sexta-feira, 10 de abril de 2009

Por Amor



Ele é Deus. Assim, pode tudo. Basta uma centelha de vontade, um rápido pensamento, e o mundo inteiro pode mover-se, ou deixar de se mover. Foi assim que Ele transformou água cristalina em vinho. O que não era, passou a ser. Foi assim que cinco pães alimentaram cinco mil homens. O que não bastava, até sobrou. Foi assim que o cego começou a ver. Onde só havia escuridão, a luz penetrou. Foi assim que Ele andou sobre o mar; foi assim que Ele parou uma tempestade. Bastou que Ele quisesse. Ele desejou, e assim se fez. Ele é Deus, pode tudo.

"Se és mesmo o filho de Deus, desce dessa cruz", zombava e desafiava o povo. Ele não podia dar ordens aos ventos, fazer paralíticos andarem, fazer viver o que já estava morto? Então por que estava ali, pregado naquela cruz, com o corpo dilacerado? Ouvindo passivo o rugido da multidão? Que descesse!

Esse é um doloroso mistério da Paixão. O Filho de Deus se fez homem. Ele andou sobre o nosso mundo, do jeito que nós andamos. Pisou o mesmo chão. Tropeçou nas mesmas pedras, lavou-se nas mesmas águas. Alimentou-se do mesmo pão. Sentiu frio, calor, sede, dor. Tudo como nós. Tudo, com exceção do pecado.

Deus se fez homem. Deus se fez carne. E se entregou ao sofrimento como nenhum homem jamais havia feito. Deus se colocou no nosso lugar. Ele se entregou em sacrifício por nós. Ele se fez o Cordeiro de Deus.

Antigamente, os judeus costumavam sacrificar a Deus aquilo que tinham de melhor. Levavam ao Templo o melhor boi, o melhor cordeiro, a melhor parte da colheita, o melhor fruto de seu trabalho para sacrificar a Deus. O objetivo era mostrar ao Pai que podiam se desapegar do melhor que tinham para louvá-Lo e Lhe rogar o perdão dos pecados. Esse é o significado do sacrifício.

Jesus Cristo é o Filho de Deus. Ele próprio se entrega em sacrifício, resgatando os pecados da humanidade inteira. Daí em diante nunca mais será preciso sacrificar bois e ovelhas. O maior de todos os sacrifícios, a maior de todas as oferendas já foi feita.

Agora, nós ainda queremos pecar?

Antes de pecar, então, lembremo-nos. Lembremo-nos de cada uma das 39 chicotadas que Jesus levou. Lembremo-nos que o chicote tinha nove tiras, com pedaços pontudos de ossos em cada uma das nove pontas. Façamos as contas: 39 x 9. Foram 351 golpes cortando a pele, penetrando na carne, arrancando sangue e dor. Pensemos também na coroa de espinhos, forçada sobre o crânio. Lembremo-nos das humilhações, das bofetadas, das pancadas, das cusparadas. Lembremo-nos do peso da trave da cruz, algo perto de 50 quilos, carregados ao longo de mais de meio quilômetro – isso depois das chicotadas, das pancadas e de estar mais de doze horas sem comer nem beber nada.

Não se convenceu ainda? Então pensemos em como deve ser a sensação de ser despido e colocado sobre a cruz, com os braços esticados. Lembremo-nos dos cravos (que mediam quase 20 centímetros) sendo pregados com uma marreta, em cada um dos pulsos e também nos pés. Pensemos em quantos golpes foram necessários para pregar cada cravo na carne e no osso. E depois, pensemos na cruz já erguida sobre o chão. Imaginemos ter todo o nosso peso sustentando em nossas mãos pregadas. Imaginemos não conseguir respirar direito, pois o nosso corpo não tem sustentação para puxar ar suficiente.

Pensemos na sede. A língua presa no céu da boca. O sangue escorrendo por todo o corpo. Imaginemos agora a dor de cada uma das 351 vergastadas, dos ferimentos da cabeça provocados pelos espinhos, dos buracos nos pulsos e nos pés e da cãibra que domina todos os músculos.

Essa pequena descrição não tem a intenção de nos torturar. Apenas quer nos dar uma pequena noção daquilo que Jesus, o Filho de Deus, sofreu, da dor que suportou para nos salvar. Para nos libertar da morte. Para permitir que nós tenhamos acesso ao Reino de Deus. Jesus Cristo se entregou ao sacrifício por nossa causa. Cada golpe que se corpo recebeu , no fim das contas, foi provocado por nós.

Mesmo assim, no auge da dor, ele pediu a Deus que nos perdoasse. Essa é a resposta à grande pergunta. Por quê? Por que o Filho de Deus, que poderia ter feito parar todo esse sofrimento se assim desejasse, aceitou tudo?

Por amor é a resposta. Por amor.

Deus nos ama. Jesus nos ama. Cada pecado nosso é uma ferida em seu corpo, uma chaga em seu coração. É por isso que não devemos pecar. Não por que tenhamos medo do inferno. Mas por amor. Quem ama não quer ver o ser amado sofrendo. Pode um pai ou uma mãe suportar a dor de um filho? Pode um filho agüentar o choro dos pais? Os irmãos não cuidam uns dos outros? Então porque continuamos pecando, se sabemos que são os nossos pecados a razão da crucificação de Jesus?

Procuremos parar de pecar e reconheçamos, sejamos gratos. Acima de tudo, por amor ao Pai, a Jesus.

Afinal, Ele nos amou primeiro.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Deus abençoe os sacerdotes

Uma grande notícia foi dada por alguns veículos de mídia recentemente: a de que voltou a crescer o número de padres. O jornal carioca O Dia publicou uma ótima matéria sobre o assunto, informando que foram ordenados em 2008 no Brasil 220 novos sacerdotes, sendo que a média dos dez anos anteriores era de 55 por ano. Além disso, ainda segundo a reportagem, muitos seminários estão sendo obrigados a recusar candidatos por falta de vagas.

Os blogs Veritatis Splendor e Por que não dizem... repercutiram essa notícia com uma análise que considero bastante correta: a firmeza doutrinal, ao contrário do que pensava (e desejava...) muita gente, está incentivando o florescimento de novas vocações.

Espero que seja o fim do triste inverno vocacional que o mundo viveu nas últimas décadas. Nos anos 80 e 90 o número de candidatos ao sacerdócio caiu drasticamente, a idade média dos padres aumentou. Em geral, os especialistas apontam o relativismo (em suas vertentes moral, religiosa e cultural) como a principal razão disso. Para piorar, a partir dos anos 90 estouraram seguidos escândalos de pedofilia envolvendo padres – e os pecados de uns acabaram, na opinião pública, recaindo sobre todos.

Os padres, em certa medida, passaram a ser muito mal vistos. Acho que ao longo da história sempre houve, paralelamente ao sentimento de reverência que os sacerdotes merecem, um sentimento de incompreensão que se aproximou muito, nos últimos tempos, da aversão. Sempre houve gente que achava que os padres “não trabalham”, ou que são homens só pela metade. Mas recentemente, acho que isso piorou.

A título de exemplo: há algum tempo, ouvi uma mãe dizer, em tom de brincadeira, que seu filho de quatro anos um dia seria padre. O marido, mais que depressa, disse: “de jeito nenhum!” Por que isso? Acho que, nesse caso, é uma forma estúpida de machismo, que deprecia a virilidade dos sacerdotes e exalta a, digamos assim, “galinhagem” masculina. Acho que esse pequeno exemplo mostra bem como muita gente encara os sacerdotes: com certo desprezo, alguma galhofa. E certamente muita gente pensa – mesmo que não fale claramente – que o sacerdócio é uma “profissão” para jovens “fracassados”, que não teriam melhor perspectiva profissional ou mesmo afetiva na vida.

Tenho enorme respeito e admiração por todas as pessoas que decidem seguir o sacerdócio ou a vida religiosa. São homens que se sacrificam em prol de todos. Se eles não decidissem abrir mão da família e da vida sexual, da riqueza material, de certas liberdades, de sucesso mundano, nós não teríamos quem consagrasse o Pão e o Vinho e estaríamos privados da Eucaristia! Não teríamos quem nos ouvisse em confissão e estaríamos privados da reconciliação com Deus!

Que o Senhor abençoe todos os sacerdotes e todos os seminaristas! Que Ele fortaleça suas vocações e os ajude a trilhar esse caminho difícil, mas glorioso. E que Ele nos ajude a ser mais reverentes – e se necessário, pacientes – com todos os sacerdotes.

Para finalizar, recupero dois vídeos que já foram indicados aqui. Eles são as partes I e 2 do breve documentário "Fishers of Men" ("Pescadores de Homens"), da produtora americana Grassroots Films e tratam da beleza e dos desafios do sacerdócio. Muito bonitos:

Fishers of Men - Parte 1:



Fishers of Men - Parte 2:

O Jejum de Sexta-Feira da Paixão

Embora todos saibamos que devemos jejuar e nos abter de carne na Quarta-Feira de Cinzas e na Sexta-Feira da Paixão, geralmente não sabemos ao certo como fazer isso. Pois há um texto bastante esclarecedor disponível no site da Canção Nova. Aém de explicar as várias formas de jejum que existem (a pão e água, a base de líquidos, completo...), ele explica como fazer o chamado jejum da Igreja, que é o desses dois dias santos. Veja abaixo:

Jejum da Igreja

Assim é chamado o tipo de jejum prescrito para toda a Igreja e que, por isso, é extremamente simples, podendo ser feito por qualquer pessoa.

Alguém poderia pensar que esse seja um jejum relaxado ou que nem seja realmente jejum, porque ele é muito fácil. Mas não é bem assim.

Esse modo de jejuar vem da Tradição da Igreja e pode ser praticado por todos sem exceção, sendo esse o motivo porque é prescrito a toda a Igreja.

O básico desse tipo de jejum é que você tome o café da manhã normalmente e depois faça apenas uma refeição - almoçar ou jantar -, a depender dos seus hábitos, de sua saúde e de seu trabalho. A outra refeição, a que você não vai fazer, será substituída por um lanche simples, de acordo com as suas necessidades.

Dessa maneira, por exemplo, se você escolher o almoço para fazer a refeição completa, no jantar faça um lanche que lhe dê condições de passar o resto da noite sem fome.

O conceito de jejum não exige que você passe fome. Em suas aparições em Medjurgorje, a própria Nossa Senhora o repetiu várias vezes. Jejuar é refrear a nossa gula e disciplinar o nosso comer.

O importante, e aí está a essência do jejum, é a disciplina, e é você não comer nada além dessas três refeições. O que interessa é cortar de vez o hábito de "beliscar", de abrir a geladeira várias vezes ao dia para comer "uma coisinha". Evitar completamente, nesse dia, as balas, os doces, os chocolates e os biscoitos. Deixar de lado os refrigerantes, as bebidas e os cafezinhos.

Para quem é disciplinado - e muitos de nós o somos -, isso é um jejum, e dos "bravos"! Nesse tipo de jejum, não se passa fome. Mas como "a gente" se disciplina; como refreia a gula! E é esta a finalidade do jejum.

Qualquer pessoa pode fazer esse tipo de jejum, mesmo os doentes, porque água e remédios não quebram jejum. Se for necessário leite para tomar os remédios, o jejum não é quebrado, pois a disciplina fica mantida. Para o doente e para o idoso, disciplina mesmo talvez seja tomar os remédios e tomar corretamente.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Deixe Cristo entrar em sua vida


Não é fácil ter tempo para Deus; não é fácil pensar nEle. O mundo anda tão corrido, tão complicado, que é mais simples deixar para depois. Há o trabalho, há os estudos – como interromper nossas tarefas para gastar tempo com Cristo? E quando sobrar tempo... Bom, precisamos é nos divertir, jogar bola, ver novela, beber uma cerveja, afinal, ninguém é de ferro!

Mas, enquanto isso, Jesus Cristo bate à porta. Ele chama, estende a mão. Ele é o Bom Pastor, que não descansa enquanto uma ovelha estiver perdida, que luta para afastar o lobo e manter o rebanho protegido e que não descuida de nenhum cordeiro. Por isso, aqueles que se perdem, Ele procura. Aqueles que se afastam, Ele busca. Aqueles que se escondem, Ele acha. Aqueles que Lhe fecham a porta, ele chama. Nós vamos ouvi-lo?

Todos conhecemos a história de um jovem aventureiro que um dia, com o espírito curioso e ansioso por conhecer o mundo, pediu ao pai a sua parte da herança e foi-se embora. Ele viajou, divertiu-se de forma vergonhosa, esbaldou-se no pecado, deixou para trás sua família e seu Deus para mergulhar nos “prazeres” do mundo. Mas todos sabemos como ele quase terminou. Estava esse jovem a chafurdar no chiqueiro, a alimentar-se com as sobras dos porcos, quando se arrependeu, e, decidindo que seu fim não seria aquele, resolveu voltar – para casa, para seu pai, para Deus.

Será que somos como esse jovem? Estamos em casa pensando em pedir a nossa parte da herança? Ou até já pedimos e estamos a caminho do pecado? Ou, pior, já estamos no chiqueiro? Tomara que não. Mas, se algum dias nós escorregamos, ou se algum dia viermos a escorregar, tomara que tenhamos a humildade – e a coragem – desse jovem de pedir perdão e de retornar.

Encerrou-se anteontem a Quaresma e vivemos agora a Semana Santa. Devemos aproveitar estes dias para refletir sobre o sacrifício de Jesus Cristo por nós e para nos reencontrarmos com Deus, para abrirmos nossos corações para Jesus, para deixá-Lo entrar em nossa casa, para deixá-Lo conviver com nossa família. Partilhar com Ele a nossa vida. Precisamos nos converter.

Converter-nos significa fortalecer a nossa fé, cultivá-la e fazê-la dar frutos. Que frutos são esses? Ora, é a salvação da nossa alma e daqueles que estão perto de nós. É o bem que pudermos fazer ao nosso redor. É a felicidade que pudermos construir na nossa família. E é o trabalho que pudermos fazer em nossa comunidade e em nossa Igreja.

Converter-nos significa também ter a coragem de contrariar o mundo. Homem que é homem, mulher que é mulher, faz o que é certo, não o que os outros fazem. Nos tempos modernos, algumas pessoas, principalmente na TV, no cinema e nas revistas, querem convencer os outros de que amar a Deus, de que seguir uma religião é coisa fora de moda. Eles dizem que nada é pecado, que não existe mais o certo e o errado. Essas pessoas, talvez sem saber, fazem o serviço do demônio. É preciso dizer NÃO a essas mentiras, é preciso voltar ao seio da Igreja, é preciso fugir do pecado e correr para os braços de Jesus.

E não é possível encontrar Jesus longe da Igreja. Aqueles que pensam que podem chegar a Ele sozinhos estão enganados. Somente a Igreja pode nos mostrar o Jesus verdadeiro, o Filho de Deus, sem os disfarces que muitos quiseram colocar nEle – como os disfarces do revolucionário político ou do filósofo relativista.

Somente nos abriremos de verdade para Jesus quando estivermos vivendo verdadeiramente a vida cristã – e isso significa, também, participar das missas, comungar sempre, confessar-se com freqüência. Aquele que fica longe da Igreja, pensando de que poderá encontrar Jesus sozinho, vive em ilusão. Afinal, nenhuma planta vive nem dá frutos se estiver esquecida na escuridão, sem luz e sem água. Os alimentos espirituais que nos fazem crescer na fé só podemos encontrar na Igreja Católica: são o Jesus Eucarístico e a Palavra de Deus.

Quem está afastado de Cristo precisa saber que Ele está só esperando que O deixem se aproximar. Quem está afastado da Igreja, precisa voltar. Quem se perdeu no caminho, precisa esquecer as palavras perigosas daqueles que não têm fé, esquecer as armadilhas do mundo, esquecer os pesos do passado. Fazer como o filho pródigo: fugir do chiqueiro dos pecados e correr para o lugar onde há alegria, amor e felicidade.

Conheça a Igreja XXII: A Ordem dos Jesuítas


A Companhia de Jesus (Societas Iesu, abreviatura SJ) foi fundada em 1534 por Iñigo López de Oñaz y Loyol (conhecido mais tarde como Santo Inácio de Loyola) e por seis companheiros estudantes da Universidade de Paris. A aprovação pontifícia foi dada por Paulo III em 1540. O objetivo dos fundadores era se colocarem à disposição do papa, cumprindo as missões que ele lhes designasse. O contexto da época - da Reforma e da Contra-Reforma - fez da Companhia de Jesus um importante instrumento de expansão do Catolicismo e de combate ao Protestantismo.

Os jesuítas tiveram importante papel na época das grandes navegações. Eles desembarcaram nas Américas e na Ásia, aonde p
rocuraram levar o Evangelho. Geralmente eram jesuítas os primeiros missionários nas novas terras descobertas. Sua atuação, no entanto, não tardou a desagradar aos governantes de Portugal e Espanha, as duas principais potências coloniais: os padres jesuítas logo se opuseram à escravidão indígena e criaram "reservas" de proteção aos índios: as chamadas missões ou reduções, onde eles viviam coletivamente e eram educados e catequizados, razoavelmente protegidos dos caçadores de escravos. A presão, no entanto, acabou levando à supressão das missões.

A ordem esteve formalmente extinta entre 1773 e 1814. Na época, era acusada de imiscuir-se nos assuntos temporais e antes de sua extinção, foi expulsa de países como Portugal, Espanha e França. Depois de sua restauração, no entanto, a ordem voltou a se espalhar pelo mundo.

A Companhia de Jesus é um instituto de vida consagrada em que seus membros são sacerdotes. Atualmente, são 21 mil padres em 112 países. No Brasil, são três províncias: a do Brasil Meridional, a do Brasil Centro-Leste e a do Brasil Nordeste.

Os jesuítas participam mais ativamente de projetos educacionais, de evangelização e de defesa dos direitos humanos. Sua espiritualidade está fundada nos famosos Exercícios Espirituais de Santo Inácio, livro escrito pelo santo fundador "para ajudar as pessoas que procuram e desejam seguir a Jesus Cristo no serviço do Reino de Deus."

Um importante movimento leigo ligado à Companhia de Jesus é o Apostolado da Oração, fundado na França em 1844 em um colégio Jesuíta.

Entre os 50 santos jesuítas, podemos citar, além de Santo Inácio, São Francisco Xavier e São Luís Gonzaga. Devemos lembrar também que o beato José de Anchieta também era jesuíta.

Para saber mais:
Províncias brasileiras Meridional, Centro-Leste e Nordeste
Companhia de Jesus (Enciclopédia Católica ACI Prensa, em espanhol)
SJWeb (portal internacional em inglês e espanhol)
Jesuítas em Portugal
Apostolado da Oração (site internacional, em inglês)

Obras jesuítas (escolas, universidades, etc)

Perdão

Durante esse tempo falamos e falamos sobre os pecados e suas consequências negativas em nossa vida. Hoje vamos falar sobre a misericórdia de Deus em sua capacidade de nós perdoar.

Modos de obter o perdão dos pecados

§1434 As múltiplas formas da penitência na vida cristã A penitência interior do cristão pode ter expressões bem variadas. A escritura e os padres insistem principalmente em três formas: o jejum, a oração e a esmola, que exprimem a conversão com relação a si mesmo, a Deus e aos outros. Ao lado da purificação radical operada pelo batismo ou pelo martírio, citam, como meio de obter o perdão dos pecados, os esforços empreendidos para reconciliar-se com o próximo, as lágrimas de penitência, a preocupação com a salvação do próximo, a intercessão dos santos e a prática da caridade, "que cobre uma multidão de pecados" (1Pd 4,8).

§1435 A conversão se realiza na vida cotidiana por meio de gestos de reconciliação, do cuidado dos pobres, do exercício e da defesa da Justiça e do direito, pela confissão das faltas aos irmãos, pela correção fraterna, pela revisão de vida, pelo exame de consciência pela direção espiritual, pela aceitação dos sofrimentos, pela firmeza na perseguição por causa da justiça. Tomar sua cruz, cada dia, seguir a Jesus é o caminho mais seguro da penitencia.

§1436 Eucaristia e penitência. A conversão e a penitência cotidiana encontram sua fonte e seu alimento na Eucaristia, pois nela se torna presente o sacrifício de Cristo que nos reconciliou com Deus; por ela são nutridos e fortificados aqueles que vivem da vida de Cristo: "ela é o antídoto que nos liberta de nossas faltas cotidianas e nos preserva dos pecados mortais".

§1437 A leitura da Sagrada Escritura, a oração da Liturgia das Horas e do Pai-nosso, todo ato sincero de culto ou de piedade reaviva em nós o espírito de conversão e de penitência e contribui para o perdão dos pecados.

§1438 Os tempos e os dias de penitência ao longo do ano litúrgico (o tempo da quaresma, cada sexta-feira em memória da morte do Senhor) são momentos fortes da prática penitencial da Igreja. Esses tempos são particularmente apropriados aos exercícios espirituais, às liturgias penitenciais, às peregrinações em sinal de penitência, às privações voluntárias como o jejum e a esmola, à partilha fraterna (obras de caridade e missionárias).

§1439 O dinamismo da conversão e da penitência foi maravilhosamente descrito por Jesus na parábola do "filho pródigo", cujo centro é "O pai misericordioso": o fascínio de uma liberdade ilusória, o abandono da casa paterna; a extrema miséria em que se encontra o filho depois de esbanjar sua fortuna; a profunda humilhação de ver-se obrigado a cuidar dos porcos e, pior ainda, de querer matar a fome com a sua ração; a reflexão sobre os bens perdidos; o arrependimento e a decisão de declarar-se culpado diante do pai; o caminho de volta; o generoso acolhimento da parte do pai; a alegria do pai: tudo isso são traços específicos do processo de conversão. A bela túnica, o anel e o banquete da festa são símbolos desta nova vida, pura, digna, cheia de alegria, que é a vida do homem que volta a Deus e ao seio de sua família, que é a Igreja. Só o coração de Cristo que conhece as profundezas do amor do Pai pôde revelar-nos o abismo de sua misericórdia de uma maneira tão simples e tão bela.

P.28.16.11 Oblação de Cristo pelos pecados do homem

§606 O Filho de Deus, que "desceu do Céu não para fazer sua vontade, mas a do Pai que o enviou", "diz ao entrar no mundo:.. Eis-me aqui... eu vim, ó Deus, para fazer a tua vontade... Graças a esta vontade é que somos santificados pela oferenda do corpo de Jesus Cristo, realizada uma vez por todas" (Hb 10,5-10). Desde o primeiro instante de sua Encarnação, o Filho desposa o desígnio de salvação divino em sua missão redentora: "Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e consumar sua obra" (Jo 4,34). O sacrifício de Jesus "pelos pecados do mundo inteiro" (1Jo 2,2) é a expressão de sua comunhão de amor ao Pai: "O Pai me ama porque dou a minha vida" (Jo 10,17). "O mundo saberá que amo o Pai e faço como o Pai me ordenou" (Jo 14,31).

§607 Este desejo de desposar o desígnio de amor redentor de seu Pai anima toda a vida de Jesus pois sua Paixão redentora é a razão de ser de sua Encarnação: "Pai, salva-me desta hora. Mas foi precisamente para esta hora que eu vim" (Jo 12,27). "Deixarei eu de beber o cálice que o Pai me deu?" (Jo 18,11). E ainda na cruz, antes que tudo fosse "consumado" (Jo 19,30), ele disse: "Tenho sede" (Jo 19,28).

§608 Depois de ter aceitado dar-lhe o Batismo junto com os pecadores, João Batista viu e mostrou em Jesus o "Cordeiro de Deus, que tira os pecados do mundo". Manifesta, assim que Jesus é ao mesmo tempo o Servo Sofredor que se deixa levar silencioso ao matadouro e carrega o pecado das multidões e o cordeiro pascal, símbolo da redenção de Israel por ocasião da primeira Páscoa Toda a vida de Cristo exprime sua missão: "Servir e dar sua vida em resgate por muitos".

§609 Ao abraçar em seu coração humano o amor do Pai pelos homens, Jesus "amou-os até o fim" (Jo 13,11), "pois ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos" (Jo 15,13). Assim, no sofrimento e na morte, sua humanidade se tornou o instrumento livre e perfeito de seu amor divino, que quer a salvação dos homens. Com efeito, aceitou livremente sua Paixão e sua Morte por amor de seu Pai e dos homens, que o Pai quer salvar: "Ninguém me tira a vida, mas eu a dou livremente" (Jo 10,18). Daí a liberdade soberana do Filho de Deus quando Ele mesmo vai ao encontro da morte.

§610 Jesus expressou de modo supremo a oferta livre de si mesmo na refeição que tomou com os Doze Apóstolos na "noite em que foi entregue" (1 Cor 11,23). Na véspera de sua Paixão, quando ainda estava em liberdade, Jesus fez desta Última Ceia com seus apóstolos o memorial de sua oferta voluntária ao Pai, pela salvação dos homens: "Isto é o meu corpo que é dado por vós" (Lc 22,19). "Isto é o meu sangue, o sangue da Aliança, que é derramado por muitos para remissão dos pecados" (Mt 26,28).

§611 A Eucaristia que instituiu naquele momento será o "memorial" de seu sacrifício. Jesus inclui os apóstolos em sua própria oferta e lhes pede que a perpetuem. Com isso, institui seus apóstolos sacerdotes da Nova Aliança: "Por eles, a mim mesmo me santifico, para que sejam santificados na verdade" (Jo 17,19).

§612 O cálice da Nova Aliança, que Jesus antecipou na Ceia, oferecendo-se a si mesmo, aceita-o em seguida das mãos do Pai em sua agonia no Getsêmani, tornando-se "obediente até a morte" (Fl 2,8). Jesus ora: "Meu Pai, se for possível, que passe de mim este cálice..." (Mt 26,39). Exprime assim o horror que a morte representa para sua natureza humana. Com efeito, a natureza humana de Jesus, como a nossa, está destinada à Vida Eterna; além disso, diversamente da nossa, ela é totalmente isenta de pecado, que causa a morte"; mas ela é sobretudo assumida pela pessoa divina do "Príncipe da Vida", do "vivente". Ao aceitar em sua vontade humana que a vontade do Pai seja feita, aceita sua morte como redentora para "carregar em seu próprio corpo os nossos pecados sobre o madeiro" (1Pd 2,24).

§613 A morte de Cristo é ao mesmo tempo o sacrifício pascal, que realiza a redenção definitiva dos homens pelo "cordeiro que tira o pecado do mundo", e o sacrifício da Nova Aliança, que reconduz o homem à comunhão com Deus, reconciliando-o com ele pelo "sangue derramado por muitos para remissão dos pecados".

§614 Este sacrifício de Cristo é único. Ele realiza e supera todos os sacrifícios. Ele é primeiro um dom do próprio Deus Pai: é o Pai que entrega seu Filho para reconciliar-nos consigo. É ao mesmo tempo oferenda do Filho de Deus feito homem, o qual, livremente e por amor, oferece sua vida a seu Pai pelo Espírito Santo, para reparar nossa desobediência.

§615 Como pela desobediência de um só homem todos se tornaram pecadores, assim, pela obediência de um só, todos se tornarão justos" (Rm 5,19). Por sua obediência até a morte, Jesus realizou a substituição do Servo Sofredor que "oferece sua vida em sacrifício expiatório", "quando carregava o pecado das multidões", "que ele justifica levando sobre si o pecado de muitos". Jesus prestou reparação por nossas faltas e satisfez o Pai por nossos pecados.

§616 É "o amor até o fim" que confere o Valor de redenção de reparação, de expiação e de satisfação ao sacrifício de Cristo. Ele nos conheceu a todos e amou na oferenda de sua vida. "A caridade de Cristo nos compele quando consideramos que um só morreu por todos e que, por conseguinte, todos morreram" (2 Cor 5,14). Nenhum homem, ainda que o mais santo, tinha condições de tomar sobre si os pecados de todos os homens e de se oferecer em sacrifício por todos. A existência em Cristo da Pessoa Divina do Filho, que supera e, ao mesmo tempo, abraça todas as pessoas humanas, e que o constitui Cabeça de toda a humanidade, torna possível seu sacrifício redentor por todos.

§617 "Sua sanctissima passione in ligno crucis nobis iustificationem meruit - Por sua santíssima Paixão no madeiro da cruz mereceu-nos a justificação", ensina o Concílio de Trento, sublinhando o caráter único do sacrifício de Cristo como "princípio de salvação eterna". E a Igreja venera a Cruz, cantando: crux, ave, spes única - Salve, ó Cruz, única esperança".

§618 A Cruz é o único sacrifício de Cristo, "único mediador entre Deus e os homens". Mas pelo fato de que, em sua Pessoa Divina encarnada, "de certo modo uniu a si mesmo todos os homens", "oferece a todos os homens, de uma forma que Deus conhece, a possibilidade de serem associados ao Mistério Pascal". Chama seus discípulos a "tomar sua cruz e a segui-lo", pois "sofreu por nós, deixou-nos um exemplo, a fim de que sigamos seus passos". Quer associar a seu sacrifício redentor aqueles mesmos que são os primeiros beneficiários dele. Isto realiza-se de maneira suprema em sua Mãe, associada mais intimamente do que qualquer outro ao mistério de seu sofrimento redentor:

Fora da Cruz não existe outra escada por onde subir ao céu.

P.28.16.12 Oração para não entrarmos no caminho do pecado

§2846Não nos deixeis cair em tentação

Este pedido atinge a raiz do precedente, pois nossos pecados são fruto do consentimento na, tentação. Pedimos ao nosso Pai que não nos "deixe cair" nela. E difícil traduzir, com uma palavra só, a expressão grega "me eisenegkes" (pronuncie: "me eissenenkes"), que significa "não permitas entrar em", "não nos deixeis sucumbir à tentação". "Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta" (Tg 1,13); Ele quer, ao contrário, dela nos livrar. Nós lhe pedimos que não nos deixe enveredar pelo caminho que conduz ao pecado. Estamos empenhados no combate "entre a carne e o Espírito". Este pedido implora o Espírito de discernimento e de fortaleza.

P.28.16.13 Penitência e Reconciliação cf. Penitência e Reconciliação

P.28.16.14 Penitência interior caminho para superar o pecado

§1431 A penitência interior é uma reorientação radical de toda a vida, um retorno, uma conversão para Deus de todo nosso coração, uma ruptura com o pecado, uma aversão ao mal e repugnância às m s obras que cometemos. Ao mesmo tempo, é o desejo e a resolução de mudar de vida com a esperança da misericórdia divina e a confiança na ajuda de sua graça. Esta conversão do coração vem acompanhada de uma dor e uma tristeza salutares, chamadas pelos Padres de "animi cruciatus (aflição do espírito)", "compunctio cordis (arrependimento do coração)" .

P.28.16.15 Só Deus pode perdoar os pecados

§270 "TU TE COMPADECES DE TODOS, PORQUE TUDO PODES" (SB 11,23)

Deus é o Pai Todo-Poderoso. Sua paternidade e seu poder iluminam-se mutuamente. Com efeito, ele mostra sua onipotência paternal pela maneira como cuida de nossas necessidades, pela adoção filial que nos outorga ("Serei para vós um pai, e sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso": 2Cor 6,18), e finalmente por sua misericórdia infinita, pois mostra seu poder no mais alto grau, perdoando livremente os pecados.

§277 Deus manifesta sua onipotência convertendo-nos dos nossos pecados e restabelecendo-nos em sua amizade pela graça ("Deus, qui omnipotentiam tuam parcendo maxime et miserando manifestas... - O Deus, que manifestais o vosso poder sobretudo na misericórdia.".

§430 Jesus quer dizer, em hebraico, "Deus salva". No momento da Anunciação, o anjo Gabriel dá-lhe como nome próprio o nome de Jesus, que exprime ao mesmo tempo sua identidade e missão. Uma vez que "só Deus pode perdoar os pecados" (Mc 2,7), é Ele que, em Jesus, seu Filho eterno feito homem, "salvará seu povo dos pecados" (Mt 1,21). Em Jesus, portanto, Deus recapitula toda a sua história de salvação em favor dos homens.

§431 Na História da Salvação, Deus não se contentou em libertar Israel da "casa da escravidão" (Dt 5,6), fazendo-o sair do Egito. Salva-o também de seu pecado. Por ser o pecado sempre uma ofensa feita a Deus, só ele pode perdoá-lo. Por isso Israel, tomando consciência cada vez mais clara da universalidade do pecado, não poder §1441 SÓ DEUS PERDOA OS PECADOS Só eus perdoa os pecados. Por ser o Filho de Deus, Jesus diz de si mesmo: "O Filho do homem tem poder de perdoar pecados na terra" (Mc 2,10) e exerce esse poder divino: "Teus pecados estão perdoados!" (Mc 2,5). Mais ainda: em virtude de sua autoridade divina, transmite esse poder aos homens para que o exerçam em seu nome.

P.28.16.16 Violência e multiplicidade do pecado manifestadas na paixão de Cristo

§1851 É justamente na paixão, em que a misericórdia de Cristo vai vencê-lo, que o pecado manifesta o grau mais alto de sua violência e de sua multiplicidade: incredulidade, ódio assassino, rejeição e zombarias da parte dos chefes e do povo, covardia de Pilatos e crueldade dos soldados, traição de Judas, tão dura para Jesus, negação de Pedro e abandono da parte dos discípulos. Mas, na própria hora das trevas e do príncipe deste mundo, o sacrifício de Cristo se toma secretamente a fonte de onde brotará inesgotavelmente o perdão de nossos pecados.

domingo, 5 de abril de 2009

Os pecados contra a esperança e a fé

Pecados contra a esperança

§2091 O primeiro mandamento visa também aos pecados contra a esperança, que são o desespero e a presunção.

Pelo desespero, o homem deixa de esperar de Deus sua salvação pessoal, os auxílios para alcançá-la ou o perdão de seus pecados. O desespero opõe-se à bondade de Deus, à sua justiça porque o Senhor é fiel a suas promessas e à sua misericórdia.

P.28.20.11 Pecados contra a fé

§2088 O primeiro mandamento manda-nos alimentar e guardar com prudência e vigilância nossa fé e rejeitar tudo o que se lhe opõe. Há diversas maneiras de pecar contra a fé.

A dúvida voluntária sobre a fé negligencia ou recusa ter como verdadeiro o que Deus revelou e que a Igreja propõe para crer. A dúvida involuntária designa a hesitação em crer, a dificuldade de superar as objeções ligadas à fé ou, ainda, a ansiedade suscitada pela obscuridade da fé. Se for deliberadamente cultivada, a dúvida pode levar à cegueira do espírito.

§2089 A incredulidade é a negligência da verdade revelada ou a recusa voluntária de lhe dar o próprio assentimento. "Chama-se heresia a negação pertinaz, após a recepção do Batismo, de qualquer verdade que se deve crer com fé divina e católica, ou a dúvida pertinaz a respeito dessa verdade; apostasia, o repúdio total da fé cristã; cisma, a recusa de sujeição ao Sumo Pontífice ou da comunhão com os membros da Igreja a ele sujeitos."

sábado, 4 de abril de 2009

Orgulho



S.48 SOBERBA

§1866 Os vícios podem ser classificados segundo as virtudes que contrariam, ou ainda ligados aos pecados capitais que a experiência cristã distinguiu seguindo S. João Cassiano e S. Gregório Magno. São chamados capitais porque geram outros pecados, outros vícios. São o orgulho, a avareza, inveja, a ira, a impureza, a gula, a preguiça ou acídia.

§2514 O NONO MANDAMENTO Não cobiçarás a casa de teu próximo, não desejarás sua mulher, nem seu servo, nem sua serva, nem seu boi, nem seu jumento, nem coisa alguma que pertença a teu próximo (Ex 20,17). Todo aquele que olha para uma mulher com desejo libidinoso já cometeu adultério com ela em seu coração (Mt 5,28).

São João distingue três espécies de cobiça ou concupiscência: a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida. Conforme a tradição catequética católica, o nono mandamento proíbe a concupiscência carnal; o décimo proíbe a concupiscência dos bens alheios.

S.48.1 Conseqüências da soberba

§2094 Pode-se pecar de diversas maneiras contra o amor de Deus: a indiferença negligencia ou recusa a consideração da caridade divina, menospreza a iniciativa (de Deus em nos amar) e nega sua força. A ingratidão omite ou se recusa a reconhecer a caridade divina e a pagar amor com amor. A tibieza é uma hesitação ou uma negligência em responder ao amor divino, podendo implicar a recusa de se entregar ao dinamismo da caridade. A acídia ou preguiça espiritual chega a recusar até a alegria que vem de Deus e a ter horror ao bem divino. O ódio a Deus vem do orgulho. Opõe-se ao amor de Deus, cuja bondade nega, e atreve-se a maldizê-lo como aquele que proíbe os pecados e inflige as penas.

§2317 As injustiças, as desigualdades excessivas de ordem econômica ou social, a inveja, a desconfiança e o orgulho que grassam entre os homens e as nações ameaçam sem cessar paz e causam as guerras. Tudo o que for feito para vencer essas desordens contribui para edificar a paz e evitar a guerra:

Pecadores que são, os homens vivem em perigo de guerra, e este perigo os ameaçará até a volta de Cristo. Mas, na medida em que, unidos pela caridade, superem o pecado, superarão igualmente as violências, até que se cumpra a palavra: "De suas espadas eles forjarão relhas de arado, e de suas lanças, foices. Uma nação não levantará a espada contra a outra, e já não se adestrarão para a guerra" (Is 2,4).

§2540 A inveja representa uma das formas de tristeza e, portanto, uma recusa da caridade; o batizado lutará contra ela mediante a benevolência. A inveja provém muitas vezes do orgulho o batizado se exercitará no caminho da humildade:

Quereríeis ver Deus glorificado por vós?

Pois bem, alegrai-vos com os progressos de vosso irmão e imediatamente Deus será glorificado por vós. Deus será louvado dirão, porque seu servo soube vencer a inveja, colocando alegria nos méritos dos outros.

§2728 Enfim, nosso combate deve enfrentar aquilo que sentimos como nossos fracassos na oração: desânimo diante de nossa aridez, tristeza por não ter dado tudo ao Senhor, por ter ''muitos bens", decepção por não ser atendidos segundo nossa vontade própria, insulto ao nosso orgulho (o qual não aceita nossa indignidade de pecadores), alergia à gratuidade da oração etc. A conclusão é sempre a mesma: para que rezar? Para superar esses obstáculos é preciso lutar para ter a humildade, a confiança, a perseverança.

S.48.2 Luta contra a soberba

§1784 A educação da consciência é uma tarefa de toda a vida. Desde os primeiros anos, alerta a criança para o conhecimento e a prática da lei interior reconhecida pela consciência moral. Uma educação prudente ensina a virtude, preserva ou cura do medo, do egoísmo e do orgulho, dos sentimentos de culpabilidade e dos movimentos de complacência, nascidos da fraqueza e das faltas humanas. A educação da consciência garante a liberdade e gera a paz do coração.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Globalização, Religiões e Igreja

Transcrevo abaixo parte de uma texto escrito pelo padre espanhol Francisco Faus em 2004. O texto, escrito por um respeitado sacerdote ligado à Opus Dei e autor de vários livros pela Editora Quadrante, é destinado a palestras para seminaristas. Nele, Francisco Faus, com base em conferência proferida pelo padre Michel Schooyans em 2000, faz um alerta sobre a atuação da Organização das Nações Unidas (ONU) contra as religiões, especialmente o Catolicismo.

Eu já tinha lido as mesmas idéias em artigos de Olavo de Carvalho. Francisco Faus corrobora o que ele diz: a ONU quer implantar uma espécie de religião mundial, fundada sobre a geléia geral que conhecemos como Nova Era.

Para ler o artigo completo, clique aqui. Na verdade, apenas excluí a introdução, que trata do filme Paixão de Cristo, de Mel Gibson (lançado no mesmo ano em que o texto foi escrito e que, como lembramos, foi esculhambado por todos os esquerdistas do mundo).

Abaixo, o trecho que selecionei.

2. O globalismo e a religião

2.1 Até agora, a ONU e os organismos internacionais só se referiam à religião para falar do respeito devido ao princípio de liberdade religiosa, que figura como um dos "direitos fundamentais" na Declaração dos Direitos Humanos de 1948. De uns decênios para cá, este ângulo está mudando substancialmente, e a religião passa a ser vista como uma "preocupação", um "perigo", tanto pela a ONU como pelos organismos a ela ligados.

2.2 É interessante conhecer, neste sentido, a conferência pronunciada no ano 2000 pelo Pe. Michel Schooyans, membro da Pontifícia Academia das Ciências Sociais e Consultor do Pontifício Conselho para a Família, como parte de um Colóquio sobre a Globalização, promovido no Vaticano pelo Pontifício Conselho para a Família, de 27 a 29 de novembro de 2000. Um resumo da conferência foi publicado no n. 469 (Junho 2001), págs. 277 a 286, da revista Pergunte e Responderemos (www.osb.org.br).

2.3 O autor denuncia a ONU pelo seu projeto de globalização, que pretende chegar a instaurar, num futuro próximo, um Super-Estado com seu governo mundial e suas leis. Estas, ao invés de seguir os princípios da lei natural (pressupostos tacitamente na Declaração dos Direitos Humanos promulgada pela ONU em 1948), se baseariam exclusivamente na vontade dos legisladores, no simples e mero consenso, sem nenhum princípio moral básico inviolável, que possa servir de fundamento, orientação ou limite. Além do mais, esse Super-Estado teria direito de ingerência em cada nação do mundo, fazendo de tudo para impor as suas novas "normas éticas", pelo sistema de forçar os Estados – alegando exigências e praxe do direito internacional: mediante sanções, ou exercendo coação com ameaças comerciais, etc.– a assinar acordos, a subscrever declarações de princípios, a aceitar "Cartas de princípios" diversas, que sacramentem os novos "valores".

"A globalização – diz o Pe. Schooyans, expondo essa nova posição da ONU – deve ser reinterpretada à luz de uma nova visão do mundo e do lugar do homem no mundo". Essa nova visão apresenta uma perspectiva totalmente materialista do ser humano, que seria apenas "um avatar da evolução da matéria" [o que significa que fica eliminado um Deus Criador, que tenha querido e criado o homem, que lhe tenha dado um sentido e uma finalidade, uma missão na terra, e uma Lei pela qual se guiar para um destino eterno]; a vida humana não passaria de uma conjunção cega de acasos da matéria, que veio a se tornar consciente sobre si mesma e sobre a sua caducidade, pois seria apenas destinada a "desaparecer na Mãe-Terra, de onde nasceu". [prestem atenção: "Terra"="Gaia": uma palavra-chave da nova divindade da New Age]

2.4 Expressão deste pensamento dos que manipulam os cordéis da ONU e de seus organismos é a Carta da Terra, que a ONU vem preparando há tempo (pode ser achada na Internet), com o intuito de que suplante a antiga Declaração dos Direitos do Homem e jogue no cesto do lixo, como obsoleto, o próprio Decálogo, os Dez Mandamentos: "Formaremos uma sociedade global para cuidarmos da Terra e cuidarmos uns dos outros... Precisamos com urgência de uma visão compartilhada a respeito dos valores de base" .Gravem bem que hoje essas pessoas estão mudando radicalmente o sentido da palavra "valor": nenhum "valor" é considerado permanente, "valor" só significaria o que "a maioria valoriza" (vejam a passagem de algo objetivo – um valor ou princípio permanentemente válido – ao puro subjetivismo do que "agora" a maioria deseja, e por isso lhe dá "valor"): se o novo valor é a maconha, será a maconha; se é o aborto, o aborto; se é o casamento homossexual, o casamento homossexual, etc; e, então, seria um "contra-valor" condenável tudo o que se opusesse à mentalidade dominante em certo momento histórico: por exemplo, seria um crime "moral" intolerável valorizar a família, se os novos "valores" a desprezam e substituem pelas uniões mais bizarras. Querem criar, pois, chegando a um acordo de interesses, novos "valores de base", que – como dizem – ofereçam um fundamento ético (?!) à comunidade mundial emergente...".

2.5 Comenta ainda Schooyans que, para alcançar essa visão holística [totalitária] do globalismo, alguns "obstáculos" devem ser aplainados. "As religiões em geral, em primeiro lugar a religião católica, figuram entre os obstáculos que se devem neutralizar". Com este objetivo, em setembro de 2000 foi organizada a Cúpula de líderes espirituais e religiosos, a fim de lançar a "Iniciativa Unida das Religiões", fortemente influenciada pela New Age, e que visa, em último termo, a criação de uma nova religião mundial única, o que implicaria imediatamente a proibição de que qualquer outra religião fosse missionária, fizesse proselitismo. (Poucos sabem que foi por ocasião dessa reunião que a Congregação para a Doutrina da Fé publicou a Instrução Dominus Iesus: e é significativo que os mesmos "teólogos" que aderiram há anos de corpo e alma ao marxismo, quando o comunismo estava na crista histórica da onda, agora estejam aderindo à New Age e a toda essa mentalidade de pseudoecumenismo nebuloso e antidogmático, crivando de críticas ásperas o Papa, o Card. Ratzinger, etc., por ter publicado esse documento).

2.6. Ainda em 2000, Kofi Annan propugnava um Pacto Mundial ("Global Compact"), que angariaria o apoio moral e financeiro de entidades privadas (já o recebeu da Shell, CNN, Bill Gates, etc.). Tudo isso se encaminha para desativar e substituir a Declaração de 1948. Em 1948 desejava-se que a ordem mundial se fundasse sobre verdades, sobre princípios indiscutíveis, reconhecidos por todos e promovidos pelas legislações dos estados (na realidade, eram os princípios básicos imutáveis da lei natural); agora – como já víamos – só se fala em valores, absolutamente relativos, e dominados pelo egoísmo de um mundo agnóstico, relativista e hedonista.

2.7 Segundo essa nova visão da ONU, "o homem – comenta Schooyans – , por ser pura matéria, é definitivamente incapaz de dizer seja lá o que for de verdadeiro sobre ele mesmo ou sobre o sentido da vida. Fica, assim, reduzido ao agnosticismo de princípios, ao ceticismo e ao relativismo moral. Os porquês não tem sentido; só importam os como". O que "se pode fazer" em matéria ética ("posso", "não posso"), sempre significou o que era lícito ou não perante a lei de Deus, perante os princípios morais intocáveis; agora, pelo contrário, quer dizer "o que se pode fazer tecnicamente" (p.e., clonar, manipular embriões humanos para obter soluções para terceiros, abortar filhos que exigiriam sacrifício dos pais, etc.), ou seja, que se "podem fazer" as maiores aberrações, porque "já há técnica" para isso, bastando para cohonestar essas aberrações que se consiga o consenso dos que manipulam como proprietários – pelo poder da mídia, da política e, sobretuso, do dinheiro – os organismos internacionais e a opinião pública.
Dentro dessa visão, é natural que se propugne que, de agora em diante, os direitos do homem sejam apenas o resultado de procedimentos consensuais. Não sendo capazes de verdades, devemos só entrar em acordos e decidir. Será justo o que for aprovado por maioria. Esses procedimentos consensuais serão, logicamente, mutáveis, poderão ser mudados e redefinidos ilimitadamente. Daqui em diante, qualquer coisa poderá ser apresentada [e imposta, até coercitivamente, como exigência do direito internacional] como "novo direito" do homem: direito a uniões sexuais diversas, ao repúdio, aos lares monoparentais, à eutanásia, ao infanticídio, à eliminação dos deficientes físicos, às manipulações genéticas com fetos ou inválidos, etc. Estamos presenciando a tentativa de fazer triunfar a "vontade de poder" de Nietzsche; e parece que ninguém repara que essa multidão "neo-liberal" e "iluminista" [que faz "paradas" enormes] tem como "precursor" – eu diria, já, como "padroeiro", nada menos que Adolf Hitler.

2.8 Nas assembléias internacionais, os funcionários da ONU tudo fazem para chegar ao "consenso" que já foi definido previamente por eles nos documentos preparatórios. Uma vez conseguido esse consenso (mesmo que seja, como já aconteceu mais de uma vez, "modificando" depois nos gabinetes as conclusões aprovadas), ele é invocado para fazer com que se adotem convenções internacionais, que deverão adquirir força de lei nos Estados que as ratifiquem (e se não o fazem, serão mal vistos na comunidade internacional, além de sofrer as sanções de que falávamos). Todos, indivíduos ou Estados, deverão obedecer à norma fundamental surgida da vontade daqueles que definem o direito internacional. Esse direito internacional puramente positivo, livre de toda a referência à Declaração de 1948, será (já está sendo) o instrumento utilizado pela ONU para impor ao mundo a visão da globalização que lhe permita colocar-se como Super-Estado". É patente que por esse caminho já está andando a União Européia. Assim, a própria ONU "entronizaria o pensamento único, holístico" (uma autêntica ditadura ideológica, que eliminaria o pluralismo e a tão badalada tolerância dos neo-liberais..., e qualificaria de "intolerantes inaceitáveis", que devem ser banidos da vida publica – como já está acontecendo – os que, simplesmente, tivessem convicções diferentes dos "valores" deles). Este é o resumo, glosado, do artigo de Schooyans.

Depois disso, por favor, caros seminaristas, não leiam superficialmente as notícias, artigos, editoriais e ensaios de jornais e revistas, e as opiniões de filósofos, sociólogos ou teólogos "holísticos" sobre problemas éticos de candente atualidade. A partir de agora, prestem mais atenção ao noticiário internacional, às referências a congressos vinculados à ONU, a algumas declarações ou documentos muito badalados de organismos internacionais, etc. Vocês vão começar a "ver", surpreendidos, muitas coisas que antes não percebiam, e vão calibrar a carga destrutiva da fé e da moral cristã que idéias ou programas aparentemente inocentes e até poéticos (temas ecológicos, p.e.) carregam muitas vezes no seu bojo.


3. A coragem e a fidelidade do Magistério autêntico da Igreja


3.1 Lembremo-nos de que essa problemática moral – com idéias relativistas análogas às que acabamos de considerar – já existia nos tempos da crise do pós-Concílio, e que explodiu após a Humanae Vitae, com o bombardeio de críticas e revisões de teólogos inconformados, e continua a ser pensamento dominante em muitos ambientes eclesiásticos (unido ao falso ecumenismo, às tentativas de acabar com o verdadeiro sentido das "Missões", à revolução "permanente" da teologia moral, à visão relativista e historicista do mundo e da Igreja próprias da teologia da libertação, às novas escolas de teologia moral, como o conseqüencialismo, o proporcionalismo, a doutrina da opção fundamental, etc.).

3.2 À vista dessa realidade, ganha especial relevo o esforço ingente, lúcido e corajoso, do Santo Padre e dos seus colaboradores mais fiéis, por defender, aprofundar, insistir, expor com a máxima clareza as verdades da fé e da moral cristã, ainda que suscitem críticas, ódios e hostilidades nos ambientes laicistas e em muitos ambientes eclesiásticos.

3.3 Mas o Sucessor de Pedro não pode fechar os olhos para uma realidade: o relativismo, o subjetivismo e, em boa parte o hedonismo, passaram a dominar amplos setores da teologia moral católica (que de católica já só prece conservar o nome), e faz anos que estão causando enorme desorientação e dano moral e espiritual no clero – mal formado – e nos fiéis.

3.4 Não é possível, nesta palestra – que já está longa demais – deter-nos no estudo detalhado desta problemática, que é abordada em profundidade na Parte III do Catecismo da Igreja Católica e, especialmente, nas Encíclicas Veritatis Splendor e Evangelium Vitae. Baste, por ora, frisar a valente insistência do Magistério pontifício no tema dos atos "intrinsecamente maus", que nenhuma finalidade boa, nenhum "teleologismo", nenhum cálculo de valores positivos e negativos, feito nos parâmetros do "proporcionalismo" e do "conseqüencialismo" ou da "opção fundamental" podem justificar e tornar bons ou moralmente inócuos.
"Os preceitos morais negativos (da Lei de Deus) – lemos na Encíclica Evangelium Vitae, n. 75 –, isto é, aqueles que declaram moralmente inaceitável a escolha de determinada ação, têm um valor absoluto para a liberdade humana: valem sempre e em todas as circunstâncias sem exceção. Indicam que a escolha de determinado comportamento é radicalmente incompatível com o amor de Deus e com a dignidade da pessoa humana, criada à sua imagem [...]". “Já neste sentido, os preceitos morais negativos têm uma função positiva importantíssima: o «não» que exigem incondicionalmente aponta o limite intransponível abaixo do qual o homem livre não pode descer, e simultaneamente indica o mínimo que ele deve respeitar e do qual deve partir para pronunciar inumeráveis «sins», capazes de cobrir progressivamente todo o horizonte do bem, em cada um dos seus âmbitos”.

3.5 Há atos que a tradição da Igreja chama "intrinsecamente maus", que,como diz também a Veritatis Splendor (n. 80), "são maus sempre e por si mesmos, ou seja, pelo próprio objeto, independentemente das posteriores intenções de quem age e das circunstâncias". A Encíclica cita, a seguir, o Concílio Vaticano II que, na Gaudium et spes (n. 27) exemplifica, e fala que são atos desse tipo "tudo quanto se opõe à vida , como seja toda a espécie de homicídio, genocídio, aborto, eutanásia e suicídio voluntário; tudo o que viola a integridade da pessoa humana... ; as condições degradantes de trabalho... Todas estas coisas ofendem gravemente o Criador".

3.6 A moral proporcionalista, conseqüencialista, de atitudes, de opção fundamental, etc, admite que muitos desses atos possam ser lícitos num contexto determinado, em que – no balanço de "bens" – prevaleçam valores julgados superiores (quase sempre com critérios racionais apenas técnicos, utilitarista e humano, não sobrenaturais). Isto, por mais sutis e complicados que sejam esses autores ao defender-se das críticas, é a porta escancarada ao relativismo total, e não estranha que leve a posições análogas, se não iguais, às posições dos organismos materialistas da ONU de que acima falávamos. Sem pretendê-lo (é preciso pensar assim), esses teólogos e professores de seminário se alinham nas mesmas fileiras dos que se propõem acabar com a Igreja Católica.

3.7 Por isso, impõe-se, como um dever grave, aos seminaristas e aos padres (e, logicamente, aos bispos, aos teólogos, aos reitores e professores de seminários, etc.) procurar os fundamentos e as respostas às questões morais contemporâneas nas fontes da Verdade, e concretamente:

3.8 A) na Sagrada Escritura, especialmente no Novo Testamento, tendo presentes as palavras claríssimas de Cristo: "Não penseis que vim revogar a lei e os profetas. Não vim revogá-los, mas dar-lhes pleno cumprimento" (Mt 5, 17). Não é por acaso que, tanto o Catecismo da Igreja, como a Veritatis Splendor, para focalizar a Moral com ótica plenamente cristã, tomem como ponto de partida o diálogo de Cristo com o jovem rico: – "Que devo fazer de bom para alcançar a vida eterna?". E a resposta de Cristo: "...se queres entrar na vida eterna, cumpre os mandamentos". – "Quais?" . A resposta imediata de Jesus é uma remissão aos Dez Mandamentos, válidos em toda a época e em todo o lugar – "Não matarás; não cometerás adultério; não roubarás; não levantarás falso testemunho; honra teu pai e tua mãe; e ainda, amarás a teu próximo como a ti mesmo" (Mt 19, 16 ss).

Esse ensinamento, taxativo e básico – a primeira exigência moral que Cristo indica (pois o cume é a caridade) – , prova que outras palavras de Cristo e dos Apóstolos sobre pecados diretamente relacionados com os Dez Mandamentos não são circunstanciais, nem "pré-morais", nem relativas a uma determinada cultura, a um ambiente histórico ou a uma mentalidade de outras eras, mas verdades permanentes, que exprimem a Vontade de Deus, que é o bem e a salvação do homem.

Exemplos: "O que sai do homem, é isso que o torna impuro. Com efeito, é de dentro, do coração dos homens, que saem as intenções malignas: imoralidade sexual, roubos, homicídios, adultérios, ambições desmedidas, perversidades, fraude, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, insensatez. Todas essas coisas saem de dentro do homem e o tornam impuro" (Mc 7, 21-23).

"Não vos iludais: nem os impudicos [excelentes exegetas incluem entre esses pecados a masturbação], nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os depravados, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os injuriosos possuirão o Reino de Deus" (1 Cor 6, 9-10).

Ver também, Rom 1, 24-32, talvez as palavras mais enérgicas e fortes do Novo Testamento sobre a Moral.

É natural que, de acordo com a Revelação divina, a Igreja (fiel ao Evangelho, e imunizada pelo Espírito Santo contra a falsidade das ideologias), diga, no n. 1968 do Catecismo da Igreja Católica: "A Lei evangélica dá pleno cumprimento aos mandamentos da Lei. O Sermão do Senhor [Sermão da montanha], longe de abolir ou desvalorizar as prescrições morais da Lei Antiga, delas haure virtualidades ocultas, faz surgir novas exigências e revela sua verdade divina e humana".

3.10 Em suma, depois dessas considerações, parece-me que vale a pena que gravemos na nossa alma a imensa responsabilidade que os seminaristas (e os sacerdotes, na sua formação permanente) têm – temos – de aprofundar incansavelmente nos ensinamentos do Magistério autêntico e universal da Igreja. Num mundo confuso, em que parece dominar cada vez mais o "Pai da mentira" (releia-se Jo 8, 44 ss.), numa época histórica em que são tão extensos os âmbitos eclesiais confusos, desgarrados da comunhão doutrinal com a Cabeça visível da Igreja e difusores de erros; num mundo, enfim, materializado e doente de hedonismo e consumismo, em que é tão fácil "dobrar o joelho diante de Baal" (da opinião pública, das ideologias e "valores" da moda, dos erros "prestigiados" pela mídia), os que têm o privilégio divino de serem chamados para servir como "instrumentos vivos" a Cristo e à Igreja, sendo "luz do mundo" e espelho do Evangelho, têm que se esforçar (heroicamente, se for preciso) para manter um estudo contínuo, cada vez mais profundo, da Verdade, bebendo-a abundantemente nas suas fontes limpas, garantidas pela chancela do Magistério autêntico e universal, e, por isso, pelo "selo de garantia" do Espírito Santo. Convençamo-nos de que disso, sem exagero, depende em boa parte o bem do mundo, o bem futuro da Igreja e da humanidade.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Inveja



I.54 INVEJA

I.54.1 Inveja pecado capital

§2538 O décimo mandamento exige banir a inveja do coração humano. Quando o profeta Natã quis estimular o arrependimento do rei Davi, contou-lhe a história do pobre que possuía uma única ovelha, tratada como sua própria filha, e do rico que, apesar da multidão de seus rebanhos, invejava o primeiro e acabou roubando-lhe a ovelha. A inveja pode levar às piores ações. E pela inveja do demônio que a morte entrou no mundo:

Nós nos combatemos mutuamente, e é a inveja que nos arma uns contra os outros... Se todos procuram por todos os meios abalar o Corpo onde acabaremos? Nós estamos enfraquecendo o Corpo de Cristo... Declaramo-nos membros de um mesmo organismo e nos devoramos como feras.

§2539 A inveja é um vício capital. Designa a tristeza sentida diante do bem do outro e do desejo imoderado de sua apropriação, mesmo indevida. Quando deseja um grave mal ao próximo, é um pecado mortal:

Sto. Agostinho via na inveja "o pecado diabólico por excelência". "Da inveja nascem o ódio, a maledicência, a calúnia, a alegria causada pela desgraça do próximo e o desprazer causado por sua prosperidade."

§2540 A inveja representa uma das formas de tristeza e, portanto, uma recusa da caridade; o batizado lutará contra ela mediante a benevolência. A inveja provém muitas vezes do orgulho o batizado se exercitará no caminho da humildade:
Quereríeis ver Deus glorificado por vós?

Pois bem, alegrai-vos com os progressos de vosso irmão e imediatamente Deus será glorificado por vós. Deus será louvado dirão, porque seu servo soube vencer a inveja, colocando alegria nos méritos dos outros.

§2553 A inveja é a tristeza sentida diante do bem de outrem e o desejo imoderado de dele se apropriar. E um vício capital.

§2554 O batizado combate a inveja pela benevolência, pela humildade e pelo abandono nas mãos da Providência divina.
"O que pode temer o filho nos braços do Pai?"

São Pio de Pietrelcina