segunda-feira, 1 de setembro de 2008

José - 2ª parte

Continuação de: História da Salvação - José - 1ª parte

Os anos passaram e José soube preparar o Egito tanto para o tempo de fartura como para o tempo de seca. Ele se tornou o homem mais poderoso do reino, abaixo apenas do faraó. Certo dia apareceram diante de José dez hebreus fugindo da seca e buscando alimento. Eram os irmãos que o tinham vendido como escravo. Eles, porém, não o reconheceram e José decidiu então trstá-los. Primeiro, como eram estrangeiros no Egito, interrogou-os. Eles lhe contaram sobre Jacó, disseram quantos irmãos eram, e revelaram que um deles fora morto, há muitos anos, pelas feras. Mas que nem todos haviam empreendido a viagem: o mais jovem de todos, Benjamin, ficara com Jacó.

José exigiu então que eles fossem buscar Benjamin - caso contrário, não lhes venderia alimento. E reteve consigo um dos irmãos, Simeão, que ficaria encarcerado enquanto eles não retornassem. Sem entender, os irmãos voltaram a Canaã e lá contaram tudo ao pai, que não queria permitir que Benjamin viajasse: era seu único filho nascido de Raquel, e temia que ele morresse como havia morrido José. Mas, sabendo que nao havia outro jeito, deixou-o ir.

Quando os irmãos retornaram ao Egito, desta vez com Benjamin, José mandou soltar Simeão e lhes ofereceu um grande banquete, durante o qual procurou favorecer Benjamin, o único irmão que não participara da trama em que ele fora vendido como escravo. No dia seguinte, ele lhes vendeu o alimento e permitiu que partissem. Mas armou um último teste: mandou que escondessem nas coisas de Benjamin uma taça de ouro.

Quando já se afastavam, os guardas de José os alcançaram e encontraram com Benjamin a taça. Levados de volta, todos os irmãos se ajoelharam diante de José e lhe suplicaram piedade. Ele disse então: seria clemente com aquele que roubara a taça; não mandaria matá-lo, mas ele teria que ficar no Egito, como seu escravo. Nesse momento, Judá, o que, no passado, decidira vender José aos mercadores, pediu que Benjamin fosse autorizado a voltar para Jacó, e que ele, Judá, seria escravo em seu lugar.

José ficou muito emocionado com a oferta de Judá - que agora se dispunha a ser sacrificado para salvar o irmão. E enfim revelou a todos quem era. Todos se assustaram, mas ficaram felizes por reencontrar o imrão a tanto tempo desaparecido. Feitas as pazes, os irmãos voltaram e buscaram Jacó e o restantes de suas famílias. Foram todos viver no Egito, onde havia fartura e proteção. José e Jacó finalmente se reencontraram.

Os anos se passaram e os descedentes de Jacó se tornaram cada vez mais numerosos no Egito - tanto que os egípcios começaram a temê-los. Mas essa história fica para a próxima semana - continuemos, por enquanto, com José.

A tocante história de José nos ensina que Deus guia nossos passos mesmo na estrada escura. O jovem fora vendido como escravo no Egito porque um dia ele deveria se tornar um homem poderoso nessa terra, para proteger sua família das dificuldades. Ele próprio diz aos irmãos: "fui enviado ao Egito para preparar a chegada de vós". Seus sofrimentos o corrigiram, moldaram-lhe o caráter e o prepararam para um momento de grande alegria, que foi o reencontro com o pai e a reconciliação com os irmãos. É uma história de fé, confiança e perdão. É uma história que mostra a mão de Deus amparando José em todas as suas quedas.

Para conhecer em detalhes essa grande história, leia o livro do Gênesis, a partir do capítulo 37.

Leia também: Deus nunca nos abandona

Deus nunca nos abandona

A história de José do Egito é aquela que mais me toca em todo o Antigo Testamento. É uma história de sofrimento e de superação, de rancor e de perdão. É uma história repleta de significados. O primeiro deles, claro, é o mais óbvio, explicitado na própria narrativa bíblica. É aquele que pode ser resumido num provérbio bem batido, mas verdadeiríssimo: Deus escreve certo por linhas tortas.

E que linhas tortas! É a tortuosidade da escravidão e da prisão. Odiado pelso irmãos, José torna-se escravo. Odiado pela pretendente frustrada (a esposa de seu sonhor), ele torna-se prisioneiro. José, que amava sua família e seu povo, vê-se, durante longos anos, muito distante de ambos. Seu caminho, visto apenas sob esse prisma, é puro sofrimento. Mas seu sofrimento tem uma razão: José precisa estar no Egito para poder salvar sua família da fome. Não tivesse sido vendido como escravo, não teria oportunidade de mostrar seus talentos. Não tivesse sido atraiçoado por uma mulher desesperada, não teria ido para a prisão, e, conseqüentemente, não teria conhecido o nobre servo do Faraó, que, anos mais tarde, o levaria à presença do rei.

Cada dia de nossa vida, cada respiração nossa pertence a Deus. E nada pode ser maior garantia de liberdade do que isso. Deus nos deixa livres no mundo, mas tem planos para nós. Se aceitarmos cumprir esses planos, poderemos sofrer de início, mas a felicidade nos esperará. José poderia ter tentado fugir do Egito. Não o fez: aceitou seu caminho e o trilhou da melhor forma como podia. Podemos dizer que ele carregou sua cruz, bebeu do cálice até a última gota. E, sim, encontrou felicidade: tornou-se o homem mais poderoso da terra mais poderosa da época, constituiu sua própria família e reencontrou a sua. Às vezes Deus nos prova com duras esperas. A de José durou perto de vinte anos - talvez um pouco mais, mas ele encontrou a felicidade. Dá-se o mesmo conosco: quando cumprimos a vontade de Deus, nos aguarda a felicidade. Por mais escuro que seja o nosso caminho, uma coisa é certa: Deus nunca nos abandona.

Essa bela história nos traz outros ensinamentos. A história de José fala de inveja. Os irmãos se revoltaram porque reconheceram em José virtudes que eles não tinham. E foram essas mesmas virtudes, dons de Deus, que cercaram José de boa vontade o tempo todo. Ora, todos o amaram: Jacó, o pai; o seu senho no Egito, que o tornou seu administrador; o carcereiro, que o tornou seu ajudante; o faraó, que o tornou senhor de seu reino. Os irmãos, no entanto, se deixaram levar pela inveja e quiseram afastá-lo para sempre. Mas, ora, é uma história de perdão: vendo que eles estavam mudados, José soube perdoar os irmãos pelo sofrimento que passara e eles souberam acolher esse perdão, enterrando o passado.

A história também nos fala do zelo da fé. Longe dos seus, José se viu sozinho num país estranho, com costumes, língua e religião bem diferentes dos seus. Mesmo ali, não se deixou subjugar. Não desistiu do Deus de seus pais e manteve-se fiel a Adonai. Passou pela dura provação de ser um escravo, de estar preso, de estar sozinho, de ser tentado na carne. Resistiu a todas as provações, não sem dificuldade, mas sempre com confiança. Sabia que o que é certo, é certo. Que Deus o acompanhava. Não era por estar numa terra diferente, onde outros costumes existiam, que ele devia adaptar sua consciência. José não relativizou suas crenças, e assim, pôde vencer todos os testes.

Sua história também é uma história de humildade. O amor exacerbado do pai e o tratamento diferenciado que sempre recebera o levaram a acreditar-se especial (o que, de fato, ele era; mas se é bom ser especial, nunca é recomendável saber disso). Deus, enfim, o exaltou ao máximo que seria possível na hierarquia humana. Tornou-o o administrador do Egito, diante do qual todos se curvavam excetuando o faraó. Mas Deus não o exaltou sem antes fazê-lo se curvar. José caiu, humilhado e castigado pelos irmãos. Ele, que vivia como um príncipe no seio de sua família, tornou-se um escravo desprezado. Ele que tinha tudo o que queria junto a Jacó, passou todo tipo de privações na prisão. Para chegar à luz, ele atravessou as trevas e aprendeu com isso. Deixou de lado seu orgulho, temperou sua confiança e a transformou em fé. Descobriu o quanto ele próprio era fraco e entendeu que só Deus é infalível. Assim, transformado, pode cumprir o grandioso papel que o Senhor lhe reservou.

Leia também:
História da Salvação: José - 1ª parte
José - 2ª parte

sábado, 30 de agosto de 2008

Sacramentos da Iniciação Cristã

Hoje encerramos a primeira parte dos Sacramentos; falamos anteriormente sobre os Sacramentos da Iniciação Cristã. São conhecidos desta forma, pois são considerados os pilares de toda a vida Cristã. Todo aquele que possui um alicerce sólido pode se tornar um soldado combatente.
O Catecismo da Igreja Católica, afirma que existe uma certa analogia entre a ordem dos Sacramentos e a vida natural; de tal modo a vida espiritual seguiria acompanhando a ordem natural das pessoas. As pessoas nascem, crescem e se sustentam. Assim, pela vida espiritual nascemos pelo Batismo, crescem pela Confirmação e se sustentam pela Eucaristia.

Como soldados iniciados, nossa missão é continuar a viver e a seguir em Cristo por meio dos Sacramentos.

Eucaristia

O Sacramento da Eucaristia não é apenas o centro, mas o coração da liturgia da Igreja de Jesus Cristo. É na Eucaristia que se cumpre diariamente os ensinamentos de Nosso Senhor: " Fazei isto em memória de mim". É o complemento da iniciação Cristã. Na Eucaristia somos chamados a participar da comunidade e do sacrifício de Nosso Senhor.

É o Sacramento da proximidade, sinal de piedade, fonte de unidade e caridade. Na comunhão nossa alma se enche de graça. Tudo é graça e para graça nos conduz. As nomenclaturas são as mais variadas, tamanha a riqueza de tão nobre Sacramento: Eucaristia, Ceia do Senhor, Fracção do Pão, Assembléia Eucaristica, Memorial, Santo Sacrifício, Comunhão, Santissímo Sacramento, Sacrifício de Louvor etc.

É importante lembrar que o pão e o vinho consagrados não representam, eles são o Corpo e o Sangue de Cristo.

A Eucarístia celebrada diáriamente por nossa Igreja recorda tudo o que se passou na Cruz e nos fortalece:

O Concílio de Trento resume a fé católica declarando: "Porque Cristo, nosso Redentor, disse que o que Ele oferecia sob a espécie do pão era verdadeiramente o seu corpo, sempre na Igreja se teve esta convicção que o sagrado Concílio de novo declara: pela consagração do pão e do vinho opera-se a conversão de toda a substância do pão na substância do corpo de Cristo nosso Senhor, e de toda a substância do vinho na substância do seu sangue; a esta mudança, a Igreja católica chama, de modo conveniente e apropriado, transubstanciação" ( Catecismo, 1376).

Por fim, ista salientar que a Eucaristia nos aproxima de Deus, aumentando nossa união pessoal com a fé. A Eucaristia é o alimento da fé. Nos afasta do pecado, pois, quem tem Cristo dentro de si, é mais forte para lutar contra as tentações.

O Papa João Paulo II, em sua Carta Encíclica Ecclesia de Eucharistia, ensina que é nos sinais humildes do pão e do vinho transubstanciados no seu corpo e sangue, como nossa força e nosso viático, e torna-nos testemunhas de esperança para todos. Se a razão experimenta os seus limites diante deste mistério, o coração iluminado pela graça do Espírito Santo intui bem como comportar-se, entranhando-se na adoração e num amor sem limites. Cristo caminha conosco.

Pela Eucaristia somos chamados a ser Santos e a nos manter em nossa Santidade. Somos soldados da Igreja e como todos necessitamos de alimento; a Eucaristia se faz nosso alimento da alma e da fé, nos dá força e coragem, para sermos mais presentes como transformadores da sociedade em um mundo mais Santo.

Dica:Aprenda a rezar o terço da Eucaristia

Os católicos precisam defender seus pontos de vista com firmeza

A mídia anticatólica insiste num grande embuste que, muitas vezes, acabamos por permitir. Trata-se daquilo que chamam de “Estado laico”. Com essa expressão eles pretendem calar os católicos e bani-los da vida pública e não é raro permitirmos que isso aconteça.

O princípio do “Estado laico”, inventado pelos iluministas e adotado pela nossa Constituição, é, sim, algo positivo. Significa que ninguém é obrigado a seguir uma religião. Isso é justo: não existe conversão verdadeira se ela se faz à força. Cada ser humano deve ter a liberdade de seguir a religião que quiser, dentro de certos limites (ninguém poderia seguir uma religião que pregasse sacrifícios humanos, por exemplo). É totalmente justo. E isso é amplamente garantido no Brasil.

Mas os anticatólicos não se contentam com isso: o que eles querem não é um estado laico, mas uma sociedade laica, ou melhor, atéia. Querem uma sociedade em que ninguém tenha religião. E deliberadamente, eles confudem os dois conceitos (o de estado laico e o de sociedade laica) para nos enganar.

Quando os católicos reclamam da foto de uma atriz nua segurando um terço, eles apelam para o Estado laico. Quando os católicos opinam sobre aborto, união homossexual, etc, eles apelam para o Estado laico. Uma coisa não tem nada a ver com a outra: um Estado laico, ao mesmo tempo em que não apóia nenhuma religião, deve garantir liberdade de expressão a todas, inclusive à religião Católica.

Esse apelo pelo "Estado laico" tem um único objetivo: calar os católicos, nos constranger, nos fazer parecer “inimigos da democracia”.

Não podemos permitir que isso ocorra.

Certa vez, ouvi uma pessoa dizer que se sentia ofendida ao ver adesivos como “Deus é fiel” nos carros. Para essa pessoa, a fé deveria ser uma coisa exclusivamente privada, sem qualquer expressão pública.

Temos que reagir contra essas coisas!

Dentro da lei, os católicos têm todo o direito de dizer o que quiserem. Se um abortista tem o direito de defender o assassinato de crianças, um católico tem o direito de argumentar contra.

Temos que assumir nosso lugar na arena pública. Temos que protestar, sim. Os ativistas do casamento gay e do aborto, por exemplo, são extremamente organizados. Têm listas de e-mail, grupos de pressão no Parlamento e no Supremo. Ao se sentirem ofendidos, enviam cartas públicas aos supostos ofensores exigindo retratação. São capazes de organizar boicotes eficientes.

E nós, na maioria das vezes, nos calamos e nos recolhemos quando nos insultam.Se isso continuar assim, não demorará muito e surgirão pressões procurando colocar na lei esa nova idéia da "sociedade laica": vão querer proibir as expressão públicas de religiosidade. Esse movimento, por exemplo, já começou na Europa.

Precisamos nos organizar e protestar. Temos que defender nossos pontos de vista com civilidade, mas com firmeza. E precisamos defendê-los sem negar que, embora não sejam sustentados apenas na fé, são originários dela. Ora, na nossa luta contra o aborto, sabemos que o direito à vida é um direito humano geral, uma noção que foi sendo construída ao longo dos séculos e hoje não tem relação com nenhuma religião (ou seja, é um conceito “laico”). Mas quem transformou o valor da vida num valor fundamental para a humanidade foi o Cristianismo. Essa é uma herança nossa. Precisamos defender isso sem medo.

Precisamos parar de votar em candidatos anticatólicos, em candidatos que apóiam causas que se opõem ao Catolicismo, como o aborto, o uso de embriões em pesquisas, o casamento homossexual.

Que Deus nos ajude nessa batalha que enfrentamos. E tenhamos em mente que, ao fim, a vitória será nossa. Afinal, a garantia foi dada pelo próprio Cristo: as forças do inferno não poderão vencer a Igreja.

Medalhista olímpica britânica recusou-se a abortar

Deu no ACI Digital:

Em 2004 a atleta Tasha Danvers-Smith ostentava sua melhor marca nos 400 metros com obstáculos e era uma das candidatas de força a tentar uma medalha nas Olimpíadas de Atenas. Entretanto, ficou grávida e embora seu entorno esperava que abortasse para competir, ela optou pela vida de seu bebê, a quem dedicou a medalha de bronze que ganhou faz uns dias em Pequim.

Tasha sacrificou um tempo de glória em Atenas pelo pequeno Jaden, quem assegura foi sua inspiração para obter um lugar no pódio de ganhadores das olimpíadas de Pequim, encerradas no domingo passado.

Leia mais aqui.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Você vai gostar de ouvir: Gen Rosso


O Gen Rosso é uma banda criada em 1966 em Loppiano, perto de Florença, e desde então em atividade. A criação da banda foi inspirada por Chiara Lubich, a fundadora do movimento Focolare. Na ocasião, ela deu uma guitarra e uma bateria vermelha (em italiano, rossa) a um grupo de rapazes e lhes pediu que ransmitissem, por meio da música, mensagens de paz e fraternidade. a palavra Gen é uma sigla para Generazione Nuova, "Geração Nova".

Ao longo de mais de 40 anos de atividade, mais de 200 profissionais, entre artistas e técnicos, integraram o Gen Rosso. Gen Rosso não é apenas uma banda, pois realiza também performances de teatro e dança - assim, em sua equipe são contados cantores, músicos, dançarinos, atores e autores. Já foram lançados 54 álbuns e 325 músicas.

Na formação atual, há 19 integrantes, sendo sete italianos, dois brasileiros, dois argentinos, dois filipinos e mais um polonês, um espanhol, um suíço, um congolês, um tazaniano e um queniano.

Para saber mais sobre o Gen Rosso, visite o site oficial, onde é possível ouvir algumas músicas, leia a entrevista publicada pelo Portal da Música Católica.

Vocação


Durante o mês de Agosto a Igreja nos propôs refletir sobre nossa vocação. Ouvimos muito falar de vocação em nosso dia a dia, mas o que é mesmos vocação? O que é ser Vocacionado? Será que eu tenho vocação?

Vocação é uma palavra vinda do verbo latino vocare, “chamar”. Vocação é, pois, um chamado de Deus feito a todos nós.

Antes de tudo somos chamados à existência, à vida como seres humanos: é a vocação humana. Deus nos amou e nos quis participantes de seu projeto de criação, como coordenadores responsáveis por tudo o que existe.

Pelo batismo somos chamados à santidade, a sermos filhos de Deus. Quem recebeu o Batismo foi chamado, vocacionado por Deus a fazer parte de seu povo eleito, de sua Igreja. Somos, portanto, eleitos e chamados pessoalmente por Cristo para sermos, como cristãos, testemunhas e seguidores do Mestre Jesus: é a Vocação Cristã.

Há ainda um chamado feito particularmente a cada pessoa. A esta vocação denominamos Vocação Específica. Como refletimos, somos chamados à Vida e à Santidade. A vocação específica é como vou responder a este chamado universal. Assim podemos responder às vocações Humana e Cristã de diversas formas: como Leigos solteiros ou casados; como ministros ordenados (Diáconos, Padres, Bispos); como Religiosos consagrados (irmãos/irmãs).

Como podemos saber qual a nossa vocação? Para respondermos a esta questão, precisamos antes, nos perguntar quem somos nós. Somente quem se conhece poderá responder com maturidade ao chamado que Deus lhe faz. É refletindo sobre nós mesmos, sobre nossos valores, gostos, aptidões que poderemos saber qual a nossa vocação. Deus não cessa de nos chamar, de nos atrair a si. Que nós possamos dar o nosso sim generoso, fazendo d’Ele o centro e o sentido de nossas vidas!

Ir. Alexandre Francisco Costa, ocs

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Rezemos pelos nossos juízes

Ocorre hoje o segundo dia do ciclo de audiências públicas do STF destinadas a discutir o aborto de crianças com malformação cerebral, os anencéfalos. O primeiro dia foi terça-feira, quando católicos e espíritas defenderam o direito dessas crianças à vida, enquanto membros da Igreja Universal do Reino de Deus e da ONG Católicas pelo Direito de Decidir (que não tem qualquer vínculo com o catolicismo) defenderam o direito ao aborto.

Hoje serão ouvidos parlamentares e representantes da comunidade científica. No dia 4 de setembro, será a vez de algumas ONGs serem ouvidas.

Esse é um dos temas mais delicados sobre os quais o Supremo Tribunal Federal é chamado a decidir. É um dilema ético profundo: de um lado, o imenso sofrimento de uma família que não poderá realizar, pelo menos daqulea vez, o sonho de ver seu filho crescer como uma criança comum, e do outro, o direito daquela criança de chegar ao mundo, mesmo que não vá poder viver por muito tempo.

Para alguns é simples, vale a ética de Pilatos: lavem-se as mãos, cada um decida o que quiser. Fácil e despreocupado. Para outros é preciso uma posição clara, de princípios, que não pode ficar ao bel prazer de cada um. É com estes que estou: uma criança anencéfala é, antes de tudo, uma criança, e como tal, não pode ser abortada.

O fato de uma vida estar fadada à morte é razão para ceifá-la ainda mais rapidamente? Não estamos todos fadados? Eles dizem: uma criança anencéfala vai nascer e morrer logo em seguida. Para que continuar com a gravidez, então? Ora, porque a gravidez é um processo que deve ser levado ao fim em toda circunstância. Isso é uma questão de princípio: não tem condicional, não tem "e se". A vida de uma criança é vida e não pode ser eliminada. E a ausência de uma parte do cérebro (porque a anencefalia não significa ausência total) não desumaniza um ser humano, não faz uma pessoa se tornar um animal e muito menos, como muitos gostam de dizer, um vegetal. Para quem crê, háuma alma ali. Para quem não crê, há sim um ser humano e desrespeitar um ser humano em seu direito básico à vida equivale a desrespeitar à humanidade inteira.

Além disso, já está mais do que comprovado que uma criança anencéfala pode viver um bom tempo. No Brasil, Marcela Ferreira viveu quase dois anos. Há registros de crianças que chegaram aos quatro anos de idade. Pouco? Pergunte a um condenado à morte o que ele não faria por mais dois anos de vida. Ou por mais um dia... E a vida de Marcela não foi vida? Quem pode se arrogar o direito de dizer isso? Quem define o que é vida, o que é humano? Por qualquer critério científico, Marcela estava viva e era humana. Bom, talvez os nazistas negassem isso.

Reconheço o sofrimento que deve ser para uma mãe ter em sua barriga uma criança que, sabe ela, morrerá em poucos anos - ou em poucas horas. Mas há que se pensar que o sofrimento dessa mãe será menor, tenho certeza disso, se ela puder ter essa criança em seus braços. Pois ela a verá como um filho e não como um apêndice estirpado. Leia aqui o que Cacilda, a mãe de Marcela, escreveu quando sua filha tinha onze dias de vida.

Lembremos também que o que se opõe aqui e um sofrimento moral e um princípio de proteção à vida: eu não poderia fazer outra escolha que não optar pela vida.

As mães (e também os pais, sempre tão deixados de lado quando se discutem esses assunto) precisam de muito apoio. Apoio dos amigos e familiares, apoio psicológico. Apoio contra os maus conselheiros. Infelizmente o que vemos são médicos/açougueiros aconselhando (contra a lei e contra o juramento de Hipócrates) a realização de abortos diante da menor unha encravada. Não são incomuns casos em que, diante de alguma malformação, o médico descreve para a família uma criança completamente defeituosa, assustando-os até com relação à aparência
de seu futuro filho. Uma vez nascida o bebê, ele, se não é perfeito, é uma criança linda como todas as outras.

É preciso ter em conta que a liberação do aborto de anencéfalos é mais um passo (depois das pesquisas com células embrionárias) rumo à liberação do aborto puro e simples, sem razões nem condicionantes nem justificativas. Há quem diga que uma coisa não tem nada a vercom a outra. É óbvio que tem: a cada momento se restringe mais o direito à vida. Primeiro, aos embriões implantados no útero. Depois, aos fetos sem malformação cerebral. Aos poucos vamos caminhando rumo à eugenia, rumo a desconsideração da criança na barriga da mãe.

Por isso, rezemos por nossos juízes. Rezemos para que eles sejam sábios e tomem a decisão correta. Rezemos para que não dêem mais esse passo rumo à liberação do aborto. Que Deus proteja o Brasil.

Leia também: Eles não gostam de Marcela .

Eles não gostam de Marcela

Os defensores do aborto não gostam nem um pouco de Marcela de Jesus Ferreira. Em artigo publicado na revista Veja desta semana, o colunista André Petry, que costuma se posicionar freqüentemente contra o que a Igreja Católica defende e a favor do que ela condena, fez um "alerta". Ele disse que, no julgamento do STF a respeito do aborto de anencefálicos, o caso de Marcela seria usado pelos católicos e chamou isso de "ardil".

E não terá sido o próprio colunista que tentou montar um ardil? Na prática, ele disse: "eles vão argumentar desse jeitoe por isso não acredite neles". O contra-argumento dele? Não havia nenhum.

Petry tentou dizer que Marcela era só uma exceção e, sendo assim, seu caso deveria ser desprezado. Mas, em ciência, não há exceções: ou os anencéfalos não podem viver, ou podem. Se o clichê repetido mil vezes é de que não podem, mas um (basta um) vive por dois anos, o argumento foi por água abaixo. E Marcela não é a única.

Petry chega ao ponto de dizer que Marcela não era anencéfala, pois tinha parte do cérebro. Ele só não informa que essa é a situação mais comum: dificilmente uma criança anencéfala nasce sem cérebro. Ela nasce sem parte dele.

O fato de Marcela ter vivido por quase dois anos é um acinte para aqueles que defendem o aborto. Um acinte da natureza, que não se comporta como eles esperam. Um acinte da humanidade, que é mais forte do que eles esperam. A força e a fé de Cacilda, Mãe de Marcela, constituem um insulto a eles.

Marcela é, sim, a prova de que os anencefálicos podem viver. Não há rabugisse pseudo-iluminista que consiga obscurecer isso.

Leia também: Rezemos pelos nossos juízes .
"O que pode temer o filho nos braços do Pai?"

São Pio de Pietrelcina