquele povo. Além do mais, os israelitas dependiam muito dos filisteus, os quais dominavam a tecnologia do ferro e da fabricação de armas e de instrumentos agrícolas.

Quando Samuel já estava em idade avançada, o povo de Israel pediu a ele que lhes desse um rei para governá-lo. A princípio relutando, Samuel concordou e escolheu Saul para ser o primeiro rei de Israel. Saul foi um homem corajoso mas, com o tempo, cometeu muitos erros e desobedeceu a Deus. Um erro grave que ele cometeu foi a usurpação de uma função própria de Samuel, quando ofereceu o sacrifício a Deus. Esta função era própria do sacerdote e não do rei. A partir daí, a autoridade de Saul começa a declinar. Então, Samuel escolheu Davi para ser o novo rei de Israel.

É interessante notar que o Livro de Samuel traz duas versões distintas do surgimento da autoridade política central: a primeira versão é contrária e hostil à monarquia, pois representa a visão mais democrática das tribos do Norte; a segunda versão é favorável à monarquia, e representa a visão da tribo de Judá, que vivia nas terras menos produtivas do sul. Analisando as duas versões, é possível concluir que a autoridade é um mal necessário e, ao mesmo tempo, um dom de Deus. Assim, o Livro de Samuel oferece uma visão muito crítica da autoridade política, ao mesmo tempo em que mostra que somente Deus é o único rei sobre o seu povo. Ou seja, a autoridade do rei humano somente tem legitimidade quando este se torna um representante de Deus, isto é, se torna aquele que serve a Deus através do serviço ao povo. Neste sentido, a boa autoridade é aquela que reúne, lidera e protege o povo, ao mesmo tempo em que o organiza e promove a vida social respeitando a justiça e o direito. Portanto, “qualquer autoridade que não obedece a Deus e não serve ao povo é ilegítima e má, pois acaba ocupando o lugar de Deus para explorar e oprimir o povo.”

Samuel foi um homem cuja vida foi marcada por uma profunda piedade e por um elevado discernimento espiritual. A realização dos propósitos de Deus para o bem do povo de Israel foi o objetivo e razão maior de sua vida.

Ao que parece, o livro de Samuel foi escrito no início do período monárquico, dadas as afirmações as quais demonstram estar bem próximas da época em que o juiz e profeta viveu. Tradicionalmente, a autoria de seus dois livros é atribuída ao próprio Samuel.

Leia o Primeiro Livro de Samuel e observe com atenção como Deus instruiu seu povo a respeito da autoridade e como o povo fez suas escolhas.

Nilson Antônio da Silva

domingo, 19 de outubro de 2008

“DAI A CÉSAR O QUE É DE CÉSAR E A DEUS O QUE É DE DEUS”.




A afirmação de Jesus no Evangelho deste 29° Domingo do Tempo Comum nos
remete a uma pergunta: o que é de Deus e, o que é de César? É comum vermos
pessoas desassociando “as coisas de Deus e as coisas do mundo”. Mas, sendo
o mundo criado por Deus, as coisas do mundo não seriam também de Deus? Sem
dúvida que sim, tudo pertence a Deus, pois tudo foi por Ele criado. Mas, se
tudo foi criado por Deus e a Ele pertence, o que então pertenceria a César
(como afirma Jesus no Evangelho)?

Jesus sabiamente relativiza o valor da moeda, quando interroga de quem era o rosto nela gravada. Se o rosto é de César, então seja dado a ele o que lhe pertence. Podemos com isso interrogar nosso sistema Capitalista que dá a todas as coisas o mesmo valor: o de mercado. Jesus com seu questionamento nos ensina que não
podemos reduzir tudo a quanto vale em dinheiro. O valor das coisas ou valor
da pessoa não está no dinheiro e, este (o dinheiro) não possui valor em si
mesmo. O Evangelho também nos ensina que o Cristão, embora tendo os olhos
voltados para o auto, é alguém comprometido com a realidade na qual vive.

Que nós não caiamos na ilusão de tornar absoluto o valor da moeda nos
esquecendo dos verdadeiros valores.

Ir.Francisco

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Você vai gostar de ouvir: Hermana Glenda

Glenda Valesca Hernández Aguayo nasceu em Parral, no Chile, em 5 de janeiro de 1971. Ela começou a cantar na missa dominical em sua cidade. Ela conta que, pouco a pouco, começava a entender aquilo que cantava na missa, e após a celebração costumava indagar ao Senhor: "É verdade que morreste por mim?"

Aos 15 anos começou a ajudar na evangelização de mulheres encarceradas. Nessa mesma época começou a se aproximar cada vez mais de Jesus Cristo. Aos 17 anos deixou o noivo e decidiu consagrar-se a Deus, ingressando na Congregação das Irmãs de Nossa Senhora da Consolação. Viajou para a Argentina como missionária e depois para a Espanha e para Roma.

Hermana Glenda gravou seu primeiro trabalho em 1998. Cantou durante a missa celebrada pelo Papa João Paulo II em Toronto, na Jornada Mundial da Juventude de 2002. Daí em diante começou a realizar pequenos concertos por todo o mundo.

Suas músicas, sempre canatadas em espanhol, são suaves, com letras frequentemente baseadas na Bíblia. Seu estilo musical lembra o de Irmã Kelly Patrícia. São canções para meditação, para nos aproximar de Deus.

Para mais informações, clique aqui e aqui.
Alguns vídeos: Nada es imposible para Ti - Si conocieras el amor

Discografia:

A solas con Dios
A solas con María
Con nostalgia de Ti
Consolad a mi pueblo
Para Ti toda música
Tengo sed de Ti
Hermana Glenda - Live
Orar con el corazón
¡Me amó y se entregó por mí!

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Teologia do Corpo - Introdução

Este assunto é um dos mais interessantes e necessários para os nossos dias. Mas o que seria uma teologia do corpo? É um eudesamento dos nossos corpos?

Esse tema já foi assunto do Miles Ecclesia em outro post. Agora, vamos tentar aprofundar mais no assunto, usando como base o livro "Homem e mulher os criou", do Papa João Paulo II, que é a base para o estudo da Teologia do Corpo (TOB, em inglês).

Abaixo um perguntas e respostas publicado pelo site Teologia do Corpo para podermos entender melhor este assunto:

O QUE É TOB?
A Teologia do Corpo é mundialmente conhecida como TOB por sua sigla em inglês - Theology of the Body. Este nome foi dado pelo Papa João Paulo II como título de trabalho para suas primeiras catequeses, ministradas entre 1979 e 1984, durante as Audiências Gerais, nas quais o Santo Padre, seguindo seus predecessores, ensinava algum aspecto da Doutrina Católica.

DO QUE TRATA?
No início do seu Pontificado, durante as audiências de quarta-feira, o Santo Padre meditou por mais de 4 anos sobre o amor humano em seus vários aspectos: a relação do homem e da mulher, o significado esponsal do corpo humano, a natureza e missão da família, o matrimônio, o celibato, a luta espiritual do coração do homem, a linguagem profética do corpo humano, o amor conjugal, entre outros. O Papa João Paulo II, com um novo ardor e uma visão totalmente inovadora, nos dá esta boa nova que merece ser conhecida e vivida!

POR QUE ESTES TEMAS, ESPECIFICAMENTE?
A escolha do Papa João Paulo II de tratar destes temas, antes de qualquer outro assunto, foi uma grande graça para toda a Igreja, e somente podemos ver a Providência nesta escolha. Como homem de Deus e um profeta, sabia que antes que qualquer outro fundamento, era necessário priorizar estes, para uma sociedade que estava se autodestruindo. E ele o fez! Ele nos deu de presente estes ensinamentos.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Conheça a Igreja XIII: A Pastoral da Juventude


A Pastoral da Juventude (PJ) é a ação organizada dos jovens na Igreja. Em geral, ela coordena e congrega os movimentos de jovens existentes em cada paróquia, procurando também ajudar os jovens a conhecer outras pastorais e movimentos eclesiais.

Suas atribuições são promover a vocação e a formação espiritual dos jovens leigos. Assim, visa a evangelizar os jovens e a incentivá-los a participar da vida da Igreja e das comunidades em que vivem.

As atuais pastorais da juventude são herdeiras da Ação Católica Especializada que atou no Brasil na década de 60, organizada em Juventude Agrária Católica (JAC), Juventude Estudantil Católica (JEC), Juventude Operária Católica (JOC) e Juventude Universitária Católica (JUC). A Pastoral da Juventude, tal como é hoje, começou a se organizar ao final dos anos 70.

Em 1985, Ano Internacional da Juventude, foi criado no Brasil o Dia Nacional da Juventude, celebrado todos os anos geralmente em outubro. Sua organização fica a cargo da PJ.

Para saber mais sobre a Pastoral da Juventude, clique aqui e aqui.

Nosso próximo verbete será sobre a Opus Dei.

domingo, 12 de outubro de 2008

Religião Self-Service

Seguir uma religião - qualquer uma - é uma decisão que requer compromisso, requer uma adesão de fé e uma adesão intelectual. Requer também sacrifício. Talvez seja por isso que cresce sempre o número de pessoas que preferem dizer que não seguem nenhuma religião, ou, para ficar em nosso terreno, talvez seja por isso que haja tantos "católicos" não-praticantes.

É muito estranho pensar que haja católicos que não vão à missa, a mais importante celebração de nossa religião. E católicos que consideram compatível defender o aborto! E católicos que acreditam em horóscopo e simpatias. Ou ainda: católicos que não vêm nada de mais em acreditar simultaneamente na ressurreição e em reencarnação.

As pessoas que fazem isso vivem a religiosidade como se estivessem num restaurante self-service: coletam de cada religião um ou outro aspecto que lhe parece simpático e montam com isso um estranho cardápio, não raro composto de coisas incompatíveis. É como se comecem pudim de leite com calda de feijão.

Uma parte disso é a nossa fé mal-formada: catequeses incompletas; persistência de superstições tidas como "sabedoria popular"; vivência religiosa apenas devocional, desprovida de reflexão racional. Mas uma boa parte disso é conseqüência de nossa preguiça e de nossa fraqueza.

A fé vivida de forma verdadeira requer algumas renúncias. E esse é justamente o problema: vivemos o tempo da "liberdade" sem regras, da busca incessante pelo prazer e pelo conforto. A idéia de renunciar a alguma coisa, qualquer que seja ela, é das mais chocantes. Renunciar ao jogo de futebol em troca de uma missa? Renunciar ao sexo livre em troca da castidade? Renunciar a uma brilhante carreira em troca dos filhos? Renunciar a uma TV de plasma em troca da caridade? Renunciar aos caprichos de cada momento em troca da dedicação a Deus por meio do sacerdócio? Tudo isso é loucura, é estupidez, é insuportável...

Essa estranha religiosidade que se difunde em nossa época - essa religiosidade que transforma Deus numa "força", numa "energia cósmica", que confere aos objetos um misterioso poder sobre nossa vida, que vê essa mera criatura que é o ser humano como uma espécie de deus de si mesmo - essa religiosade é sintoma dessa incapacidade atual de fazer renúncias e de assumir compromissos. Uma força cósmica não exige compromissos. Se "deus" está dentro de mim e não tem personalidade, eu posso fazer o que quiser. Se o que sou e o que faço é decidido pelos astros, não posso ser responsabilizado pelos meus atos.

Geralmente as pessoas que praticam essa religião self-service acreditam estar exercendo sua liberdade ao não aderir a uma religião e ao construir sua própria doutrina particular. Na verdade, estão apenas sendo superficiais e egoístas. Superficiais porque não percebem a incompatibilidade entre muitas das crenças adotadas. Por exemplo: a doutrina da ressurreição e a doutrina da reencarnação são mutuamente excludentes, pois ninguém pode ressuscitar e reencarnar ao mesmo tempo. Mas muitas pessoas preferem ignorar isso... E são egoístas porque querem entrar no Paraíso, mas não querem renunciar a nada para entrar nele; querem tudo: tanto o bem quanto o mal. Querem o Céu, mas não querem renunciar ao inferno. Há uma curiosa música da banda irlandesa U2 (The Wanderer) que diz: "Eu parei diante de uma igreja/onde os cidadãos gostam de se sentar/ eles dizem que querem o Reino / mas eles não querem Deus nele".

Já a adesão verdadeira a uma fé não é compatível com esse mosaico de crenças e práticas. Quando decido ser um católico genuíno, devo renunciar, por exemplo, à crença em reencarnação e desistir de ter sido um poderoso rei "em outra vida"; devo renunciar a práticas que não são compatíveis com a vivência da fé. Devo comprometer-me com essa fé, enfim, comprometer-me com Deus. Aceitar que há coisas que podem e coisas que não podem ser feitas, e que isso em nada agride minha liberdade, pois aderir de verdade à fé é uma decisão absolutamente livre, mas que requer responsabilidade.

É interessante perceber que essa incapacidade de renúncia e de sacrifício não é uma característica geral da humanidade em todas as épocas e lugares. Em outros tempos, povos como os romanos e mesmo os bárbaros germânicos valorizavam muito a simplicidade, a disciplina, a resistência à dor, o desapego ao conforto. E mesmo nos tempos atuais, há muitos homens e mulheres que conseguem se libertar das correntes desse pensamento dominante e renunciam ao que não importa em troca do mais valioso dos tesouros: Deus. Para ficar em exemplos mais recentes, lembremo-nos de São Pio de Pietrelcina, do Papa João Paulo II, do Beato Pier Giorgio Frassati, de São Maximiliano Kolbe, de Madre Teresa de Calcutá, de Santa Giana Beretta e de tantos outros santos e santas de nosso tempo.

São esses os exemplos que devemos seguir: o de doação, o de compromisso, o de fidelidade. Cristo não é um conjunto de pratos fumegantes dos quais nos servimos ao nosso bel prazer. Cristo é sim nosso alimento - a bem da verdade, o único - mas precisamos ser fiéis a Ele e a seus ensinamentos. Não existe católico não-praticamente: ou sé é praticante ou não se é católico. Ou aderimos verdadeiramente a nossa religião ou estamos enganando a nós mesmos.

Mas, enfim, nada a que tenhamos que renunciar tem qualquer valor em comparação com Deus. Sejamos comprometidos com Deus e não com nossas mesquinharias e com nossos caprichos.

Nossa Senhora...

DISCURSO DE D. HELDER CÂMARA

"Mariama, Nossa Senhora, mãe de Cristo e Mãe dos homens!
Mariama, Mãe dos homens de todas as raças, de todas as cores, de todos os cantos da Terra.
Pede ao teu filho que esta festa não termine aqui, a marcha final vai ser linda de viver.
Mas é importante, Mariama, que a Igreja de teu Filho não fique em palavra, não fique em aplauso.

Não basta pedir perdão pelos erros de ontem. É preciso acertar o passo de hoje sem ligar ao que disserem.
Claro que dirão, Mariama, que é política, que é subversão. É Evangelho de Cristo, Mariama.
Claro que seremos intolerados.
Mariama, Mãe querida, problema de negro acaba se ligando com todos os grande problemas humanos.
Com todos os absurdos contra a humanidade, com todas as injustiças e opressões.
Mariama, que se acabe, mas se acabe mesmo a maldita fabricação de armas. O mundo precisa fabricar é Paz.
Basta de injustiça!
Basta de uns sem saber o que fazer com tanta terra e milhões sem um palmo de terra onde morar.
Basta de alguns tendo que vomitar para comer mais e 50 milhões morrendo de fome num só ano.
Basta de uns com empresas se derramando pelo mundo todo e milhões sem um canto onde ganhar o pão de cada dia.
Mariama, Senhora Nossa, Mãe querida, nem precisa ir tão longe, como no teu hino. Nem precisa que os ricos saiam de mãos vazias e o pobres de mãos cheias. Nem pobre nem rico.
Nada de escravo de hoje ser senhor de escravo de amanhã. Basta de escravos. Um mundo sem senhor e sem escravos. Um mundo de irmãos.
De irmãos não só de nome e de mentira. De irmãos de verdade, Mariama".
(D Helder, 1982)


Ir. Francisco

Nossa Senhora Aparecida




Celebramos neste domingo a solenidade de Nossa Senhora Aparecida. Nosso Deus é o Deus dos pobres, dos marginalizados, dos fracos, dos excluídos. Percebemos isto quando refletimos sobre o titulo de Nossa Senhora Aparecida. Deus, quando nos deu a graça deste sinal, quis que ela aparecesse a nós como aqueles que eram marginalizados e explorados. A aparição de Nossa Senhora, foi um grito contra o grave erro de não se reconhecer que o outro é imagem e semelhança de Deus e que por isso possui sua dignidade. Vemos tanto na Primeira Leitura quanto na segunda, o exemplo da Mulher forte que luta contra o mal. No Evangelho vemos Maria, a mulher que está atenta e que é solidária aos dramas humanos. Assim em nossa história vemos esta mesma Maria como a Aparecida, que se mostra solidária com aqueles que mais sofrem. Ela está Atenta e percebe quando em nosso meio falta o vinho do amor e do respeito. Coloca-se do lado dos excluídos (como os escravos no Brasil) na luta contra o mal da discriminação e instrumentalização do outro. Que por interseção de Nossa Senhora Aparecida, a mãe de todos os homens, de todas as raças, de todas as cores, nunca falte entre nós o vinho do amor, do respeito e da fraternidade.

Ir. Francisco

sábado, 11 de outubro de 2008

Maria


Bem-Aventurada Virgem Maria

A Virgem Maria foi enriquecida com a sublime prerrogativa e dignidade de ser Mãe de Deus Filho, sendo de tal modo a filha predileta do Pai e sacrário do Espírito Santo. Quando da anunciação recebeu o verbo de Deus em seu corpo e em seu coração, por sua fé deu vida ao mundo, sendo reconhecida e admirada como verdadeira Mãe de Deus e do Redentor. Ao passo que se encontra unida a estirpe de Adão, nela encontramos uma verdadeira auxiliadora para com a Igreja.
Santo Agostinho nos diz que “é verdadeiramente mãe dos membros de Cristo... por que com o seu amor colaborou para que na Igreja nascessem os fiéis, que são os membros daquela cabeça”.
De tal modo quando da Constituição Dogmática do Concílio Ecumênico Vaticano II Sobre a Igreja, houve um esclarecimento cuidadoso sobre a função da Santíssima Virgem no Mistério do Verbo Encarnado. O Concílio não teve por objetivo limitar a atuação de teólogos ou determinar uma mudança na forma como Nossa Senhora era tida por todos os Cristãos.

A Mãe do Messias no Antigo Testamento

Em forma de revelação, os livros do Antigo Testamento descrevem a história da salvação, preparando de forma lenta a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo. Em tais documentos, analisados à luz da ulterior revelação completa, uma iluminação mais clara sobre a figura de uma mulher que seria a Mãe do Redentor, aparecendo na promessa da vitória sobre a serpente. Do mesmo modo, é ela a Virgem que conceberá e dará à luz um filho chamado Emanuel.

Maria na Anunciação

Quis Deus em sua ampla magnitude permitir a Maria o poder da escolha, ela foi livre para aceitar ser a Mãe do Salvador. Assim Maria, filha de Adão consentiu na palavra Divina e tornou-se Mãe de Jesus. Como diz Santo Irineu, “ pela obediência tornou-se causa de salvação para si mesma e para todo o gênero humano”.
É extremamente lindo, quando os padres antigos em suas falas diziam: “O laço da desobediência de Eva, foi desfeito pela obediência de Maria; o que a virgem Eva atou com sua incredulidade, a Virgem Maria desatou-a pela fé”.

A Santíssima Virgem e a Igreja

“Porque há um só Deus, também um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, verdadeiro homem, que se ofereceu em resgate por todos” ( 1TM 2,5-6). Maria em sua função não obscurece em nata a mediação única de Cristo como afirmam aqueles que não acreditam um sua fiel mediação.
Pela obediência da fé, por sua esperança e caridade ardente, Maria é reconhecida pela Igreja como Mãe na Ordem da Graça.
Recebeu como títulos Advogada, Auxiliadora, Amparo e Medianeira. Santo Ambrósio afirma que “Mas isto deve entender-se de modo que nada tire nem acrescente à dignidade e à eficácia de Cristo, Mediador único”.

A Igreja deve imitar as virtudes de Maria, é preciso vencer o pecado numa luta constante com caridade e esperança buscando sempre cumprir a vontade de Deus. Maria é um sinal perene da Graça de Deus, pois, nos transmite esperança certa e consolação para o Povo de Deus peregrino.

Como Maria Santíssima todas as mulheres são chamadas a Santidade, devemos dizer nosso Sim!

Obra Consultada: Lumen Gentium " DE ECCLESIA".

Camila

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Casas do Senhor XI: A Catedral de São Patrício em Nova Iorque

A Catedral de São Patrício (Saint Patrick's Cathedral) é a sede da arquidiocese de Nova Iorque. Sua construção começou em 1858 e foi concluída em 1879. É dedicada ao santo patrono da Irlanda, país de onde emigrou boa parte da comunidade católica norte-americana.

Construída em estilo neogótico, a catedral foi projetada pelo arquiteto James Renwick. Suas torres alcançam cem metros de altura. Na nave principal, cabem aproximadamente 2200 pessoas sentadas. No interior há altares para vários santos, como São Miguel, São Luís, Santa Isabel e outros.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Os Jovens Cristãos de Neuquén

Nestes dias atuais, num tempo em que a Igreja é tachada de retrógrada e de antiquada, sendo que suas doutrinas não condiziriam mais com a modernidade, como é possível sermos cristãos autênticos?

A doutrina cristã católica, fundamentada na palavra de Deus e apoiada no testemunho dos apóstolos, mártires e santos, é verdadeira pois sua essência são as palavras “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” ditas por Jesus Cristo. A doutrina da Igreja Católica é verdadeira, é a única que segue no caminho de Cristo e, além de tudo, é a doutrina que ama, valoriza e defende a vida como o dom por excelência que o Criador dá ao mundo e, acima de tudo, ao ser humano.

O caminho que a Igreja Católica segue e ao qual ela chama todos os homens para também nele caminhar é o caminho que conduz diretamente ao Reino de Deus. É um caminho difícil e doloroso. E quanto a isso Jesus foi bem claro e a Igreja, fiel ao seu ensinamento, também reconhece o quão difícil e doloroso é caminhar rumo aos braços do Senhor. A Igreja sempre deixou bem claro que o caminho é áspero, estreito e cheio de espinhos e, mais ainda, que este caminho passa pelo calvário antes de atingir as portas do paraíso. Foi o que o Senhor disse e é o que a Igreja crê e prega.

Só há uma verdade e essa verdade é crer em Deus. Ponto final. Não existem outras verdades; não existe outra verdade! Só há uma verdade, a que Jesus ensinou e mostrou ao mundo! Assim, essas novidades que tantos apregoam por aí, cheios de vã sabedoria, essas novidades não passam de mentiras vazias cujo único fim é a perdição.

A vida, o dom de Deus por excelência, tem um valor inestimável. A vida humana possui um valor infinitamente maior e sua preciosidade vai além de toda e qualquer riqueza que há ou venha a existir. Por isso, a Igreja é muito clara e determinada quando se trata de defendê-la e promovê-la. Não há como abrir exceções e a Igreja não abre exceções: todo ser humano tem o direito à vida! Não existe um “se” ou um “mas”. Se a pessoa se torna um santo ou não, isso é uma decisão que cabe à própria pessoa durante a sua vida. Não cabe à Igreja determinar; cabe a cada um a escolha livre de seguir o caminho da glória ou o caminho da perdição. O que cabe à Igreja fazer, isto é, revelar ao mundo a verdade que é a Palavra de Deus, ela o faz dia e noite sem parar e em todos os cantos do mundo.

Há pouco tempo, houve na cidade argentina chamada Neuquén um acontecimento que, dadas as suas proporções de tristeza e dor, não pode passar despercebido.

Naquela cidade ocorreu uma reunião de pessoas favoráveis ao aborto. Como é costumeiro acontecer em toda cidade onde acontece uma reunião dessas, após o evento acabar ,saíram seus participantes em passeata pelas ruas com a intenção prévia de passar em frente à igreja matriz local para se manifestarem contra a doutrina de vida pregada pela Igreja Católica. Em cidades onde eventos semelhantes ocorreram, os manifestantes pró-aborto chegaram a praticar atos de vandalismo contra o templo. É o que poderia ter ocorrido em Neuquén.

Entretanto, ao chegarem em frente à igreja matriz local, os manifestantes encontraram diante de suas portas um batalhão de rapazes e moças, todos em pé em ordem de batalha, e todos armados! E quais eram suas armas? A oração e a fé em Deus eram suas únicas armas! Todos rezavam em voz alta, rapazes à frente e moças atrás destes diante da igreja rezavam!

A multidão de abortistas, ensandecida e furiosa, começou a agredi-los com palavras e com gestos de desprezo. Em dado momento, uma mulher cuspe na face de um dos jovens e, como Cristo fez, ele permaneceu imóvel e continuou rezando. As manifestantes enfurecidas lançaram todo tipo de gritos e de palavras ofensivas contra os jovens católicos e estes, firmes e determinados, todos permaneceram como rocha rezando em voz alta.

As cenas foram das mais terríveis que o ser humano pode imaginar! Gritos, ofensas, agressões físicas... como pode o ser humano menosprezar tanto assim a vida de seu semelhante, que ainda nem sequer nasceu, a ponto de cometer atos tão selvagens e bárbaros como aqueles?

Aqueles jovens, homens e mulheres que rezavam, se quisessem poderiam se defender de toda a selvageria da multidão enlouquecida que pregava e defendia a morte. Mas não moveram um dedo sequer em resposta aos agressores, da mesma forma como Cristo também não moveu um dedo sequer contra aqueles que o torturaram. E o que dizer dos embriões e fetos que são abortados? Eles nem sequer podem de defender! Nem sequer têm consciência para se defender!

Os jovens de Neuquén rezavam a Deus em defesa da vida com palavras e com sua atitude de cristão. As crianças que são abortadas rezam a Deus com o sacrifício de sua vida inocente. E Deus escuta e acolhe a oração de cada embrião e de cada feto abortado.

O mundo cultua a morte e não a vida. É uma afirmação forte? Claro que sim! Ora, quem defende a prática de aborto está prestando culto a quem senão à morte? E cultuar a morte é o mesmo que cultuar o diabo.

Defender e valorizar a vida, desde a sua concepção até o seu fim natural, é prestar a Deus um culto santo e agradável. Mais ainda, é viver as palavras de Jesus que tanto amou e defendeu a vida enquanto esteve historicamente no mundo. O seu amor pela vida foi tão grande, realmente infinito, que ele entregou a sua vida preciosa para que todos os homens e mulheres tivessem vida eterna! E hoje, passados dois mil anos, ainda tem tanta gente de cabeça dura que não consegue entender o que o Senhor fez!

Nilson Antônio da Silva

Veja abaixo um vídeo com cenas da manifestação em Neuqúen.


segunda-feira, 6 de outubro de 2008

História da Salvação - Rute


A história narrada no Livro de Rute, que foi escrito em Judá em meados do século V antes de Cristo, se passa no tempo dos Juízes, numa época em que uma grande fome assolou o país inteiro. Segundo Flávio Josefo, um historiador judeu do primeiro século da era cristã, a história se passa na época do sacerdote Eli. Entretanto, não há evidências o suficiente para sustentar essa afirmação.

Naquele tempo, um homem chamado Elimelec foi com Noemi, sua esposa, e seus dois filhos morar no país de Moab. Lá os filhos se casaram com moças moabitas, uma das quais chamada Rute. Passados alguns anos, Noemi ficou viúva e, algum tempo depois, seus filhos também morreram. Então, ela e Rute decidem retornar a Israel. Já em casa, começam a passar por necessidades, visto a pobreza em que ficaram. Então, Rute foi trabalhar recolhendo restolhos de trigo das colheitas nas terras de Booz, um parente de Noemi. Devido a um direito previsto nas leis da época, Booz se casou com Rute algum tempo depois. Do casamento, nasceu um menino chamado Obed, que foi o avô de Davi. Assim, Rute se torna antepassada de Jesus, sendo que o Evangelho de Mateus menciona seu nome em sua genealogia.

A história de Rute é marcada pela coragem e pela caridade, pela luta e pela perseverança. Nem Rute e nem Noemi desanimam diante das fatalidades e dificuldades da vida. Ao contrário, lutam pela sobrevivência e pela busca de um futuro melhor, apesar de tudo. É marcante ainda a solidariedade e a caridade com que Booz a acolhe e deixa seu coração encher-se de compaixão por ela. Num ato gratuito de acolhimento, ele põe suas capacidades a serviço da luta pelos mais pobres e necessitados. Outro ponto importante é que Deus sempre age através dos mais humildes e pequeninos, manifestando neles e por eles a sua justiça e a sua misericórdia. Davi, que foi o grande rei de Israel, teve uma origem humilde. E Jesus, o maior de todos os reis, também escolheu nascer de uma família humilde.

Também é interessante observar que o Livro de Rute aborda a Lei na perspectiva do serviço à vida e não se ocupa nem se preocupa com o santuário, com o culto e os sacrifícios. Jerusalém nem sequer entra na história e Belém, “a menor entre as cidades de Judá”, é o lugar central onde se desenvolvem os acontecimentos. Alguns séculos mais tarde, naquela pequena cidade nasceria o Filho de Deus feito homem!

Outra observação diz respeito à atitude de extremo nacionalismo presente nos Livros de Esdras e Neemias, nos quais há a proibição de casamento de judeus com mulheres estrangeiras e inclusive a dispensa das mulheres não israelitas já casadas com judeus. Essa proibição fundamentava-se na necessidade e na busca da preservação da identidade e da fé do povo judeu quando este retornou do exílio na Babilônia. Dentro do contexto histórico da época, é possível compreender esta atitude. O Livro de Rute, entretanto, afirma que esta não é a solução, uma vez que se trata da discriminação contra as mulheres estrangeiras. Então, mostra que a melhor solução é a integração delas ao povo eleito.

Quando o Livro de Rute foi escrito, os israelitas haviam retornado do exílio na Babilônia e passavam por um tempo muito difícil, que exigia sérias reformas e o recomeço de tudo para poderem retomar a sua vida normal. Assim, a história de Rute servia como um ponto de apoio e um exemplo que podiam seguir em suas vidas. Este livro, que tem apenas quatro capítulos, está entre o Livro dos Juízes e o Primeiro Livro de Samuel. Vale a pena ler e meditar esta pequena e tão bela história!

Nilson Antônio da Silva

domingo, 5 de outubro de 2008

A Vinha

Neste mês de Outubro, a Igreja quer nos chamar a atenção quanto a nossa missão. Deus nos chama, fala a nós e nos envia a testemunhar sua Palavra. Todo Cristão é um missionário (enviado).
A Liturgia da Palavra deste 27 º Domingo do Tempo Comum, vem nos questionar a respeito da vivência de nossa fé. Temos na Primeira Leitura a analogia da vinha com o povo de Israel. Como o homem que plantou sua vinha e esperava dela bons frutos, Deus esperava de seu povo bons frutos de justiça, bondade, fidelidade; mas o povo não viveu com autenticidade a Palavra de Deus e produziu frutos azedos de injustiça e maldade. O Senhor repreende seu povo, pois não é conivente com a injustiça e a maldade humana.
Na parábola da vinha, apresentada no Evangelho, temos um anúncio da Páscoa de Jesus. Jesus era visto pelo povo como um profeta e, a sorte dos profetas não era das melhores. Estes, com sua fala e postura coerentes, incomodavam tanto os interesses e falta de autenticidade de alguns que eram logo eliminados. É o que aconteceu, por exemplo, com João Batista, que teve sua cabeça cortada porque falou a verdade e incomodou os interesses dos poderosos. Jesus sabendo que o povo o via como profeta, tinha consciência de que com ele não seria diferente do que ocorreu com os outros profetas. Jesus é um sinal de contradição em relação aos sistemas que oprimem e não reconhecem a dignidade do ser humano. Ele é a pedra que foi rejeitada pelos construtores, pedra de tropeço para aqueles que oprimem, que discriminam, que não reconhecem no outro a imagem e semelhança de Deus e, conseqüentemente, não acolhem sua mensagem libertadora. Diante disso, podemos nos questionar sobre a nossa práxis. Como tenho acolhido e vivido o Evangelho? Tenho produzido bons frutos? Se não acolhermos o Evangelho, como na parábola, Deus o confiará a outros que estejam com o coração aberto e dispostos a vivê-lo.
Que sejamos praticantes da Palavra e não meros ouvintes!

Ir. Francisco

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Anjos: Amigos invisíveis cuidam de nós

Eles estão conosco, invisíveis ao nosso redor. Cuidam de nós, dão-nos bons conselhos, nos protegem e iluminam. Eles nos guardam, combatendo o mal. Eles também estão juntos de Deus, louvando-o e cumprindo as missões que Ele lhes dá. Eles são os anjos.

Deus criou os anjos antes de criar o ser humano. E eles são incontáveis: tão numerosos quanto as estrelas do céu. São espíritos puros, criaturas de Deus como nós, mas que não possuem corpo físico – e, por isso, são imortais. A Bíblia fala deles o tempo todo. Eles aparecem para Jesus quando Ele reza no Monte das Oliveiras. Aparecem para os discípulos quando Jesus ressuscita e quando Ele ascende ao Céu. Aparecem para os pastores quando Jesus nasce. No Antigo Testamento, os anjos falam com Abraão, Isaías, Jacó, Daniel. São várias passagens. Mas só três anjos têm seus nomes revelados.

São eles os três Santos Arcanjos. Um deles é Miguel (seu nome quer dizer “Quem é como Deus?), príncipe do exército celestial. Ele é visto por Isaías e por São João. O outro é Rafael (seu nome quer dizer “Deus cura”), que assume uma forma humana para guiar Tobias ajudá-lo a curar seu pai e sua noiva. O outro é Gabriel (o “mensageiro de Deus”), que aparece para Maria e lhe dá a notícias mais bela de todos os tempos: o Salvador vai nascer.

A bondade de Deus e seu amor para com a humanidade são tão grandes que Ele colocou um anjo para guardar a alma de cada pessoa. Cada um de nós tem um anjo da guarda exclusivo, que nos acompanha durante a vida inteira, nos livrando de perigos e nos iluminando, nos mostrando o caminho certo e conduzindo-nos, depois da morte, até Jesus.

Reze sempre para São Miguel, pedindo para que ele o ajude a enfrentar o Mal. Reze a São Rafael pedindo-lhe para ajudá-lo a manter-se com saúde. Reze para São Gabriel para que ele lhe mostre como ser forte.

Precisamos sempre rezar também para nossos anjos da guarda, agradecendo-lhes o bom trabalho e pedindo iluminação. Afinal, sempre é bom conversar com nossos amigos, não é?

Santo Anjo do Senhor,
meu zeloso guardador,
se a ti me confiou
a piedade divina,
sempr eme rege,
me guarda, me governa,
m
e ilumina.
Amém.

Você precisa saber sobre os anjos:


- Os anjos não têm sexo. Não são homens nem mulheres. Por isso mesmo, não podem se apaixonar por seres humanos como acontece em quase todo filme e novela. Isso é fantasia.

- Os anjos já desfrutam do maior prazer que pode existir: eles estão juntos de Deus. Nosso mundo, para eles, nada tem de sedutor. Assim, nenhum anjo tem vontade de ser humano, pois nossos prazeres físicos são uma pálida faísca dos prazeres que há no Paraíso.

- Não é possível descobrir o nome de nosso anjo da guarda. Revistas e sites dizem que é possível descobrir isso a partir da data de nascimento, como se nosso anjo fosse um signo. Isso é falso.

- Só podemos entrar em contato com nosso anjo por meio da oração. Rituais esotéricos são inúteis – pior, são pecaminosos. Realizar rituais para invocar o anjo é perda de tempo e um grave pecado.

- Ninguém pode dominar seu anjo, como alguns escritores já sugeriram. Os anjos não são nossos servidores. Eles são servos de Deus. São nossos amigos, não nossos empregados.

- Os anjos se organizam em nove hierarquias chamadas “coros”. Da mais alta para a mais baixa, são eles: os Serafins, Querubins, Tronos, Dominações, Potências, Virtudes, Principados, Arcanjos e Anjos. Os anjos da guarda pertencem A essa última hierarquia.

- Os demônios são anjos que se revoltaram contra Deus e por isso foram expulsos do Paraíso.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

"Vai E Não Peques Mais"


O que leva uma pessoa a endurecer tanto o seu coração? O que leva uma pessoa a não ser capaz de perdoar, mesmo que o perdão seja implorado em meio a lágrimas e na mais pura sinceridade. Será orgulho, arrogância?

O orgulho pode endurecer um coração, cegar os olhos de uma alma cheia de humildade e de bondade. Palavras distorcidas podem manipular um coração puro e conduzi-lo rumo às trevas, enquanto vão cantando coisas agradáveis ao ouvido. É dessa maneira que o mal vai corroendo e fazendo morada nos corações humanos.

Não existe perdão quando se diz: eu perdôo você, mas não lhe dou uma oportunidade nova, pois você vai errar sempre. Não existe perdão quando a indiferença toma conta dos sentimentos de uma pessoa. Só é concretizado o perdão quando há acolhimento e se crê na sinceridade de quem pede para ser perdoado.

Como alguém pode condenar o outro por um erro cometido quando este mesmo erro é confessado e o perdão é implorado? Como é possível a fraqueza de outro ser condenada e não ser compreendida? Todos nós fraquejamos e caímos, todos nós temos nossos defeitos e dores. Mas isto não é motivo para sermos exterminados num holocausto nazista. Somos santos e pecadores, pois Deus nos fez santos, mas ele também sabe que somos fracos e muitas e muitas vezes pecamos contra ele e contra nosso próximo. E ele sempre nos perdoa e tem misericórdia de nossa fraqueza. E quer que ajamos dessa mesma forma com nossos semelhantes. A palavra de Deus é clara quando diz “perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos ofendeu”.

Nem Deus, criador e senhor de todas as coisas, condena simplesmente um pecador e nega-lhe uma nova oportunidade. Nem Deus faz isto... Pedro negou o Cristo, e o mesmo Senhor o perdoou e o acolheu; a mulher pecadora chorou dolorosamente aos pés do Senhor e ele a acolheu e perdoou; todos os amigos e discípulos do Senhor o abandonaram e mesmo assim ele os perdoou e os acolheu. Ele compreendeu suas fraquezas e suas limitações. A prostituta demonstrou muito amor aos pés do Senhor e ele a perdoou e acolheu. Imagine quanta dor ela sentiria se ouvisse o Senhor dizendo: você está perdoada, mas não se aproxime de mim pois você é uma prostituta e sua companhia me causa vergonha. E também não acredito que você deixará de ser uma prostituta porque, pode ser que seja daqui a um mês ou daqui a um ano, um dia você voltará a fazer a mesma coisa. Deus perdoa a todos os pecados, exceto o pecado contra o Espírito Santo. Ora, não são então todos os pecados cometidos contra o próximo perdoados? Negar o perdão ao próximo é como colocar-se acima de Deus e agir assim é errado. É o que a Igreja ensina por que aprendeu isto do Senhor Jesus.

Todos nós somos nada e nada valemos. A nossa vida é muito curta. E dói muito quando se pede perdão a um amigo e este perdão é negado. Só o Senhor sabe o quanto o coração fica esmagado e a alma fica dilacerada!

Nilson Antônio da Silva

Conheça a Igreja XII: A Ordem de São Francisco


A Ordem dos Frades Menores (cuja sigla é O.F.M.), mais conhecida como Ordem Franciscana foi fundada por São Francisco de Assis em 1209 (ou seja, completará oitocentos anos de fundação em 2009). Sua regra foi aprovada em 1223 pelo papa Honorio III. A ordem teve um papel fundamental na renovação da espiritualidade na Idade Média.

A ordem formou-se naturalmente, pouco a pouco. Pessoas que conheciam Francisco de Assis, em sua maioria, jovens, decidiam seguir seu exemplo e abandonar tudo para viver conforme os princípios do Evangelho. Formou-se uma pequena comuniade que vivia pobremente e saía pela Itália a pregar a Palavra de Cristo. Em 1209, Francisco e alguns de seus companheiros apresentaram-se diante do Papa pedindo sua autorização para a formação da ordem. Durante à noite, o papa sonhou que a igreja de São João de Latrão, sede do papado na época, estava desmoronando, mas que um homem a sustentou. Ele reconheceu nesse homem as feições de Francisco. No dia seguinte, concedeu sua autorização.

O carisma franciscano tem como características fundamentais a vivência profunda do Evangelho, na busca da realização da palavra de Deus. Tal vivência caracteriza-se por ser gregária, fraterna, solidária. Daí ser uma ordem de "frades", irmãos. A valorização da humildade e do serviço aos próximos é outra característica marcante desse carisma. Daí a denominação de frades "menores": devem ser humildes servidores. Por fim, deve-se destacar a valorizaão da pobreza, não somente num sentido de ascetismo, de renúncia aos bens materiais, mas também num sentido de amor, de acolhida de todos os pobres.

São muitos os símbolos franciscanos. O Tau, última letra do alfabeto hebraico, tem o formato de um "T". Além de lembrar a cruz de Cristo, simboliza o pertencimento a Deus. A Cruz de São Damião é o crucifixo localizado na igrejinha dedicado a esse santo em Assis, igrejinha esta que tem particular importância na história da conversão de Francisco. A imagem de Cristo representada no crucifixo mostra um Jesus simultaneamente crucificado (ele está sobre a cruz) e ressuscitado (seus pés são representados separados, como se ele estivesse de pé.

Os franciscanos são conhecidos como "frades", palavra que deriva do latim frater, que quer dizer irmão. Fazem votos de pobreza, castidade e obediência. Hoje há pouco mais de 15 mil franciscanos em todo o mundo, dos quais mais de dez mil são sacerdotes, 101 são bispos e arcebispos e seis são cardeais. O Brasil é o terceiro país do mundo com maior número de irmãos franciscanos: são 1034. O país está logo atrás de Itália e Estados Unidos. Os franciscanos vivem em conventos, geralmente localizados nas cidades. Os conventos se organizam em províncias - ao todo, são 103 províncias no mundo.

Além da Ordem dos Frades Menores, que é conhecida também como Ordem Primeira, há duas outras ordens ligadas diretamente ao santo de Assis: a Ordem de Santa Clara ou Ordem Segunda, e a Ordem Franciscana Secular, ou Ordem Terceira. A Ordem de Santa Clara é o ramo feminino dos franciscanos e foi fundada pelo próprio São Francisco, juntamente com sua amiga Clara de Assis. As integrantes da ordem são conhecidas como irmãs clarissas. Já a Ordem Terceira é a ordem dos homens e das mulheres leigos que querem viver o carisma franciscano, mas que também podem se casar.

Com o tempo, a Ordem Primeira se dividiu em três ramos. Além da Ordem dos Frades Menores, surgiram a Ordem dos Capuchinhos (OFMCap) e a Ordem dos Conventuais (OFMConv). A título de curiosidade: os Frades Menores usam hábito marrom, assim como os Capuchinhos, mas estes usam um capuz pontudo; já os frades conventuais usam hábito cinza.

Nosso próximo verbete será sobre a Pastoral da Juventude.
"O que pode temer o filho nos braços do Pai?"

São Pio de Pietrelcina