Pecados contra a esperança
§2091 O primeiro mandamento visa também aos pecados contra a esperança, que são o desespero e a presunção.
Pelo desespero, o homem deixa de esperar de Deus sua salvação pessoal, os auxílios para alcançá-la ou o perdão de seus pecados. O desespero opõe-se à bondade de Deus, à sua justiça porque o Senhor é fiel a suas promessas e à sua misericórdia.
P.28.20.11 Pecados contra a fé
§2088 O primeiro mandamento manda-nos alimentar e guardar com prudência e vigilância nossa fé e rejeitar tudo o que se lhe opõe. Há diversas maneiras de pecar contra a fé.
A dúvida voluntária sobre a fé negligencia ou recusa ter como verdadeiro o que Deus revelou e que a Igreja propõe para crer. A dúvida involuntária designa a hesitação em crer, a dificuldade de superar as objeções ligadas à fé ou, ainda, a ansiedade suscitada pela obscuridade da fé. Se for deliberadamente cultivada, a dúvida pode levar à cegueira do espírito.
§2089 A incredulidade é a negligência da verdade revelada ou a recusa voluntária de lhe dar o próprio assentimento. "Chama-se heresia a negação pertinaz, após a recepção do Batismo, de qualquer verdade que se deve crer com fé divina e católica, ou a dúvida pertinaz a respeito dessa verdade; apostasia, o repúdio total da fé cristã; cisma, a recusa de sujeição ao Sumo Pontífice ou da comunhão com os membros da Igreja a ele sujeitos."
domingo, 5 de abril de 2009
sábado, 4 de abril de 2009
Orgulho

S.48 SOBERBA
§1866 Os vícios podem ser classificados segundo as virtudes que contrariam, ou ainda ligados aos pecados capitais que a experiência cristã distinguiu seguindo S. João Cassiano e S. Gregório Magno. São chamados capitais porque geram outros pecados, outros vícios. São o orgulho, a avareza, inveja, a ira, a impureza, a gula, a preguiça ou acídia.
§2514 O NONO MANDAMENTO Não cobiçarás a casa de teu próximo, não desejarás sua mulher, nem seu servo, nem sua serva, nem seu boi, nem seu jumento, nem coisa alguma que pertença a teu próximo (Ex 20,17). Todo aquele que olha para uma mulher com desejo libidinoso já cometeu adultério com ela em seu coração (Mt 5,28).
São João distingue três espécies de cobiça ou concupiscência: a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida. Conforme a tradição catequética católica, o nono mandamento proíbe a concupiscência carnal; o décimo proíbe a concupiscência dos bens alheios.
S.48.1 Conseqüências da soberba
§2094 Pode-se pecar de diversas maneiras contra o amor de Deus: a indiferença negligencia ou recusa a consideração da caridade divina, menospreza a iniciativa (de Deus em nos amar) e nega sua força. A ingratidão omite ou se recusa a reconhecer a caridade divina e a pagar amor com amor. A tibieza é uma hesitação ou uma negligência em responder ao amor divino, podendo implicar a recusa de se entregar ao dinamismo da caridade. A acídia ou preguiça espiritual chega a recusar até a alegria que vem de Deus e a ter horror ao bem divino. O ódio a Deus vem do orgulho. Opõe-se ao amor de Deus, cuja bondade nega, e atreve-se a maldizê-lo como aquele que proíbe os pecados e inflige as penas.
§2317 As injustiças, as desigualdades excessivas de ordem econômica ou social, a inveja, a desconfiança e o orgulho que grassam entre os homens e as nações ameaçam sem cessar paz e causam as guerras. Tudo o que for feito para vencer essas desordens contribui para edificar a paz e evitar a guerra:
Pecadores que são, os homens vivem em perigo de guerra, e este perigo os ameaçará até a volta de Cristo. Mas, na medida em que, unidos pela caridade, superem o pecado, superarão igualmente as violências, até que se cumpra a palavra: "De suas espadas eles forjarão relhas de arado, e de suas lanças, foices. Uma nação não levantará a espada contra a outra, e já não se adestrarão para a guerra" (Is 2,4).
§2540 A inveja representa uma das formas de tristeza e, portanto, uma recusa da caridade; o batizado lutará contra ela mediante a benevolência. A inveja provém muitas vezes do orgulho o batizado se exercitará no caminho da humildade:
Quereríeis ver Deus glorificado por vós?
Pois bem, alegrai-vos com os progressos de vosso irmão e imediatamente Deus será glorificado por vós. Deus será louvado dirão, porque seu servo soube vencer a inveja, colocando alegria nos méritos dos outros.
§2728 Enfim, nosso combate deve enfrentar aquilo que sentimos como nossos fracassos na oração: desânimo diante de nossa aridez, tristeza por não ter dado tudo ao Senhor, por ter ''muitos bens", decepção por não ser atendidos segundo nossa vontade própria, insulto ao nosso orgulho (o qual não aceita nossa indignidade de pecadores), alergia à gratuidade da oração etc. A conclusão é sempre a mesma: para que rezar? Para superar esses obstáculos é preciso lutar para ter a humildade, a confiança, a perseverança.
S.48.2 Luta contra a soberba
§1784 A educação da consciência é uma tarefa de toda a vida. Desde os primeiros anos, alerta a criança para o conhecimento e a prática da lei interior reconhecida pela consciência moral. Uma educação prudente ensina a virtude, preserva ou cura do medo, do egoísmo e do orgulho, dos sentimentos de culpabilidade e dos movimentos de complacência, nascidos da fraqueza e das faltas humanas. A educação da consciência garante a liberdade e gera a paz do coração.
sexta-feira, 3 de abril de 2009
Globalização, Religiões e Igreja
Transcrevo abaixo parte de uma texto escrito pelo padre espanhol Francisco Faus em 2004. O texto, escrito por um respeitado sacerdote ligado à Opus Dei e autor de vários livros pela Editora Quadrante, é destinado a palestras para seminaristas. Nele, Francisco Faus, com base em conferência proferida pelo padre Michel Schooyans em 2000, faz um alerta sobre a atuação da Organização das Nações Unidas (ONU) contra as religiões, especialmente o Catolicismo.
Eu já tinha lido as mesmas idéias em artigos de Olavo de Carvalho. Francisco Faus corrobora o que ele diz: a ONU quer implantar uma espécie de religião mundial, fundada sobre a geléia geral que conhecemos como Nova Era.
Para ler o artigo completo, clique aqui. Na verdade, apenas excluí a introdução, que trata do filme Paixão de Cristo, de Mel Gibson (lançado no mesmo ano em que o texto foi escrito e que, como lembramos, foi esculhambado por todos os esquerdistas do mundo).
Abaixo, o trecho que selecionei.
2. O globalismo e a religião
2.1 Até agora, a ONU e os organismos internacionais só se referiam à religião para falar do respeito devido ao princípio de liberdade religiosa, que figura como um dos "direitos fundamentais" na Declaração dos Direitos Humanos de 1948. De uns decênios para cá, este ângulo está mudando substancialmente, e a religião passa a ser vista como uma "preocupação", um "perigo", tanto pela a ONU como pelos organismos a ela ligados.
2.2 É interessante conhecer, neste sentido, a conferência pronunciada no ano 2000 pelo Pe. Michel Schooyans, membro da Pontifícia Academia das Ciências Sociais e Consultor do Pontifício Conselho para a Família, como parte de um Colóquio sobre a Globalização, promovido no Vaticano pelo Pontifício Conselho para a Família, de 27 a 29 de novembro de 2000. Um resumo da conferência foi publicado no n. 469 (Junho 2001), págs. 277 a 286, da revista Pergunte e Responderemos (www.osb.org.br).
2.3 O autor denuncia a ONU pelo seu projeto de globalização, que pretende chegar a instaurar, num futuro próximo, um Super-Estado com seu governo mundial e suas leis. Estas, ao invés de seguir os princípios da lei natural (pressupostos tacitamente na Declaração dos Direitos Humanos promulgada pela ONU em 1948), se baseariam exclusivamente na vontade dos legisladores, no simples e mero consenso, sem nenhum princípio moral básico inviolável, que possa servir de fundamento, orientação ou limite. Além do mais, esse Super-Estado teria direito de ingerência em cada nação do mundo, fazendo de tudo para impor as suas novas "normas éticas", pelo sistema de forçar os Estados – alegando exigências e praxe do direito internacional: mediante sanções, ou exercendo coação com ameaças comerciais, etc.– a assinar acordos, a subscrever declarações de princípios, a aceitar "Cartas de princípios" diversas, que sacramentem os novos "valores".
"A globalização – diz o Pe. Schooyans, expondo essa nova posição da ONU – deve ser reinterpretada à luz de uma nova visão do mundo e do lugar do homem no mundo". Essa nova visão apresenta uma perspectiva totalmente materialista do ser humano, que seria apenas "um avatar da evolução da matéria" [o que significa que fica eliminado um Deus Criador, que tenha querido e criado o homem, que lhe tenha dado um sentido e uma finalidade, uma missão na terra, e uma Lei pela qual se guiar para um destino eterno]; a vida humana não passaria de uma conjunção cega de acasos da matéria, que veio a se tornar consciente sobre si mesma e sobre a sua caducidade, pois seria apenas destinada a "desaparecer na Mãe-Terra, de onde nasceu". [prestem atenção: "Terra"="Gaia": uma palavra-chave da nova divindade da New Age]
2.4 Expressão deste pensamento dos que manipulam os cordéis da ONU e de seus organismos é a Carta da Terra, que a ONU vem preparando há tempo (pode ser achada na Internet), com o intuito de que suplante a antiga Declaração dos Direitos do Homem e jogue no cesto do lixo, como obsoleto, o próprio Decálogo, os Dez Mandamentos: "Formaremos uma sociedade global para cuidarmos da Terra e cuidarmos uns dos outros... Precisamos com urgência de uma visão compartilhada a respeito dos valores de base" .Gravem bem que hoje essas pessoas estão mudando radicalmente o sentido da palavra "valor": nenhum "valor" é considerado permanente, "valor" só significaria o que "a maioria valoriza" (vejam a passagem de algo objetivo – um valor ou princípio permanentemente válido – ao puro subjetivismo do que "agora" a maioria deseja, e por isso lhe dá "valor"): se o novo valor é a maconha, será a maconha; se é o aborto, o aborto; se é o casamento homossexual, o casamento homossexual, etc; e, então, seria um "contra-valor" condenável tudo o que se opusesse à mentalidade dominante em certo momento histórico: por exemplo, seria um crime "moral" intolerável valorizar a família, se os novos "valores" a desprezam e substituem pelas uniões mais bizarras. Querem criar, pois, chegando a um acordo de interesses, novos "valores de base", que – como dizem – ofereçam um fundamento ético (?!) à comunidade mundial emergente...".
2.5 Comenta ainda Schooyans que, para alcançar essa visão holística [totalitária] do globalismo, alguns "obstáculos" devem ser aplainados. "As religiões em geral, em primeiro lugar a religião católica, figuram entre os obstáculos que se devem neutralizar". Com este objetivo, em setembro de 2000 foi organizada a Cúpula de líderes espirituais e religiosos, a fim de lançar a "Iniciativa Unida das Religiões", fortemente influenciada pela New Age, e que visa, em último termo, a criação de uma nova religião mundial única, o que implicaria imediatamente a proibição de que qualquer outra religião fosse missionária, fizesse proselitismo. (Poucos sabem que foi por ocasião dessa reunião que a Congregação para a Doutrina da Fé publicou a Instrução Dominus Iesus: e é significativo que os mesmos "teólogos" que aderiram há anos de corpo e alma ao marxismo, quando o comunismo estava na crista histórica da onda, agora estejam aderindo à New Age e a toda essa mentalidade de pseudoecumenismo nebuloso e antidogmático, crivando de críticas ásperas o Papa, o Card. Ratzinger, etc., por ter publicado esse documento).
2.6. Ainda em 2000, Kofi Annan propugnava um Pacto Mundial ("Global Compact"), que angariaria o apoio moral e financeiro de entidades privadas (já o recebeu da Shell, CNN, Bill Gates, etc.). Tudo isso se encaminha para desativar e substituir a Declaração de 1948. Em 1948 desejava-se que a ordem mundial se fundasse sobre verdades, sobre princípios indiscutíveis, reconhecidos por todos e promovidos pelas legislações dos estados (na realidade, eram os princípios básicos imutáveis da lei natural); agora – como já víamos – só se fala em valores, absolutamente relativos, e dominados pelo egoísmo de um mundo agnóstico, relativista e hedonista.
2.7 Segundo essa nova visão da ONU, "o homem – comenta Schooyans – , por ser pura matéria, é definitivamente incapaz de dizer seja lá o que for de verdadeiro sobre ele mesmo ou sobre o sentido da vida. Fica, assim, reduzido ao agnosticismo de princípios, ao ceticismo e ao relativismo moral. Os porquês não tem sentido; só importam os como". O que "se pode fazer" em matéria ética ("posso", "não posso"), sempre significou o que era lícito ou não perante a lei de Deus, perante os princípios morais intocáveis; agora, pelo contrário, quer dizer "o que se pode fazer tecnicamente" (p.e., clonar, manipular embriões humanos para obter soluções para terceiros, abortar filhos que exigiriam sacrifício dos pais, etc.), ou seja, que se "podem fazer" as maiores aberrações, porque "já há técnica" para isso, bastando para cohonestar essas aberrações que se consiga o consenso dos que manipulam como proprietários – pelo poder da mídia, da política e, sobretuso, do dinheiro – os organismos internacionais e a opinião pública.
Dentro dessa visão, é natural que se propugne que, de agora em diante, os direitos do homem sejam apenas o resultado de procedimentos consensuais. Não sendo capazes de verdades, devemos só entrar em acordos e decidir. Será justo o que for aprovado por maioria. Esses procedimentos consensuais serão, logicamente, mutáveis, poderão ser mudados e redefinidos ilimitadamente. Daqui em diante, qualquer coisa poderá ser apresentada [e imposta, até coercitivamente, como exigência do direito internacional] como "novo direito" do homem: direito a uniões sexuais diversas, ao repúdio, aos lares monoparentais, à eutanásia, ao infanticídio, à eliminação dos deficientes físicos, às manipulações genéticas com fetos ou inválidos, etc. Estamos presenciando a tentativa de fazer triunfar a "vontade de poder" de Nietzsche; e parece que ninguém repara que essa multidão "neo-liberal" e "iluminista" [que faz "paradas" enormes] tem como "precursor" – eu diria, já, como "padroeiro", nada menos que Adolf Hitler.
2.8 Nas assembléias internacionais, os funcionários da ONU tudo fazem para chegar ao "consenso" que já foi definido previamente por eles nos documentos preparatórios. Uma vez conseguido esse consenso (mesmo que seja, como já aconteceu mais de uma vez, "modificando" depois nos gabinetes as conclusões aprovadas), ele é invocado para fazer com que se adotem convenções internacionais, que deverão adquirir força de lei nos Estados que as ratifiquem (e se não o fazem, serão mal vistos na comunidade internacional, além de sofrer as sanções de que falávamos). Todos, indivíduos ou Estados, deverão obedecer à norma fundamental surgida da vontade daqueles que definem o direito internacional. Esse direito internacional puramente positivo, livre de toda a referência à Declaração de 1948, será (já está sendo) o instrumento utilizado pela ONU para impor ao mundo a visão da globalização que lhe permita colocar-se como Super-Estado". É patente que por esse caminho já está andando a União Européia. Assim, a própria ONU "entronizaria o pensamento único, holístico" (uma autêntica ditadura ideológica, que eliminaria o pluralismo e a tão badalada tolerância dos neo-liberais..., e qualificaria de "intolerantes inaceitáveis", que devem ser banidos da vida publica – como já está acontecendo – os que, simplesmente, tivessem convicções diferentes dos "valores" deles). Este é o resumo, glosado, do artigo de Schooyans.
Depois disso, por favor, caros seminaristas, não leiam superficialmente as notícias, artigos, editoriais e ensaios de jornais e revistas, e as opiniões de filósofos, sociólogos ou teólogos "holísticos" sobre problemas éticos de candente atualidade. A partir de agora, prestem mais atenção ao noticiário internacional, às referências a congressos vinculados à ONU, a algumas declarações ou documentos muito badalados de organismos internacionais, etc. Vocês vão começar a "ver", surpreendidos, muitas coisas que antes não percebiam, e vão calibrar a carga destrutiva da fé e da moral cristã que idéias ou programas aparentemente inocentes e até poéticos (temas ecológicos, p.e.) carregam muitas vezes no seu bojo.
3. A coragem e a fidelidade do Magistério autêntico da Igreja
3.1 Lembremo-nos de que essa problemática moral – com idéias relativistas análogas às que acabamos de considerar – já existia nos tempos da crise do pós-Concílio, e que explodiu após a Humanae Vitae, com o bombardeio de críticas e revisões de teólogos inconformados, e continua a ser pensamento dominante em muitos ambientes eclesiásticos (unido ao falso ecumenismo, às tentativas de acabar com o verdadeiro sentido das "Missões", à revolução "permanente" da teologia moral, à visão relativista e historicista do mundo e da Igreja próprias da teologia da libertação, às novas escolas de teologia moral, como o conseqüencialismo, o proporcionalismo, a doutrina da opção fundamental, etc.).
3.2 À vista dessa realidade, ganha especial relevo o esforço ingente, lúcido e corajoso, do Santo Padre e dos seus colaboradores mais fiéis, por defender, aprofundar, insistir, expor com a máxima clareza as verdades da fé e da moral cristã, ainda que suscitem críticas, ódios e hostilidades nos ambientes laicistas e em muitos ambientes eclesiásticos.
3.3 Mas o Sucessor de Pedro não pode fechar os olhos para uma realidade: o relativismo, o subjetivismo e, em boa parte o hedonismo, passaram a dominar amplos setores da teologia moral católica (que de católica já só prece conservar o nome), e faz anos que estão causando enorme desorientação e dano moral e espiritual no clero – mal formado – e nos fiéis.
3.4 Não é possível, nesta palestra – que já está longa demais – deter-nos no estudo detalhado desta problemática, que é abordada em profundidade na Parte III do Catecismo da Igreja Católica e, especialmente, nas Encíclicas Veritatis Splendor e Evangelium Vitae. Baste, por ora, frisar a valente insistência do Magistério pontifício no tema dos atos "intrinsecamente maus", que nenhuma finalidade boa, nenhum "teleologismo", nenhum cálculo de valores positivos e negativos, feito nos parâmetros do "proporcionalismo" e do "conseqüencialismo" ou da "opção fundamental" podem justificar e tornar bons ou moralmente inócuos.
"Os preceitos morais negativos (da Lei de Deus) – lemos na Encíclica Evangelium Vitae, n. 75 –, isto é, aqueles que declaram moralmente inaceitável a escolha de determinada ação, têm um valor absoluto para a liberdade humana: valem sempre e em todas as circunstâncias sem exceção. Indicam que a escolha de determinado comportamento é radicalmente incompatível com o amor de Deus e com a dignidade da pessoa humana, criada à sua imagem [...]". “Já neste sentido, os preceitos morais negativos têm uma função positiva importantíssima: o «não» que exigem incondicionalmente aponta o limite intransponível abaixo do qual o homem livre não pode descer, e simultaneamente indica o mínimo que ele deve respeitar e do qual deve partir para pronunciar inumeráveis «sins», capazes de cobrir progressivamente todo o horizonte do bem, em cada um dos seus âmbitos”.
3.5 Há atos que a tradição da Igreja chama "intrinsecamente maus", que,como diz também a Veritatis Splendor (n. 80), "são maus sempre e por si mesmos, ou seja, pelo próprio objeto, independentemente das posteriores intenções de quem age e das circunstâncias". A Encíclica cita, a seguir, o Concílio Vaticano II que, na Gaudium et spes (n. 27) exemplifica, e fala que são atos desse tipo "tudo quanto se opõe à vida , como seja toda a espécie de homicídio, genocídio, aborto, eutanásia e suicídio voluntário; tudo o que viola a integridade da pessoa humana... ; as condições degradantes de trabalho... Todas estas coisas ofendem gravemente o Criador".
3.6 A moral proporcionalista, conseqüencialista, de atitudes, de opção fundamental, etc, admite que muitos desses atos possam ser lícitos num contexto determinado, em que – no balanço de "bens" – prevaleçam valores julgados superiores (quase sempre com critérios racionais apenas técnicos, utilitarista e humano, não sobrenaturais). Isto, por mais sutis e complicados que sejam esses autores ao defender-se das críticas, é a porta escancarada ao relativismo total, e não estranha que leve a posições análogas, se não iguais, às posições dos organismos materialistas da ONU de que acima falávamos. Sem pretendê-lo (é preciso pensar assim), esses teólogos e professores de seminário se alinham nas mesmas fileiras dos que se propõem acabar com a Igreja Católica.
3.7 Por isso, impõe-se, como um dever grave, aos seminaristas e aos padres (e, logicamente, aos bispos, aos teólogos, aos reitores e professores de seminários, etc.) procurar os fundamentos e as respostas às questões morais contemporâneas nas fontes da Verdade, e concretamente:
3.8 A) na Sagrada Escritura, especialmente no Novo Testamento, tendo presentes as palavras claríssimas de Cristo: "Não penseis que vim revogar a lei e os profetas. Não vim revogá-los, mas dar-lhes pleno cumprimento" (Mt 5, 17). Não é por acaso que, tanto o Catecismo da Igreja, como a Veritatis Splendor, para focalizar a Moral com ótica plenamente cristã, tomem como ponto de partida o diálogo de Cristo com o jovem rico: – "Que devo fazer de bom para alcançar a vida eterna?". E a resposta de Cristo: "...se queres entrar na vida eterna, cumpre os mandamentos". – "Quais?" . A resposta imediata de Jesus é uma remissão aos Dez Mandamentos, válidos em toda a época e em todo o lugar – "Não matarás; não cometerás adultério; não roubarás; não levantarás falso testemunho; honra teu pai e tua mãe; e ainda, amarás a teu próximo como a ti mesmo" (Mt 19, 16 ss).
Esse ensinamento, taxativo e básico – a primeira exigência moral que Cristo indica (pois o cume é a caridade) – , prova que outras palavras de Cristo e dos Apóstolos sobre pecados diretamente relacionados com os Dez Mandamentos não são circunstanciais, nem "pré-morais", nem relativas a uma determinada cultura, a um ambiente histórico ou a uma mentalidade de outras eras, mas verdades permanentes, que exprimem a Vontade de Deus, que é o bem e a salvação do homem.
Exemplos: "O que sai do homem, é isso que o torna impuro. Com efeito, é de dentro, do coração dos homens, que saem as intenções malignas: imoralidade sexual, roubos, homicídios, adultérios, ambições desmedidas, perversidades, fraude, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, insensatez. Todas essas coisas saem de dentro do homem e o tornam impuro" (Mc 7, 21-23).
"Não vos iludais: nem os impudicos [excelentes exegetas incluem entre esses pecados a masturbação], nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os depravados, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os injuriosos possuirão o Reino de Deus" (1 Cor 6, 9-10).
Ver também, Rom 1, 24-32, talvez as palavras mais enérgicas e fortes do Novo Testamento sobre a Moral.
É natural que, de acordo com a Revelação divina, a Igreja (fiel ao Evangelho, e imunizada pelo Espírito Santo contra a falsidade das ideologias), diga, no n. 1968 do Catecismo da Igreja Católica: "A Lei evangélica dá pleno cumprimento aos mandamentos da Lei. O Sermão do Senhor [Sermão da montanha], longe de abolir ou desvalorizar as prescrições morais da Lei Antiga, delas haure virtualidades ocultas, faz surgir novas exigências e revela sua verdade divina e humana".
3.10 Em suma, depois dessas considerações, parece-me que vale a pena que gravemos na nossa alma a imensa responsabilidade que os seminaristas (e os sacerdotes, na sua formação permanente) têm – temos – de aprofundar incansavelmente nos ensinamentos do Magistério autêntico e universal da Igreja. Num mundo confuso, em que parece dominar cada vez mais o "Pai da mentira" (releia-se Jo 8, 44 ss.), numa época histórica em que são tão extensos os âmbitos eclesiais confusos, desgarrados da comunhão doutrinal com a Cabeça visível da Igreja e difusores de erros; num mundo, enfim, materializado e doente de hedonismo e consumismo, em que é tão fácil "dobrar o joelho diante de Baal" (da opinião pública, das ideologias e "valores" da moda, dos erros "prestigiados" pela mídia), os que têm o privilégio divino de serem chamados para servir como "instrumentos vivos" a Cristo e à Igreja, sendo "luz do mundo" e espelho do Evangelho, têm que se esforçar (heroicamente, se for preciso) para manter um estudo contínuo, cada vez mais profundo, da Verdade, bebendo-a abundantemente nas suas fontes limpas, garantidas pela chancela do Magistério autêntico e universal, e, por isso, pelo "selo de garantia" do Espírito Santo. Convençamo-nos de que disso, sem exagero, depende em boa parte o bem do mundo, o bem futuro da Igreja e da humanidade.
Eu já tinha lido as mesmas idéias em artigos de Olavo de Carvalho. Francisco Faus corrobora o que ele diz: a ONU quer implantar uma espécie de religião mundial, fundada sobre a geléia geral que conhecemos como Nova Era.
Para ler o artigo completo, clique aqui. Na verdade, apenas excluí a introdução, que trata do filme Paixão de Cristo, de Mel Gibson (lançado no mesmo ano em que o texto foi escrito e que, como lembramos, foi esculhambado por todos os esquerdistas do mundo).
Abaixo, o trecho que selecionei.
2. O globalismo e a religião
2.1 Até agora, a ONU e os organismos internacionais só se referiam à religião para falar do respeito devido ao princípio de liberdade religiosa, que figura como um dos "direitos fundamentais" na Declaração dos Direitos Humanos de 1948. De uns decênios para cá, este ângulo está mudando substancialmente, e a religião passa a ser vista como uma "preocupação", um "perigo", tanto pela a ONU como pelos organismos a ela ligados.
2.2 É interessante conhecer, neste sentido, a conferência pronunciada no ano 2000 pelo Pe. Michel Schooyans, membro da Pontifícia Academia das Ciências Sociais e Consultor do Pontifício Conselho para a Família, como parte de um Colóquio sobre a Globalização, promovido no Vaticano pelo Pontifício Conselho para a Família, de 27 a 29 de novembro de 2000. Um resumo da conferência foi publicado no n. 469 (Junho 2001), págs. 277 a 286, da revista Pergunte e Responderemos (www.osb.org.br).
2.3 O autor denuncia a ONU pelo seu projeto de globalização, que pretende chegar a instaurar, num futuro próximo, um Super-Estado com seu governo mundial e suas leis. Estas, ao invés de seguir os princípios da lei natural (pressupostos tacitamente na Declaração dos Direitos Humanos promulgada pela ONU em 1948), se baseariam exclusivamente na vontade dos legisladores, no simples e mero consenso, sem nenhum princípio moral básico inviolável, que possa servir de fundamento, orientação ou limite. Além do mais, esse Super-Estado teria direito de ingerência em cada nação do mundo, fazendo de tudo para impor as suas novas "normas éticas", pelo sistema de forçar os Estados – alegando exigências e praxe do direito internacional: mediante sanções, ou exercendo coação com ameaças comerciais, etc.– a assinar acordos, a subscrever declarações de princípios, a aceitar "Cartas de princípios" diversas, que sacramentem os novos "valores".
"A globalização – diz o Pe. Schooyans, expondo essa nova posição da ONU – deve ser reinterpretada à luz de uma nova visão do mundo e do lugar do homem no mundo". Essa nova visão apresenta uma perspectiva totalmente materialista do ser humano, que seria apenas "um avatar da evolução da matéria" [o que significa que fica eliminado um Deus Criador, que tenha querido e criado o homem, que lhe tenha dado um sentido e uma finalidade, uma missão na terra, e uma Lei pela qual se guiar para um destino eterno]; a vida humana não passaria de uma conjunção cega de acasos da matéria, que veio a se tornar consciente sobre si mesma e sobre a sua caducidade, pois seria apenas destinada a "desaparecer na Mãe-Terra, de onde nasceu". [prestem atenção: "Terra"="Gaia": uma palavra-chave da nova divindade da New Age]
2.4 Expressão deste pensamento dos que manipulam os cordéis da ONU e de seus organismos é a Carta da Terra, que a ONU vem preparando há tempo (pode ser achada na Internet), com o intuito de que suplante a antiga Declaração dos Direitos do Homem e jogue no cesto do lixo, como obsoleto, o próprio Decálogo, os Dez Mandamentos: "Formaremos uma sociedade global para cuidarmos da Terra e cuidarmos uns dos outros... Precisamos com urgência de uma visão compartilhada a respeito dos valores de base" .Gravem bem que hoje essas pessoas estão mudando radicalmente o sentido da palavra "valor": nenhum "valor" é considerado permanente, "valor" só significaria o que "a maioria valoriza" (vejam a passagem de algo objetivo – um valor ou princípio permanentemente válido – ao puro subjetivismo do que "agora" a maioria deseja, e por isso lhe dá "valor"): se o novo valor é a maconha, será a maconha; se é o aborto, o aborto; se é o casamento homossexual, o casamento homossexual, etc; e, então, seria um "contra-valor" condenável tudo o que se opusesse à mentalidade dominante em certo momento histórico: por exemplo, seria um crime "moral" intolerável valorizar a família, se os novos "valores" a desprezam e substituem pelas uniões mais bizarras. Querem criar, pois, chegando a um acordo de interesses, novos "valores de base", que – como dizem – ofereçam um fundamento ético (?!) à comunidade mundial emergente...".
2.5 Comenta ainda Schooyans que, para alcançar essa visão holística [totalitária] do globalismo, alguns "obstáculos" devem ser aplainados. "As religiões em geral, em primeiro lugar a religião católica, figuram entre os obstáculos que se devem neutralizar". Com este objetivo, em setembro de 2000 foi organizada a Cúpula de líderes espirituais e religiosos, a fim de lançar a "Iniciativa Unida das Religiões", fortemente influenciada pela New Age, e que visa, em último termo, a criação de uma nova religião mundial única, o que implicaria imediatamente a proibição de que qualquer outra religião fosse missionária, fizesse proselitismo. (Poucos sabem que foi por ocasião dessa reunião que a Congregação para a Doutrina da Fé publicou a Instrução Dominus Iesus: e é significativo que os mesmos "teólogos" que aderiram há anos de corpo e alma ao marxismo, quando o comunismo estava na crista histórica da onda, agora estejam aderindo à New Age e a toda essa mentalidade de pseudoecumenismo nebuloso e antidogmático, crivando de críticas ásperas o Papa, o Card. Ratzinger, etc., por ter publicado esse documento).
2.6. Ainda em 2000, Kofi Annan propugnava um Pacto Mundial ("Global Compact"), que angariaria o apoio moral e financeiro de entidades privadas (já o recebeu da Shell, CNN, Bill Gates, etc.). Tudo isso se encaminha para desativar e substituir a Declaração de 1948. Em 1948 desejava-se que a ordem mundial se fundasse sobre verdades, sobre princípios indiscutíveis, reconhecidos por todos e promovidos pelas legislações dos estados (na realidade, eram os princípios básicos imutáveis da lei natural); agora – como já víamos – só se fala em valores, absolutamente relativos, e dominados pelo egoísmo de um mundo agnóstico, relativista e hedonista.
2.7 Segundo essa nova visão da ONU, "o homem – comenta Schooyans – , por ser pura matéria, é definitivamente incapaz de dizer seja lá o que for de verdadeiro sobre ele mesmo ou sobre o sentido da vida. Fica, assim, reduzido ao agnosticismo de princípios, ao ceticismo e ao relativismo moral. Os porquês não tem sentido; só importam os como". O que "se pode fazer" em matéria ética ("posso", "não posso"), sempre significou o que era lícito ou não perante a lei de Deus, perante os princípios morais intocáveis; agora, pelo contrário, quer dizer "o que se pode fazer tecnicamente" (p.e., clonar, manipular embriões humanos para obter soluções para terceiros, abortar filhos que exigiriam sacrifício dos pais, etc.), ou seja, que se "podem fazer" as maiores aberrações, porque "já há técnica" para isso, bastando para cohonestar essas aberrações que se consiga o consenso dos que manipulam como proprietários – pelo poder da mídia, da política e, sobretuso, do dinheiro – os organismos internacionais e a opinião pública.
Dentro dessa visão, é natural que se propugne que, de agora em diante, os direitos do homem sejam apenas o resultado de procedimentos consensuais. Não sendo capazes de verdades, devemos só entrar em acordos e decidir. Será justo o que for aprovado por maioria. Esses procedimentos consensuais serão, logicamente, mutáveis, poderão ser mudados e redefinidos ilimitadamente. Daqui em diante, qualquer coisa poderá ser apresentada [e imposta, até coercitivamente, como exigência do direito internacional] como "novo direito" do homem: direito a uniões sexuais diversas, ao repúdio, aos lares monoparentais, à eutanásia, ao infanticídio, à eliminação dos deficientes físicos, às manipulações genéticas com fetos ou inválidos, etc. Estamos presenciando a tentativa de fazer triunfar a "vontade de poder" de Nietzsche; e parece que ninguém repara que essa multidão "neo-liberal" e "iluminista" [que faz "paradas" enormes] tem como "precursor" – eu diria, já, como "padroeiro", nada menos que Adolf Hitler.
2.8 Nas assembléias internacionais, os funcionários da ONU tudo fazem para chegar ao "consenso" que já foi definido previamente por eles nos documentos preparatórios. Uma vez conseguido esse consenso (mesmo que seja, como já aconteceu mais de uma vez, "modificando" depois nos gabinetes as conclusões aprovadas), ele é invocado para fazer com que se adotem convenções internacionais, que deverão adquirir força de lei nos Estados que as ratifiquem (e se não o fazem, serão mal vistos na comunidade internacional, além de sofrer as sanções de que falávamos). Todos, indivíduos ou Estados, deverão obedecer à norma fundamental surgida da vontade daqueles que definem o direito internacional. Esse direito internacional puramente positivo, livre de toda a referência à Declaração de 1948, será (já está sendo) o instrumento utilizado pela ONU para impor ao mundo a visão da globalização que lhe permita colocar-se como Super-Estado". É patente que por esse caminho já está andando a União Européia. Assim, a própria ONU "entronizaria o pensamento único, holístico" (uma autêntica ditadura ideológica, que eliminaria o pluralismo e a tão badalada tolerância dos neo-liberais..., e qualificaria de "intolerantes inaceitáveis", que devem ser banidos da vida publica – como já está acontecendo – os que, simplesmente, tivessem convicções diferentes dos "valores" deles). Este é o resumo, glosado, do artigo de Schooyans.
Depois disso, por favor, caros seminaristas, não leiam superficialmente as notícias, artigos, editoriais e ensaios de jornais e revistas, e as opiniões de filósofos, sociólogos ou teólogos "holísticos" sobre problemas éticos de candente atualidade. A partir de agora, prestem mais atenção ao noticiário internacional, às referências a congressos vinculados à ONU, a algumas declarações ou documentos muito badalados de organismos internacionais, etc. Vocês vão começar a "ver", surpreendidos, muitas coisas que antes não percebiam, e vão calibrar a carga destrutiva da fé e da moral cristã que idéias ou programas aparentemente inocentes e até poéticos (temas ecológicos, p.e.) carregam muitas vezes no seu bojo.
3. A coragem e a fidelidade do Magistério autêntico da Igreja
3.1 Lembremo-nos de que essa problemática moral – com idéias relativistas análogas às que acabamos de considerar – já existia nos tempos da crise do pós-Concílio, e que explodiu após a Humanae Vitae, com o bombardeio de críticas e revisões de teólogos inconformados, e continua a ser pensamento dominante em muitos ambientes eclesiásticos (unido ao falso ecumenismo, às tentativas de acabar com o verdadeiro sentido das "Missões", à revolução "permanente" da teologia moral, à visão relativista e historicista do mundo e da Igreja próprias da teologia da libertação, às novas escolas de teologia moral, como o conseqüencialismo, o proporcionalismo, a doutrina da opção fundamental, etc.).
3.2 À vista dessa realidade, ganha especial relevo o esforço ingente, lúcido e corajoso, do Santo Padre e dos seus colaboradores mais fiéis, por defender, aprofundar, insistir, expor com a máxima clareza as verdades da fé e da moral cristã, ainda que suscitem críticas, ódios e hostilidades nos ambientes laicistas e em muitos ambientes eclesiásticos.
3.3 Mas o Sucessor de Pedro não pode fechar os olhos para uma realidade: o relativismo, o subjetivismo e, em boa parte o hedonismo, passaram a dominar amplos setores da teologia moral católica (que de católica já só prece conservar o nome), e faz anos que estão causando enorme desorientação e dano moral e espiritual no clero – mal formado – e nos fiéis.
3.4 Não é possível, nesta palestra – que já está longa demais – deter-nos no estudo detalhado desta problemática, que é abordada em profundidade na Parte III do Catecismo da Igreja Católica e, especialmente, nas Encíclicas Veritatis Splendor e Evangelium Vitae. Baste, por ora, frisar a valente insistência do Magistério pontifício no tema dos atos "intrinsecamente maus", que nenhuma finalidade boa, nenhum "teleologismo", nenhum cálculo de valores positivos e negativos, feito nos parâmetros do "proporcionalismo" e do "conseqüencialismo" ou da "opção fundamental" podem justificar e tornar bons ou moralmente inócuos.
"Os preceitos morais negativos (da Lei de Deus) – lemos na Encíclica Evangelium Vitae, n. 75 –, isto é, aqueles que declaram moralmente inaceitável a escolha de determinada ação, têm um valor absoluto para a liberdade humana: valem sempre e em todas as circunstâncias sem exceção. Indicam que a escolha de determinado comportamento é radicalmente incompatível com o amor de Deus e com a dignidade da pessoa humana, criada à sua imagem [...]". “Já neste sentido, os preceitos morais negativos têm uma função positiva importantíssima: o «não» que exigem incondicionalmente aponta o limite intransponível abaixo do qual o homem livre não pode descer, e simultaneamente indica o mínimo que ele deve respeitar e do qual deve partir para pronunciar inumeráveis «sins», capazes de cobrir progressivamente todo o horizonte do bem, em cada um dos seus âmbitos”.
3.5 Há atos que a tradição da Igreja chama "intrinsecamente maus", que,como diz também a Veritatis Splendor (n. 80), "são maus sempre e por si mesmos, ou seja, pelo próprio objeto, independentemente das posteriores intenções de quem age e das circunstâncias". A Encíclica cita, a seguir, o Concílio Vaticano II que, na Gaudium et spes (n. 27) exemplifica, e fala que são atos desse tipo "tudo quanto se opõe à vida , como seja toda a espécie de homicídio, genocídio, aborto, eutanásia e suicídio voluntário; tudo o que viola a integridade da pessoa humana... ; as condições degradantes de trabalho... Todas estas coisas ofendem gravemente o Criador".
3.6 A moral proporcionalista, conseqüencialista, de atitudes, de opção fundamental, etc, admite que muitos desses atos possam ser lícitos num contexto determinado, em que – no balanço de "bens" – prevaleçam valores julgados superiores (quase sempre com critérios racionais apenas técnicos, utilitarista e humano, não sobrenaturais). Isto, por mais sutis e complicados que sejam esses autores ao defender-se das críticas, é a porta escancarada ao relativismo total, e não estranha que leve a posições análogas, se não iguais, às posições dos organismos materialistas da ONU de que acima falávamos. Sem pretendê-lo (é preciso pensar assim), esses teólogos e professores de seminário se alinham nas mesmas fileiras dos que se propõem acabar com a Igreja Católica.
3.7 Por isso, impõe-se, como um dever grave, aos seminaristas e aos padres (e, logicamente, aos bispos, aos teólogos, aos reitores e professores de seminários, etc.) procurar os fundamentos e as respostas às questões morais contemporâneas nas fontes da Verdade, e concretamente:
3.8 A) na Sagrada Escritura, especialmente no Novo Testamento, tendo presentes as palavras claríssimas de Cristo: "Não penseis que vim revogar a lei e os profetas. Não vim revogá-los, mas dar-lhes pleno cumprimento" (Mt 5, 17). Não é por acaso que, tanto o Catecismo da Igreja, como a Veritatis Splendor, para focalizar a Moral com ótica plenamente cristã, tomem como ponto de partida o diálogo de Cristo com o jovem rico: – "Que devo fazer de bom para alcançar a vida eterna?". E a resposta de Cristo: "...se queres entrar na vida eterna, cumpre os mandamentos". – "Quais?" . A resposta imediata de Jesus é uma remissão aos Dez Mandamentos, válidos em toda a época e em todo o lugar – "Não matarás; não cometerás adultério; não roubarás; não levantarás falso testemunho; honra teu pai e tua mãe; e ainda, amarás a teu próximo como a ti mesmo" (Mt 19, 16 ss).
Esse ensinamento, taxativo e básico – a primeira exigência moral que Cristo indica (pois o cume é a caridade) – , prova que outras palavras de Cristo e dos Apóstolos sobre pecados diretamente relacionados com os Dez Mandamentos não são circunstanciais, nem "pré-morais", nem relativas a uma determinada cultura, a um ambiente histórico ou a uma mentalidade de outras eras, mas verdades permanentes, que exprimem a Vontade de Deus, que é o bem e a salvação do homem.
Exemplos: "O que sai do homem, é isso que o torna impuro. Com efeito, é de dentro, do coração dos homens, que saem as intenções malignas: imoralidade sexual, roubos, homicídios, adultérios, ambições desmedidas, perversidades, fraude, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, insensatez. Todas essas coisas saem de dentro do homem e o tornam impuro" (Mc 7, 21-23).
"Não vos iludais: nem os impudicos [excelentes exegetas incluem entre esses pecados a masturbação], nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os depravados, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os injuriosos possuirão o Reino de Deus" (1 Cor 6, 9-10).
Ver também, Rom 1, 24-32, talvez as palavras mais enérgicas e fortes do Novo Testamento sobre a Moral.
É natural que, de acordo com a Revelação divina, a Igreja (fiel ao Evangelho, e imunizada pelo Espírito Santo contra a falsidade das ideologias), diga, no n. 1968 do Catecismo da Igreja Católica: "A Lei evangélica dá pleno cumprimento aos mandamentos da Lei. O Sermão do Senhor [Sermão da montanha], longe de abolir ou desvalorizar as prescrições morais da Lei Antiga, delas haure virtualidades ocultas, faz surgir novas exigências e revela sua verdade divina e humana".
3.10 Em suma, depois dessas considerações, parece-me que vale a pena que gravemos na nossa alma a imensa responsabilidade que os seminaristas (e os sacerdotes, na sua formação permanente) têm – temos – de aprofundar incansavelmente nos ensinamentos do Magistério autêntico e universal da Igreja. Num mundo confuso, em que parece dominar cada vez mais o "Pai da mentira" (releia-se Jo 8, 44 ss.), numa época histórica em que são tão extensos os âmbitos eclesiais confusos, desgarrados da comunhão doutrinal com a Cabeça visível da Igreja e difusores de erros; num mundo, enfim, materializado e doente de hedonismo e consumismo, em que é tão fácil "dobrar o joelho diante de Baal" (da opinião pública, das ideologias e "valores" da moda, dos erros "prestigiados" pela mídia), os que têm o privilégio divino de serem chamados para servir como "instrumentos vivos" a Cristo e à Igreja, sendo "luz do mundo" e espelho do Evangelho, têm que se esforçar (heroicamente, se for preciso) para manter um estudo contínuo, cada vez mais profundo, da Verdade, bebendo-a abundantemente nas suas fontes limpas, garantidas pela chancela do Magistério autêntico e universal, e, por isso, pelo "selo de garantia" do Espírito Santo. Convençamo-nos de que disso, sem exagero, depende em boa parte o bem do mundo, o bem futuro da Igreja e da humanidade.
quinta-feira, 2 de abril de 2009
Inveja

I.54 INVEJA
I.54.1 Inveja pecado capital
§2538 O décimo mandamento exige banir a inveja do coração humano. Quando o profeta Natã quis estimular o arrependimento do rei Davi, contou-lhe a história do pobre que possuía uma única ovelha, tratada como sua própria filha, e do rico que, apesar da multidão de seus rebanhos, invejava o primeiro e acabou roubando-lhe a ovelha. A inveja pode levar às piores ações. E pela inveja do demônio que a morte entrou no mundo:
Nós nos combatemos mutuamente, e é a inveja que nos arma uns contra os outros... Se todos procuram por todos os meios abalar o Corpo onde acabaremos? Nós estamos enfraquecendo o Corpo de Cristo... Declaramo-nos membros de um mesmo organismo e nos devoramos como feras.
§2539 A inveja é um vício capital. Designa a tristeza sentida diante do bem do outro e do desejo imoderado de sua apropriação, mesmo indevida. Quando deseja um grave mal ao próximo, é um pecado mortal:
Sto. Agostinho via na inveja "o pecado diabólico por excelência". "Da inveja nascem o ódio, a maledicência, a calúnia, a alegria causada pela desgraça do próximo e o desprazer causado por sua prosperidade."
§2540 A inveja representa uma das formas de tristeza e, portanto, uma recusa da caridade; o batizado lutará contra ela mediante a benevolência. A inveja provém muitas vezes do orgulho o batizado se exercitará no caminho da humildade:
Quereríeis ver Deus glorificado por vós?
Pois bem, alegrai-vos com os progressos de vosso irmão e imediatamente Deus será glorificado por vós. Deus será louvado dirão, porque seu servo soube vencer a inveja, colocando alegria nos méritos dos outros.
§2553 A inveja é a tristeza sentida diante do bem de outrem e o desejo imoderado de dele se apropriar. E um vício capital.
§2554 O batizado combate a inveja pela benevolência, pela humildade e pelo abandono nas mãos da Providência divina.
segunda-feira, 30 de março de 2009
Luxúria

L.17 LUXÚRIA
L.17.1 Luxúria pecado capital
§1866 Os vícios podem ser classificados segundo as virtudes que contrariam, ou ainda ligados aos pecados capitais que a experiência cristã distinguiu seguindo S. João Cassiano e S. Gregório Magno. São chamados capitais porque geram outros pecados, outros vícios. São o orgulho, a avareza, inveja, a ira, a impureza, a gula, a preguiça ou acídia.
L.17.2 Significação da luxúria
§2351 AS OFENSAS À CASTIDADE A luxúria é um desejo desordenado ou um gozo desregrado do prazer venéreo. O prazer sexual é moralmente desordenado quando é buscado por si mesmo, isolado das finalidades de procriação e de união.
domingo, 29 de março de 2009
Papa Bento XVI envolvido em nova polêmica ao retornar de viagem à África
Atenção, o texto abaixo é só uma piada. Mas uma piada que traduz muito bem o espírito do tempo, o espírito de "todos contra Roma". Parece que o original circula pela internet em inglês. A versão que publicamos aqui é do blog Oblatvs.
Uma nova tempestade midiática contra o Papa
Retornando da África, tão logo desembarcou em Roma em uma tarde ensolarada, o Papa teria exclamado aos jornalistas: “Que belo tempo, hoje!”
Esta frase imprudente despertou em todo o mundo grande comoção e perplexidade e está alimentando uma polêmica crescente. Recolhemos algumas reações mais significativas.
Do arcebispo de Salsburgo: “Reafirmamos a plena fidelidade da Igreja austríaca ao Pontífice e estamos unidos a ele. Mas é espontâneo perguntar-se se por acaso ele não queira fazer a Igreja regredir a uma seita animista de adoradores do sol. Depois desta frase, o número de pessoas que pedem o cancelamento dos registros fiscais que sustentam a Igreja católica aumentou consideravelmente”.
De Alain Juppé, ex-primeiro ministro francês e atual prefeito de Bordeaux: “No instante em que o papa pronunciava estas palavras, em Bordeaux chovia aos cântaros. Esta contra-verdade, próxima ao negacionismo, mostra que o papa vive em um estado de total autismo. Isto destrói, se ainda fosse necessário fazê-lo, o dogma da infalibilidade pontifícia”.
Do Rabino-chefe de Roma: “Como se pode ainda imaginar que faça um belo tempo depois da Shoah [O Holocausto]? Somente no dia em que decidir visitar-me na Sinagoga de Roma, talvez, poderemos verificar juntos como estará o tempo”.
Margherita Hack, astrônoma e astrofísica: “Afirmando sem meios termos e sem provas objetivas indiscutíveis ‘que belo tempo hoje’, o papa demonstra o desprezo bem conhecido da Igreja pela Ciência, que desde sempre combate o dogmatismo. O que há de mais subjetivo e relativo do que esta noção de ‘belo’? Sobre quais provas experimentais indiscutíveis se apoia? Os metereologistas e os especialistas na matéria não chegaram a um acordo sobre a questão no último Colóquio Internacional em Caracas. E agora Bento XVI, ‘ex cathedra’, pretende decidir por si mesmo com tamanha arrogância. Ver-se-ão fogueiras acesas para todos aqueles que não concordam inteiramente com a noção papal de belo e mau tempo?”
Da Associação das Vítimas do Aquecimento Global: “Como não ver nesta declaração provocativa um insulto a todas as vítimas passadas, presentes e futuras dos caprichos do clima, das inundações, dos tsunamis, da seca? esta aquiescência ao ‘tempo que faz’ mostra claramente a cumplicidade da Igreja com estes fenômenos destrutivos, nos quais pretende ver sinais ‘providenciais’ de um Deus vingador e punitivo. E, o que é pior, tal atitude não faz senão encorajar aqueles que causam o aquecimento do planeta, porque poderão agora fazer valer o aval do Vaticano.”
Do Conselho Mundialista: “O papa finge esquecer que enquanto esplende o sol em Roma, uma parte do planeta mergulha na obscuridade noturna. Eis um sinal intolerável de desprezo por vastíssimas partes do mundo e um claro sinal, embora não fosse mais necessário, do eurocentrismo neocolonial deste papa alemão”.
Do Comitê americano das Associações feministas: “Por que o papa quis dizer ‘que belo tempo’ usando termos que, na frase original em italiano, estão no masculino? Poderia ter utilizado belissimamente palavras femininas como ‘que bela tarde’, ou melhor ainda ‘que tempo atraente’, usando assim um adjetivo ‘inclusivo’, uma vez que não se flexiona diferentemente seja no masculino como no feminino. É evidente que este papa, que outrora condenou a fórmula do batismo e de bênçãos não machista (‘In the name of the Creator, the Redeemer and the Sanctifier’), mostra em cada ocasião a sua adesão aos princípios mais retrógados. É desanimador que em 2009 alguém ainda esteja a tal ponto atrasado”.
Da Liga dos Direitos do Homem: “Este tipo de declaração não pode senão ferir profundamente todas as pessoas que têm da realidade uma visão diferente da do papa. Pensamos, em particular, nas pessoas imobilizadas no hospital, ou aprisionadas, cujo horizonte se limita às quatro paredes; e também nas vítimas de doenças raras cujos sentidos não permitem que percebam o estado da situação atmosférica. Há aqui, é evidente, uma vontade de discriminação entre o ‘belo’, segundo o cânone helenizante que se deseja impor a todos (em detrimento das minorias, dos afroamericanos e de todo conceito de ‘inculturação’), e aqueles que, por escolha ou por impossibilidade percebem as coisas de maneira diferente. Nós proporemos, a título de exemplo, ações judiciais por discriminação contra este papa”.
De Alberto Melloni, da escola de Bolonha: “Bem se vê a profunda diferença entre este papa introvertido e fechado em si e no seu mundo ultrapassado, que se limita a uma observação climática sem lhe tirar as devidas consequências, e a paterna abertura ao mundo do Papa João XXIII que, depois de haver observado a lua no céu, convidava todos a levar a seus filhinhos a carícia do Papa. Quando enfim um João XXIV retomará a causa do Espírito conciliar, que os últimos papas tentaram sufocar?”
De Beppe Severgnini, jornalista: “O Papa é o Papa. Ponto. Mas não se pode não pensar com um pouco de nostalgia que João Paulo II teria dito as mesmas palavras, talvez em romanesco (‘ggiornata bbona!), e agitando o solidéu branco aos fiéis que o acompanhavam de casa”.
O L’Osservatore Romano publicou uma versão ligeiramente diferente das palavras precisas do Papa (ele teria dito, segundo o L’Osservatore: “alguém poderia dizer que faz um belo tempo”). Mas os registros de áudio e vídeo dos jornalistas desmentiram a versão edulcorada. Muitos atacaram a ingenuidade do Pe. Lombardi que, embora estivesse ao lado do Papa, não interveio para impedir a afirmação ou imediatamente explicar melhor seu sentido.
Membros influentes da Cúria tentaram atenuar a gravidade da frase do Papa, destacando o seu cansaço depois da viagem africana, tendo em consideração a avançadíssima idade do Pontífice, declarando ainda que a frase incriminada foi mal compreendida e desejava ter um significado teológico-metafísico e não climático, como grosseiramente foi interpretada.
Mas a polêmica não dá sinais de esgotamento.
Uma nova tempestade midiática contra o Papa
Retornando da África, tão logo desembarcou em Roma em uma tarde ensolarada, o Papa teria exclamado aos jornalistas: “Que belo tempo, hoje!”
Esta frase imprudente despertou em todo o mundo grande comoção e perplexidade e está alimentando uma polêmica crescente. Recolhemos algumas reações mais significativas.
Do arcebispo de Salsburgo: “Reafirmamos a plena fidelidade da Igreja austríaca ao Pontífice e estamos unidos a ele. Mas é espontâneo perguntar-se se por acaso ele não queira fazer a Igreja regredir a uma seita animista de adoradores do sol. Depois desta frase, o número de pessoas que pedem o cancelamento dos registros fiscais que sustentam a Igreja católica aumentou consideravelmente”.
De Alain Juppé, ex-primeiro ministro francês e atual prefeito de Bordeaux: “No instante em que o papa pronunciava estas palavras, em Bordeaux chovia aos cântaros. Esta contra-verdade, próxima ao negacionismo, mostra que o papa vive em um estado de total autismo. Isto destrói, se ainda fosse necessário fazê-lo, o dogma da infalibilidade pontifícia”.
Do Rabino-chefe de Roma: “Como se pode ainda imaginar que faça um belo tempo depois da Shoah [O Holocausto]? Somente no dia em que decidir visitar-me na Sinagoga de Roma, talvez, poderemos verificar juntos como estará o tempo”.
Margherita Hack, astrônoma e astrofísica: “Afirmando sem meios termos e sem provas objetivas indiscutíveis ‘que belo tempo hoje’, o papa demonstra o desprezo bem conhecido da Igreja pela Ciência, que desde sempre combate o dogmatismo. O que há de mais subjetivo e relativo do que esta noção de ‘belo’? Sobre quais provas experimentais indiscutíveis se apoia? Os metereologistas e os especialistas na matéria não chegaram a um acordo sobre a questão no último Colóquio Internacional em Caracas. E agora Bento XVI, ‘ex cathedra’, pretende decidir por si mesmo com tamanha arrogância. Ver-se-ão fogueiras acesas para todos aqueles que não concordam inteiramente com a noção papal de belo e mau tempo?”
Da Associação das Vítimas do Aquecimento Global: “Como não ver nesta declaração provocativa um insulto a todas as vítimas passadas, presentes e futuras dos caprichos do clima, das inundações, dos tsunamis, da seca? esta aquiescência ao ‘tempo que faz’ mostra claramente a cumplicidade da Igreja com estes fenômenos destrutivos, nos quais pretende ver sinais ‘providenciais’ de um Deus vingador e punitivo. E, o que é pior, tal atitude não faz senão encorajar aqueles que causam o aquecimento do planeta, porque poderão agora fazer valer o aval do Vaticano.”
Do Conselho Mundialista: “O papa finge esquecer que enquanto esplende o sol em Roma, uma parte do planeta mergulha na obscuridade noturna. Eis um sinal intolerável de desprezo por vastíssimas partes do mundo e um claro sinal, embora não fosse mais necessário, do eurocentrismo neocolonial deste papa alemão”.
Do Comitê americano das Associações feministas: “Por que o papa quis dizer ‘que belo tempo’ usando termos que, na frase original em italiano, estão no masculino? Poderia ter utilizado belissimamente palavras femininas como ‘que bela tarde’, ou melhor ainda ‘que tempo atraente’, usando assim um adjetivo ‘inclusivo’, uma vez que não se flexiona diferentemente seja no masculino como no feminino. É evidente que este papa, que outrora condenou a fórmula do batismo e de bênçãos não machista (‘In the name of the Creator, the Redeemer and the Sanctifier’), mostra em cada ocasião a sua adesão aos princípios mais retrógados. É desanimador que em 2009 alguém ainda esteja a tal ponto atrasado”.
Da Liga dos Direitos do Homem: “Este tipo de declaração não pode senão ferir profundamente todas as pessoas que têm da realidade uma visão diferente da do papa. Pensamos, em particular, nas pessoas imobilizadas no hospital, ou aprisionadas, cujo horizonte se limita às quatro paredes; e também nas vítimas de doenças raras cujos sentidos não permitem que percebam o estado da situação atmosférica. Há aqui, é evidente, uma vontade de discriminação entre o ‘belo’, segundo o cânone helenizante que se deseja impor a todos (em detrimento das minorias, dos afroamericanos e de todo conceito de ‘inculturação’), e aqueles que, por escolha ou por impossibilidade percebem as coisas de maneira diferente. Nós proporemos, a título de exemplo, ações judiciais por discriminação contra este papa”.
De Alberto Melloni, da escola de Bolonha: “Bem se vê a profunda diferença entre este papa introvertido e fechado em si e no seu mundo ultrapassado, que se limita a uma observação climática sem lhe tirar as devidas consequências, e a paterna abertura ao mundo do Papa João XXIII que, depois de haver observado a lua no céu, convidava todos a levar a seus filhinhos a carícia do Papa. Quando enfim um João XXIV retomará a causa do Espírito conciliar, que os últimos papas tentaram sufocar?”
De Beppe Severgnini, jornalista: “O Papa é o Papa. Ponto. Mas não se pode não pensar com um pouco de nostalgia que João Paulo II teria dito as mesmas palavras, talvez em romanesco (‘ggiornata bbona!), e agitando o solidéu branco aos fiéis que o acompanhavam de casa”.
O L’Osservatore Romano publicou uma versão ligeiramente diferente das palavras precisas do Papa (ele teria dito, segundo o L’Osservatore: “alguém poderia dizer que faz um belo tempo”). Mas os registros de áudio e vídeo dos jornalistas desmentiram a versão edulcorada. Muitos atacaram a ingenuidade do Pe. Lombardi que, embora estivesse ao lado do Papa, não interveio para impedir a afirmação ou imediatamente explicar melhor seu sentido.
Membros influentes da Cúria tentaram atenuar a gravidade da frase do Papa, destacando o seu cansaço depois da viagem africana, tendo em consideração a avançadíssima idade do Pontífice, declarando ainda que a frase incriminada foi mal compreendida e desejava ter um significado teológico-metafísico e não climático, como grosseiramente foi interpretada.
Mas a polêmica não dá sinais de esgotamento.
Kit de sobrevivência universitária para católicos
No site americano Inside Catholic há o divertidíssimo anúncio abaixo: o de um kit composto por vídeos e áudios de palestras cujo objetivo é combater o relativismo moral e a cultura da morte que tomam conta dos meios universitários.
Acompanhe o anúncio:
Não sei se o kit funciona. Mas bem que aqui no Brasil precisamos MUITO de algo assim.
Nos meus tempos de faculdade, eu via como gente digamos assim, exótica, os ateus e bichos-grilos em geral, quando na verdade, naquele ambiente o exótico era eu. Graças a Deus eu consegui sobreviver àquilo tudo, não sem certos sobressaltos. Não passei imune pela faculdade de jornalismo: saí de lá fã de Betto & Boff (se bem que eu já era antes de entrar). Mais tarde eu percebi o erro.
Acho que o meio universitário é um dos que precisam mais urgentemente de evangelização. O jovem católico que tenta seguir verdadeiramente os ensinamentos de Cristo, sem concessões, tende a se isolar na universidade. Ele precisa de apoio. Por outro lado, como é difícil evangelizar um ambiente tão hostil!
Que Deus nos fortaleça e dos nos dê coragem para essa tarefa.
Acompanhe o anúncio:
1º quadro:
PERGUNTA:
Como esse bom garoto católico se tornou...
2º quadro:
... este cara?
3º quadro:
RESPOSTA:
Seus PAIS não o avisaram a respeito do relativismo moral que o esperava na UNIVERSIDADE.
4º quadro:
Dê a seus filhos o "kit de sobrevivência na universidade para católicos" do dr. Peter Kreeft. Antes que seja tarde.
PERGUNTA:
Como esse bom garoto católico se tornou...

... este cara?

RESPOSTA:
Seus PAIS não o avisaram a respeito do relativismo moral que o esperava na UNIVERSIDADE.

Dê a seus filhos o "kit de sobrevivência na universidade para católicos" do dr. Peter Kreeft. Antes que seja tarde.

Nos meus tempos de faculdade, eu via como gente digamos assim, exótica, os ateus e bichos-grilos em geral, quando na verdade, naquele ambiente o exótico era eu. Graças a Deus eu consegui sobreviver àquilo tudo, não sem certos sobressaltos. Não passei imune pela faculdade de jornalismo: saí de lá fã de Betto & Boff (se bem que eu já era antes de entrar). Mais tarde eu percebi o erro.
Acho que o meio universitário é um dos que precisam mais urgentemente de evangelização. O jovem católico que tenta seguir verdadeiramente os ensinamentos de Cristo, sem concessões, tende a se isolar na universidade. Ele precisa de apoio. Por outro lado, como é difícil evangelizar um ambiente tão hostil!
Que Deus nos fortaleça e dos nos dê coragem para essa tarefa.
Casas do Senhor XX: A Catedral de São Pedro e da Virgem Maria em Colônia, Alemanha

Sede da arquidiocese de Colônia (cidade alemã onde ocorreu a Jornada Mundial da Juventude em 2005), a catedral de São Pedro e da Virgem Maria é um dos mais conhecidos monumentos da Alemanha.
Também conhecida como Kölner Dom, a gigantesca igreja, cuja construção atravessou séculos desde a Idade Média, chegou a ser, entre os anos de 1880 e 1884, a mais alta estrutura construída pelo homem em todo o mundo. Ainda hoje é o templo católico mais alto do planeta - sua torre mais alta mede 157,38 metros.
Além disso, a Catedral de Colônia é famosa por guardar as chamadas relíquias dos Reis Magos.
A construção da catedral (a atual é a terceira existente no mesmo local, que abriga catedrais desde o século IV d.C.) começou em 1248 e só foi concluída, após muitas interrupções, em 1880. Durante a Segunda Guerra Mundial, a igreja foi atingida quatorze vezes por bombardeios aéreos, mas resistiu. A reconstrução das partes danificadas foi concluída em 1956.
O edifício todo tem 144,58 metros de comprimento e 86,25 m de largura máxima. COntando pessoas sentadas e pessoas de pé, caula-se que quatro mil fiéis possam acompanhar as

O Sarcófago dos Três Reis Magos, um dos tesouros da catedral, foi enviado em 1164 de Milão para Colônia pelo imperador do sacro Império Romano Germânico, Frederico Barba-Roxa. O relicário contém três crânios coroados e vestes antigas que, acredita-se, teriam pertencido a Baltazar, Melchior e Gaspar, os três magos que visitaram o Menino Jesus em Belém.
Para mais informações:
Site oficial (em inglês e alemão)
Sacred Destinations
Para mais fotos:
German Architecture
Flickr
sábado, 28 de março de 2009
Preguiça

P.68 PREGUIÇA vide também Acídia
P.68.1 Preguiça espiritual
§2094 Pode-se pecar de diversas maneiras contra o amor de Deus: a indiferença negligencia ou recusa a consideração da caridade divina, menospreza a iniciativa (de Deus em nos amar) e nega sua força. A ingratidão omite ou se recusa a reconhecer a caridade divina e a pagar amor com amor. A tibieza é uma hesitação ou uma negligência em responder ao amor divino, podendo implicar a recusa de se entregar ao dinamismo da caridade. A acídia ou preguiça espiritual chega a recusar até a alegria que vem de Deus e a ter horror ao bem divino. O ódio a Deus vem do orgulho. Opõe-se ao amor de Deus, cuja bondade nega, e atreve-se a maldizê-lo como aquele que proíbe os pecados e inflige as penas.
P.68.2 Preguiça pecado capital
§1866 Os vícios podem ser classificados segundo as virtudes que contrariam, ou ainda ligados aos pecados capitais que a experiência cristã distinguiu seguindo S. João Cassiano e S. Gregório Magno. São chamados capitais porque geram outros pecados, outros vícios. São o orgulho, a avareza, inveja, a ira, a impureza, a gula, a preguiça ou acídia.
segunda-feira, 23 de março de 2009
Conheça a Igreja XXI: O Movimento dos Focolares

O Movimento dos Focolares (Movimento dei Focolari), cujo nome oficial é Obra de Maria, foi fundado em 1943 na cidade italiana de Trento, por Chiara Lubich (22/01/1920-14/03/2008). O nome significa "lareira" em italiano. Sua criação foi uma resposta aos horrores da Segunda Guerra Mundial: à violência, as primeiras focolarinas queriam responder com amor.
Aos poucos o primeiro grupo inicial foi se transformando num movimento. Em 1947, obteve a aprovação do então bispo de Trento, Monsenhor Carlo de Ferrari. Em 1962 e 1990, recebeu as aprovações pontifícias.
O conceito de "amor evangélico" está no centro da espiritualidade do Movimento dos Focolare: "
Deus-Amor é a primeira centelha inspiradora" é uma de suas divisas. Também fundamental é o conceito de "espiritualidade da unidade", que se refere à expressão do amor fraterno: "A medida do amor mútuo, que gera a unidade, encontra-se neste ápice de amor. Uma unidade que torna visível a presença do Ressuscitado no lugar onde cada pessoa vive."
O objetivo dos Focolares é "Contribuir para a fraternidade universal e compor em unidade a família humana, segundo a oração de Jesus: 'que todos sejam um' (Jo. 17,21)". Para isso, busca o diálogo dentro da Igreja, mas também com cristãos de outras denominações, com não-cristãos e mesmo com pessoas sem religião. O movimento trabalha bastante com ecumenismo e com diálogo interreligioso.
O movimento está presente hoje em 182 países, tendo 141 mil membros, homens e mulheres, e dois milhões de aderentes e simpatizantes - dos quais, cem mil não-cristãos e ateus. Dentro do movimento, há 18 ramificações. Entre elas, podemos citar:
Humanidade Nova - composta sobretudo por leigos que atuam como "voluntários de Deus".
Famílias Novas - compostas peos membros casados.
Jovens por um Mundo Unido - ramificação em que se engajam os jovens no movimento. esenvolve atividades de solidariedade. Seus integrantes são conhecidos como "Gen 2".
Movimento Juvenil pela Unidade - ramificação para os adolescentes, os "Gen 3". Muitos provêem da "Gen 4", a geração das crianças.
Há ainda o Movimento Sacerdotal, o Movimento Paroquial, o Movimento dos Religiosos e outros.
Os Focolare também mantêm no mundo todo 35 Mariápolis Permanentes: comunidades semelhantes a cidades em que se busca promover uma vida baseada nos valores cristãos. No Brasil, são 3 - Mariápolis Glória, em Benevides (PA); Mariápolis Santa Maria, em Igarassu (PE); e Mariápolis Ginetta, em Vargem Grande Paulista (SP). Além dessas, há os Centros Mariápolis, 63 no mundo inteiro, que são escolas de formação social e espiritual para os membros. No BNrasil, são 5 - um emcada Mariápolis Permanente e um em São Leopoldo (RS0 e outro em Manaus. Os Congressos anuais do movimento também são denominados Mariápolis.
O movimento também desenvolve atividades como a Economia de Comunhão, projeto econômico iniciado em 1991 no Brasil e que inspira a administração de mais de 750 empresas no planeta. O princípio da Economia de Comunhão é a distribuição dos lucros com três finalidades:
"1) consolidação da empresa com justos salários e respeito às leis vigentes; 2) ajuda aos necessitados e criação de postos de trabalho; 3) sustento a estruturas aptas para formar homens capazes de viver a cultura da solidariedade, a cultura da partilha."
Duas conhecidas bandas católicas são vinculadas aos Focolare: O Gen Rosso (masculina) e o Gen Verde (feminina).
Para saber mais:
Site oficial internacional (em português e outros idiomas)
Site oficial brasileiro
Site oficial português
Perguntas e Respostas sobre os Focolares no site Cleofas
Site oficial da Economia de Comunhão
Página Oficial "Jovens por um Mundo Unido"
Página Oficial "Movimento Juvenil pela Unidade"
Blog de George Rafael sobre o Movimento
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