segunda-feira, 20 de outubro de 2008

História da Salvação - Samuel


Samuel, o último dos juízes israelitas e o primeiro profeta registrado na história do povo de Deus, viveu em um momento muito importante da história de Israel, entre 1040 e 971 antes de Cristo, época em que o povo passou do sistema de governo tribal para o sistema monárquico. Esta mudança trouxe conseqüências imensas, principalmente refletidas na cobrança de impostos para sustentar o poder real e, além de tudo, com o uso da religião como forma de sustentar a ideologia do Estado, o qual passa a controlar a economia e a política.

Samuel era filho de Elcana e de Ana, da tribo de Efraim. Em agradecimento a Deus, sua mãe o entregou aos cuidados do sacerdote Eli para que o menino permanecesse servindo no santuário de Silo. Neste santuário, Deus se revelou a Samuel e fez dele um profeta. A fama de Samuel se espalhou e, além de profeta, ele foi o último dos juízes de Israel.

Nessa época, surgiram diversos conflitos com os filisteus, que passaram a invadir as terras dos israelitas e, inclusive, chegaram a tomar a Arca da Aliança. Tudo isso foi causa de constantes batalhas com aquele povo. Além do mais, os israelitas dependiam muito dos filisteus, os quais dominavam a tecnologia do ferro e da fabricação de armas e de instrumentos agrícolas.

Quando Samuel já estava em idade avançada, o povo de Israel pediu a ele que lhes desse um rei para governá-lo. A princípio relutando, Samuel concordou e escolheu Saul para ser o primeiro rei de Israel. Saul foi um homem corajoso mas, com o tempo, cometeu muitos erros e desobedeceu a Deus. Um erro grave que ele cometeu foi a usurpação de uma função própria de Samuel, quando ofereceu o sacrifício a Deus. Esta função era própria do sacerdote e não do rei. A partir daí, a autoridade de Saul começa a declinar. Então, Samuel escolheu Davi para ser o novo rei de Israel.

É interessante notar que o Livro de Samuel traz duas versões distintas do surgimento da autoridade política central: a primeira versão é contrária e hostil à monarquia, pois representa a visão mais democrática das tribos do Norte; a segunda versão é favorável à monarquia, e representa a visão da tribo de Judá, que vivia nas terras menos produtivas do sul. Analisando as duas versões, é possível concluir que a autoridade é um mal necessário e, ao mesmo tempo, um dom de Deus. Assim, o Livro de Samuel oferece uma visão muito crítica da autoridade política, ao mesmo tempo em que mostra que somente Deus é o único rei sobre o seu povo. Ou seja, a autoridade do rei humano somente tem legitimidade quando este se torna um representante de Deus, isto é, se torna aquele que serve a Deus através do serviço ao povo. Neste sentido, a boa autoridade é aquela que reúne, lidera e protege o povo, ao mesmo tempo em que o organiza e promove a vida social respeitando a justiça e o direito. Portanto, “qualquer autoridade que não obedece a Deus e não serve ao povo é ilegítima e má, pois acaba ocupando o lugar de Deus para explorar e oprimir o povo.”

Samuel foi um homem cuja vida foi marcada por uma profunda piedade e por um elevado discernimento espiritual. A realização dos propósitos de Deus para o bem do povo de Israel foi o objetivo e razão maior de sua vida.

Ao que parece, o livro de Samuel foi escrito no início do período monárquico, dadas as afirmações as quais demonstram estar bem próximas da época em que o juiz e profeta viveu. Tradicionalmente, a autoria de seus dois livros é atribuída ao próprio Samuel.

Leia o Primeiro Livro de Samuel e observe com atenção como Deus instruiu seu povo a respeito da autoridade e como o povo fez suas escolhas.

Nilson Antônio da Silva

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