(pequenas correções foram feitas às 17h)
Posto abaixo, livremente traduzido, trecho de artigo publicado por Damian Thompson, que escreve no jornal britânico Telegraph. Este artigo específico, no entanto, foi publicado pelo jornal The National, de Abu Dhabi, a capital dos Emirados Árabes. No longo artigo completo, Thompson traça um perfil do Papa Bento XVI e relembra alguns momentos de seu pontificado. Ao final - no trecho que segue abaixo - ele fala um pouco da personalidade do Papa e destaca um ponto em que ele, em sua opinião, se identifica com os islâmicos. É importante lembrar que o artigo tem como intuito apresentar o líder dos católicos a um público muçulmano. Vamos lá:
"No coração do pontificado de Bento XVI está a convicção de que os católicos devem adorar a Deus adequadamente. Ele quer sanar as feridas causadas pelo cruel repúdio dos liberais aos belos serviços em latim. Em 2007, ele repentinamente eliminou todas as restrições relativas à celebração da missa em latim celebrada antes do Vaticano II. Bento XVI acredita que a liturgia antiga e a nova devem conviver lado a lado, se enriquecendo mutuamente.
Esta política tem alarmado uma geração de católicos mais velhos (incluindo bispos) que foram levados a considerar o Vaticano II como um novo começo, um marco zero. E o Papa pagou um preço por sua falta de aliados no Vaticano: alguns cardeais procuraram explorar a crise.
No entanto, a nova geração está ao lado do Papa, pois os católicos praticantes mais jovens são surpreendentemente conservadores. Eles vêm o Papa como a figura de um avô que os está apresentando a antigos tesouros rejeitados por seus pais hippies. Atualmente Roma está cheia de seminaristas de preto inspirados por esse conservadorismo “beneditino”.
Há interessantes paralelos disso com o Islam. Bento não acredita que Cristianismo e Islamismo possam convergir teologicamente, mas ele compartilha uma compreensão com líderes muçulmanos que crêem que a força de uma comunidade religiosa repousa em suas tradições. Catolicismo liberal e Islamismo liberal têm uma coisa em comum: ambos têm sido pouco capazes de atrair seguidores.
Bento rejeita extremistas de todas as fés, mas ele também não se impressiona com uma religião diluída. E ele está curioso para aprender mais sobre como o Islam está convivendo com a modernização sem abrir mão de sua identidade porque ele está trilhando um caminho semelhante.
Sua visita ao Oriente Médio está repleta de dificuldades. Tantas coisas podem dar errado. Mas o Papa Bento XVI tem uma arma secreta: um charme profundo e autêntico que vence a timidez para conquistar amigos em lugares improváveis.
Quando ele era um velho cardeal, ele caminhava ao longo da Praça de São Pedro toda manhã. Ele não perambulava seguido por um comitê de conselheiros: com freqüência ele estava sozinho e muito satisfeito batendo papo com peregrinos, às vezes por vinte minutos. Este é o lado de Joseph Ratzinger que os muçulmanos, judeus e cristãos da Terra Santa estão para descobrir. Se será suficiente para produzir um triunfo diplomático, é o que vamos ver."
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