quinta-feira, 14 de maio de 2009

PLC 122/2006: o pecado e o pecador

É correto demitir uma pessoa trabalhadora, esforçada e competente em decorrência de sua preferência sexual? É correto matar um homem porque ele faz sexo com outros homens? Ou humilhar uma mulher porque ela se deita com mulheres?

Para qualquer cristão, não deve ser difícil responder a essas questões com um claro "Não!". A discriminação injusta das pessoas e o tratamento indigno dispensado a elas agridem frontalmente os valores cristãos, que preconizam o amor, a solidariedade, o acolhimento.

Por isso, a muitas pessoas - especialmente aos cristãos que simpatizam com as demandas da esquerda (ou aos esquerdistas que têm simpatia pelo Cristianismo...) - parece contraditório seguir Cristo e ao mesmo tempo se opor ao Projeto de Lei da Câmara 122/2006, que torna crime a discriminação de homossexuais.

Para compreender isso, é fundamental ter em mente o velho adágio "Amar o pecador, odiar o pecado", que, parece, é oriundo de um frase de Santo Agostinho em sua Carta 211: "Cum dilectione hominum et odio vitiorum", ou seja, "Com amor à humanidade e ódio aos pecados".

Muita gente não consegue absorver essa idéia - tanto cristãos como não cristãos. Para eles, não é possível dissociar o pecador do pecado e odiar um implicaria odiar o outro.

Muitos ativistas homossexuais, em especial, vêm na condenação da Igreja ao homossexualismo - o pecado - uma condenação ao homossexual - o pecador. Eles defendem que para acolher o homossexual, é necessário deixar de considerar o homossexualismo como um pecado.

Reside nessa noção o grande perigo do PLC 122/2006, pois ele pretende silenciar todas as pessoas com relação ao homossexualismo - e não apenas com relação ao homossexual. Seu artigo 8º considera crime emitir opiniões de teor moral, ético ou filosófico contra a "orientação sexual", o que equivale criminalizar o opinião contra o homossexualismo.

Ora, devemos acolher os homossexuais como nossos iguais: são filhos de Deus como nós e, portanto, nossos irmãos. Recusar sua companhia, sua amizade, sua colaboração, sua convivência é um pecado pelo qual responderá quem agir sem amor. Mas isso não significa concordar com sua conduta. Pode ser até que essa conduta, no limite, nos obrigue a recusar sua amizade, sua colaboração, sua convivência , se ela nos expuser a situações de escândalo e de risco. Mas se a convivência puder ocorrer de forma saudável, ela deve ocorrer.

Amar o pecador, é bom que se lembre, signifca também corrigi-lo e poder apontar - com caridade - o seu erro. Não cabe a nós julgar o pecador, pois só Deus conhece o coração dos homens, mas não cabe a nós condecender com o pecado.

O que reivindicamos é o direito de amar o pecador, mas continuar odiando o pecado - sem esconder isso. Devemos combater a discriminação injusta, mas é fundamental manter nossa liberdade religiosa e nossa liberdade de expressão, que serão vitimadas caso o PLC 122/2006 seja aprovado. A verdadeira igualdade entre heterossexuais e homossexuais significa não a criação de privilégios, mas o tratamento sem distinções por parte da lei. Ou seja: todos devem ser protegidos das discriminações pela mesma lei que garante a todos a igualdade. Heterossexuais e homossexuais devem ser protegidos da violência pelas mesmas leis que punem o assassinato, o roubo, a calúnia, etc, sem que as preferências sexuais da vítima e do agressor sejam consideradas aspectos importantes do processo - pois isso sim seria discriminação.

Não é possível construir uma sociedade harmoniosa e acolhedroa se o conflito for a base das relações. Infelizmente vivemos tempos em que para promover a dignidade do homossexual parece ser preciso agredir os cristãos e combater a família, que para promover a dignidade damulher parece ser preciso destruir a feminilidade, que para promover a igualdade racial parece ser preciso promover o ódio racial. As estratégiasque vêm sendo seguidas no mundo ocidental estão criando uma sociedade permeada de rancores e de novas injustiças. Só o verdadeiro amor cristão pode gerar uma justiça sem adjetivos, isto é, uma justiça simplesmente justa.

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"O que pode temer o filho nos braços do Pai?"

São Pio de Pietrelcina