domingo, 7 de setembro de 2008

Matrimônio

Deus criou os seres humanos por amor e para o amor, de tal modo que não é bom que o homem esteja só. Ele precisa de amigos, de família, de amor. Nesse sentido, o amor conjugal cumpre os designos de Deus "Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a"(Gn 1,28).

O amor conjugal exige que o casal se entregue efetivamente ao que se inicia. O Sacramento do Matrimônio é de vivência constante é intensa, renovado diariamente no compromisso assumido. O casal deve lutar pela efetividade, vontade e união, conduzindo de tal modo a um só coração e uma só alma.
Todo casamento deve ser pautado pela fidelidade e pela doação. Amar o outro como a si mesmo, expressando a máxima do pensamento cristão: o AMOR.

Não podemos permitir que o Matrimônio se perca nas deturpações sociais. Não podemos coadunar com experiências sociais como o "casamento aberto". Dentro do Matrimônio exite uma castidade a ser respeitada. As pessoas casadas são convidadas a seguir e a viver a Castidade conjugal - lembrando que a castiade pode ser vivida de três modos: a dos esposos, a da viuvez e a virgindade.

Quando um casamento é realizado e consumado entre batizados ele não pode ser dissolvido. Gera assim, um vínculo perpétuo e exclusivo. Por meio de tão nobre sacramento. o casal se acolhe, se protege e se ama.

O casamento também é fonte de Graça, pois, recebe a benção de Deus. A fidelidade conjugal permite que sejamos fiéis a Deus e a seus ensinamentos. Um casal unido na missão de evangelizar é capaz de maravilhas na construção de uma comunidade de fé.

As pessoas às vezes têm medo de assumir este Sacramento. O Matrimônio é o Sacramento do serviço. Amar significa ser capaz de colocar a felicidade do outro ao lado da nossa. No casamento não existe apenas a figura do "eu", mas sim um amoroso "nós". As pessoas têm medo do compromisso de deixar de lado seus egoísmos e individualidades e pensar como um casal. As pessoas tem medo de terem filhos, alegando que o mundo já não é um local tão bom para se educar as crianças. Não se trata aqui de ter medo, a solução é acreditar na Misericórdia Divina.
O Matrimônio é um Sacramento e como tal deve ser tratado. Não podemos ter medo de assumir nossa missão. Cristo sempre estará ao nosso lado. O amor de Deus pode superar qualquer problema.

O Sacramento deve ser contraído livremente. Quando falta liberdade o casamento é inválido.

O Matrimônio é a confirmação da aliança feita entre um homem, uma mulher e Deus. Um trio de deve permanecer sempre unido.

São Paulo, diz: "E vós, maridos, amai vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, a fim de purificá-la" (Ef 5,25-26), acrescentando imediatamente: "Por isso de deixar o homem seu pai e sua mãe e se ligar à sua mulher, e serão ambos uma só carne. E grande este mistério: refiro-me à relação entre Cristo e sua Igreja" (Ef 5,31-32). Homem e mulher, são imagem e semelhança de Deus, devendo seguir seus ensinamentos.

Diz o catecismo da Igreja Católica: "A aliança matrimonial, pela qual o homem e a mulher constituem entre si uma comunhão da vida toda, é ordenada por sua índole natural ao bem dos cônjuges e à geração e educação da prole, e foi elevada, entre os batizados, à dignidade de sacramento por Cristo Senhor".

Saiba o que a Igreja pensa:

*Relações sexuais antes de contrair Matrimônio

§2391 Muitos reclamam hoje uma espécie de "direito à experiência" quando há intenção de se casar. Qualquer que seja a firmeza do propósito dos que se envolvem em relações sexuais prematuras, "estas não permitem garantir em sua sinceridade e fidelidade a relação interpessoal de um homem e uma mulher e, principalmente, protegê-los contra as fantasias e os caprichos". A união carnal não é moralmente legítima, a não ser quando se instaura uma comunidade de vida definitiva entre o homem e a mulher. O amor humano não tolera a "experiência". Ele exige uma doação total e definitiva das pessoas entre si.

*União livre e concubinato

§2390 Existe união livre quando o homem e a mulher se recusam a dar uma forma jurídica e pública a uma ligação que implica intimidade sexual.

A expressão é enganosa: com efeito, que significado pode ter uma união na qual as pessoas não se comprometem mutuamente e revelam, assim, uma falta de confiança na outra, em si mesma ou no futuro?

A expressão abrange situações diferentes: concubinato, recusa do casamento enquanto tal, incapacidade de assumir compromissos a longo prazo. Todas essas situações ofendem a dignidade do matrimônio, destroem a própria idéia da família, enfraquecem o sentido da fidelidade. São contrárias à lei moral. O ato sexual deve ocorrer exclusivamente no casamento; fora dele, é sempre um pecado grave e exclui da comunhão sacramental.

De tal modo “O que Deus uniu, o homem não deve separar” (Mt 19,6), determina a Sagrada Escritura; o casamento celebrado entre o homem e a mulher é indissolúvel. Não podemos permitir que as famílias sejam destruídas.

A família é a base da Igreja. É por ela que a sociedade se fortalece; como instituição garante as bases e o fortalecimento da Sociedade.

Viver em Cristo por meio do Sacramento do Matrimônio existe uma força e um compromisso muito grande. O casal deve estar preparado, mas não pode se deixar vencer pelo medo.

sábado, 6 de setembro de 2008

Os Sacramentos do Serviço da Comunhão

Hoje iniciamos as postagens sobre os Sacramentos do Serviço da Comunhão. São assim definidos nos parágrafos 1533 a 1535 do Catecismo.

Estes são os Sacramentos do Matrimônio e de Ordem, tais sacramentos são ordenados à salvação de outra pessoa, contribuindo ainda para nossa salvação pessoal, pois por meio do serviço aos outros servimos também a Deus. Eles possibilitam a edificação do Povo de Deus de maneira sólida e sincera.

Assim, aqueles que já foram consagrados pelo Batismo, Confirmação e Eucaristia, são, ainda que de maneira diversa, chamados a servir. Por meio do Sacramento da Ordem, em nome de Cristo, nos tornamos pastores da Igreja. Um povo sem pastor, é um povo sem direção. O Sacramento do Matrimônio fortalece a sociedade, a comunidade e a família como base do Estado e da Igreja.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Um breve desabafo

Devemos manter a fé - e eu a mantenho. Mas há certas coisas que entristecem. O mundo em que vivemos está cada vez mais afastado de Deus, e se esforça para que esse afastamento ocorra cada vez mais rápido. Que Deus tenha misericórdia de nós.

No meu trabalho, percebo com clareza uma forte hostilidade contra a Igreja e contra o catolicismo. Somos vistos não apenas como atrasados, mas como uma força que quer atrasar o mundo, que quer o mal das pessoas. Por exemplo: os católicos querem o mal das pessoas porque querem que as mulheres morram ao abortar clandestinamente; querem impedir os homossexuais de viverem de forma plena e feliz a sua sexualidade; querem forçar as mulheres ao supremo sofrimento de gestar um bebê "sem cérebro"; querem espalhar as doenças sexualmente transmissíveis, preferencialmente a AIDS, proibindo o uso de camisinha; querem banir do mundo as maravilhas do prazer sexual livre. E por aí vai. Como estou em minoria, resta-me o silêncio ou a discussão inócua, pois não é possível argumentar com quem não se importa na verdade com os objetos da discussão (aborto, homossexualidade, preservativos, etc), mas com um dos lados dessa discussão: o Catolicismo. Para eles, não importa qual seja a posição da Igreja, mas sim a Igreja, e ela, por ser Igreja, estará sempre errada e defendendo o mal.

Vejo nas aulas de segundo grau a mesma coisa: ao professor não interessa propriamente dar aula, mas doutrinar os alunos e fazê-los odiar a Igreja, e, de forma mais ampla, as religiões. Quem reprimia revoltas camponesas na Idade Média? A Igreja. Quem defendia a idéia de que a sociedade deveria ter senhores ricos e servos explorados? A Igreja. Quem sempre esteve do lado do poder? A Igreja.

Se posso ser muito sincero, como dói ouvir essas coisas o tempo todo. Como me custa ser paciente com isso.

A impressão que tenho é de que, em poucas décadas, estaremos nós, os católicos, nos escondendo novamente nas catacumbas. Pode ser que essa impressão seja fruto dos ambientes hostis em que vivo, sei lá, 80% do meu tempo todos os dias. Mas quando me lembro das perseguições do tempo da revolução francesa, e, vindo para mais recente, das perseguições da revolução mexicana e dos países comunistas... Em muitos lugares já começaram a proibir o uso de símbolos religiosos em público. Não acho que isso vá demorar a chegar ao Brasil. O STF está se empenhando por liberar, pouco a pouco, o aborto. Há por aí essas discussões sobre o Nossa Senhora Aparecida ser padroeira do Brasil, sobre haver crucifixos em locais públicos. A diferença entre o Estado não adotar nenhuma religião e ele começar a persegui-las é mínima. Basta um passo.

Rezo a Deus para que isso jamais aconteça. E sei que, mesmo se vier a acontecer, a Igreja não pode ser derrotada. Mas ver Deus e sua Igreja serem atacados assim me entristece.

Que Deus nos dê força e sabedoria para lutar bem contra isso. E que aqueles que nos perseguem percebam o mal que estão fazendo. Que Jesus entre em seus corações.

História da Salvação: As doze tribos de Israel

Jacó, que era filho de Isaac, que era filho de Abraão, teve 12 filhos homens e uma filha mulher, chamada Diná.

Depois da noite em que lutou com o anjo, em busca da sua bênção, Jacó ganhou um novo nome: Israel. Esse nome também passou a ser usado para dar nome não apenas a Jacó, mas a toda a sua família. Todos os seus filhos, as esposas deles, netos e bisnetos, e toda a sua descendência, passaram a ser chamados de Israel.

Quando uma prolongada seca assolou Canaã, Jacó levou toda a sua família para o Egito, onde havia fartura e era garantida a proteção de José, seu filho amado que era o governante daquela terra.

Depois que Jacó morreu, a chefia da família – a chefia de Israel – coube a Judá, seu quarto filho mais velho. Isso ocorreu porque José, o favorito de Jacó, era agora senhor do Egito, devendo responder pelo país inteiro e não só pela família. Além disso, os três irmãos mais velhos de Judá, em razão de seus pecados, haviam perdido a confiança de Jacó. Rubem, o primogênito, deitara-se com Bala, concubina de Jacó e mãe de alguns de seus irmãos. Simeão e Levi, os dois seguintes, tinham liderado os irmãos no ataque a Siquém, cidade onde mataram todos os habitantes para vingar o rapto da irmã Diná, cometido pelo príncipe local. Tendo cometido desmedida selvageria em seu ataque, Jacó os afastou de sua sucessão. Coube assim ao quarto mais velho, Judá, a primogenitura e a bênção.

Os anos se passaram. A família de cada um dos irmãos homens passou a ser conhecida como “tribo”. Assim, havia doze tribos em Israel: As tribos de Judá, de Rubem, de Levi, de Simeão, de Zabulon, de Issacar, de Dã, de Gad, de Aser, de Neftali, de Benjamin e a tribo de Efraim e Manassés. Não houve uma tribo de José: a tribo que teria seu nome ganhou os nomes de seus dois filhos, Efraim e Manassés.

Mas quem é Israel? Israel somos todos nós. Não é apenas o nome da família de Jacó, nem apenas o nome de um país. Quando os judeus refundaram sua nação no Oriente Médio, eles lhe deram o nome de Israel para relembrar que eram todos filhos de Jacó, de Isaac e de Abraão. Mas também todos nós, cristãos, o somos. Israel são todos aqueles que têm Deus como Senhor. Israel somos todos nós que seguimos a Igreja. Enfim: Israel é o povo de Deus.

Na próxima semana vamos falar da história da fuga do povo de Deus do Egito. Depois da morte de José e do faraó, os hebreus perderam sua proteção e começaram a ser escravizados. Deus então enviou um homem, Moisés, para levar seu povo de volta a Canaã.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Jesus de Nazaré, por Bento XVI: um livro essencial

Jesus foi um revolucionário cujos ensinamentos foram distorcidos por discípulos machistas e conservadores? Ou foi um guru pacifista que prenunciou a cultura "paz e amor"? Ou quem sabe foi apenas mais um entre muitos profetas judaicos? Já faz algum tempo os estudiosos se colocam essas questões. E já faz algum tempo que a mídia busca as respostas mais estapafúrdias para elas.

O livro Jesus de Nazaré - Do Batismo à Transfiguração é uma excelente resposta a toda esses modismos. Quem o escreveu foi o próprio papa Bento XVI - ou, antes, o teólogo Joseph Ratzinger. Com base nas palavras da Bíblia e em inúmeros estdos posteriores - estudos feitos porcatólicos, protestantes, judeus e por ateus -, o Papa busca compreender melhor quem foi Jesus Cristo. Mas não simplesmente esse "Jesus histórico" do qual tanto se fala - é o Jesus real que o livro busca. Não o Jesus meramente humano - e, portanto, despido de sua outra essência - e sim o Jesus humano e divino, ou seja, completo.

Obviamente o livro não se pretende um retrato de Jesus, mas uma refutação daqueles argumentos que buscaram tirar Jesus de seu contexto e adaptá-lo ao gosto do momento.

Para isso, o livro vai acompanhando os passos de Jesus desde o seu batismo no rio Jordão até o momento de sua transfiguração. Bento XVI analisa suas palavras e gestos e busca compreendê-los em seu contexto. Sao particularmente esclarecedores os capítulos dedicados às bem-aventuranças do Sermão da Montanha e ao Pai-Nosso.

Trata-se, enfim, de uma excelente exegese dos Evangelhos que deve ser, em breve, completada por um segundo volume tratando dos momentos finais da vida de Cristo. A leitura, excetuando-se a árida introdução, é bastante fácil e prazerosa. Deve-se destacar também que, de saída o Papa esclarece: não está falando ali na condição de pontífice, mas na de teólogo. Ou seja, o livro não propõe novas verdades de fé e presta-se à contestação.

É reconfortante ter como líder um intelectual do porte de Bento XVI. Suas obras, como Jesus de Nazaré, são um alento para os fiéis.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

"Ide Também Vós Para A Minha Vinha"


Cansaço, desânimo, tristeza... quantas vezes nossos pés não conseguem mais seguir adiante, nossos olhos não conseguem mais olhar para o horizonte, nossas palavras se perdem, nossa alma se sente profundamente abatida e sozinha... E tudo aquilo em que acreditamos e porque lutamos parece ter se perdido e se dissipado como neblina ao calor do sol matinal. Sentimo-nos sós em um caminho que parece se perder em tantas e tantas curvas e não chegar a lugar nenhum... É como se perdêssemos nossos ideais e não nos lembrássemos mais de nossos sonhos! Nessas horas, vem a dúvida nos fazer companhia. Onde está a certeza de que Deus permanece conosco?

Não adianta querer uma resposta pronta. A certeza de que Deus permanece conosco nos amparando nasce do mais íntimo da alma e fecunda o coração. Essa certeza vem de Deus e inunda nosso ser por inteiro. Não parte de nós mesmos! É preciso ser ansioso em querer tê-la, porém paciente em aguardar que o Senhor a conceda.

Quando o Senhor chegou na praça dizendo “Ide também vós para a minha vinha!” não disse que não haveria cansaço nem desânimo. Para que as uvas sejam colhidas e as videiras sejam cultivadas, é preciso muito trabalho e muita disposição. As uvas não saltam dos ramos para dentro dos cestos. É preciso que as mãos fiquem calejadas ao arrancá-las e transportá-las, ao amassá-las e transformá-las em vinho.

Todo aquele que se levanta da praça e vai para a vinha, já sabe de antemão que o sol vai brilhar forte e queimar, que pode haver chuva fria, que existem insetos e mosquitos o tempo todo incomodando, que há muito peso que carregar, que há muito chão que caminhar... Mas sabe também que a vinha precisa de seu suor, que seu trabalho será útil para muitas outras pessoas, que depende de seu esforço a existência do vinho!

Talvez a imagem da vinha não nos seja tão familiar, mas tinha um significado imenso para o povo judeu. E eles compreendiam perfeitamente o profundo significado das palavras do Senhor ao contar-lhes essa parábola. O cultivo da uva é uma tarefa muito delicada, que exige muita dedicação e paciência. Não é a mesma coisa que lançar sementes de abóbora no mato e esperar que a natureza faça o resto. Cultivar uvas exige do vinicultor que ele praticamente abra mão de todas as outras colheitas para cuidar apenas das videiras.

E trabalhar na vinha do Senhor quer dizer apenas isto: abrir mão de praticamente tudo para se entregar somente a este trabalho! E já sabendo que muitas serão as dificuldades. Mas, acima de tudo, levando no peito a certeza de que atender ao chamado do Senhor é muito maior que uma honra; é uma graça preciosa ser escolhido por Ele para cuidar de sua vinha!

Nilson Antônio da Silva

Conheça a Igreja X: Os Movimentos Eclesiais

Cada homem e cada mulher é chamado a participar ativamente da evangelização. Uma participação passiva já não é mais suficiente: cada um pode e deve contribuir de alguma forma para a construção do Reino de Deus aqui na Terra.

Os movimentos eclesiais são um excelente caminho para aqueles que não são vocacionados ao sacerdócio ou à vida consagrada, mas que podem contribuir para a evangelização; ou seja, para os leigos. Eles são como associações de fiéis, cujo objetivo é a defesa e a promoção dos valores da Igreja. Pode-se dizer que um movimento eclesial é uma forma eficiente de levar, por meio dos fiéis, a ação da Igreja ao mundo.

Desde muitos séculos existem movimentos eclesiais. Na Idade Média eram muito comuns as confrarias. No século XIX eles começaram a se expandir e no século XX, sobretudo a partir do Concílio do Vaticano II, eles se multiplicaram. No Concílio, a Igreja percebeu a importância desses movimentos e decidiu impulsioná-los, incentivando sua criação, ampliando sua liberdade, mas também suas responsabilidades.

No mundo atual, há uma infinidade de movimentos. Alguns são recentes e ainda estão se organizando; outros são antigos e já contam com grande estrutura e o aval do Vaticano. Alguns contam com a participação direta de sacerdotes e de leigos, outros são formados apenas por leigos, mas todos contam com a orientação de padres e bispos. Cada um dos movimentos eclesiais tem uma característica especial, o carisma, buscando cumprir missões específicas. Alguns são mais contemplativos, outros mais ativos. Alguns buscam levar caridade aos pobres, outros procuram enganajar nesse serviço os ricos. Mas todos eles têm algumas coisas em comum: eles servem à Igreja e à comunidade onde estão inseridos, obedecendo ao Papa, aos bispos e aos sacerdotes. Participar de algum desses movimentos, conforme a pessoa se identificar com eles, é uma ótima forma de servir a Cristo e aos irmãos.

Apenas a título de exemplo, citemos alguns movimentos eclesiais (são só alguns: há incontáveis movimentos no mundo inteiro):

Renovação Carismática Católica (RCC), Movimento de Cursilho de Cristandade (MCC), Oficinas de Oração e Vida (TOV), Movimento Regnum Christi, Opus Dei, Focolares, Neocatecumenato, Legião de Maria, Toca de Assis, Movimento Comunhão e Libertação, Emaús, Movimento de Vida Cristã, Ajuda à Igreja que Sofre, Caritas, Sociedade São Vicente de Paulo, Apostolado da Oração, Terço dos Homens, comunidades católicas (Comunidade Canção Nova, Comunidade Shalom, Comunidade Beatitudes, etc) .

"Hoje, a Igreja alegra-se ao constatar o renovado cumprimento das palavras do profeta Joel, que há pouco escutámos: 'Derramarei o Meu Espírito sobre toda a criatura...' (Act 2, 17). Vós aqui presentes sois a prova palpável desta 'efusão' do Espírito. Cada movimento difere do outro, mas todos estão unidos na mesma comunhão e para a mesma missão. Alguns carismas suscitados pelo Espírito irrompem como vento impetuoso, que arrebata e atrai as pessoas para novos caminhos de empenho missionário ao serviço radical do Evangelho, proclamando sem temor as verdades da fé, acolhendo como dom o fluxo vivo da tradição e suscitando em cada um o ardente desejo da santidade."
trecho do Discurso do Papa João Paulo II aos participantes do Congresso Mundial dos Movimentos Eclesiais - Roma, 1998.

Nosso próximo verbete: A Renovação Carismática Católica (RCC).

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

História da Salvação VI: José - 1ª parte

José é o protagonista de uma das mais belas histórias do Velho Testamento.

Ele era o 11º filho homem de Jacó, e aquele que o velho pai mais amava, pois era primeiro filho de sua amada esposa Raquel, que morrera ao dar à luz Benjamin.

Jacó protegia José mais do que a todos e cobria-o de presentes, o que enchia os irmãos de inveja. Muito mimado, José também era imprudente: costumava contar ao pai os malfeitos dos irmãos, que, assim, ficavam ainda mais enreaivecidos com ele.

Talvez seus dez irmãos mais velhos pensassem que Jacó pretendesse fazer de José o seu sucessor, dando-lhe a bênção que faria dele, o segundo mais jovem dos irmãos, o senhor de todos eles. Os três irmãos mais velhos sabiam que jamais herdariam essa bênção, pois, em decorrência de seus atos, haviam sido amaldiçoados por Jacó, e afastadados da sucessão (o verdadeiro primogênito, Rubem, havia cedido à lúxuria e se deitado com uma das concubinas do pai e os dois irmãos seguintes, os gêmeos Simeão e Levi, tinham liderado os irmãos num terrível episódio de violência). Assim, era o quarto mais velho, Judá, quem mais se sentia ameaçado pela preferência que Jacó demonstrava por José.

Certa vez, os irmãos estavam longe de casa cuidando dos rebanhos do pai e Jacó pediu a José, que tinha nessa época 17 anos, que fosse ter com eles para saber notícias. José pôs-se a caminho, usando a bela túnica sem costura que Jacó lhe tinha dado. Quando viram José se aproximando e exibindo a túnica que só ele tinha, os irmãos mais velhos o espancaram e o jogaram num poço seco, enquanto decidiam o que fazer. Alguns queriam matá-lo, mas Rubem o defendeu. Foi Judá quem resolveu o assunto: ao notar a aproximação de uma caravana de mercadores, os irmãos lhes venderam José como escravo. Embora suplicasse por clemência, José foi levado para longe. Ao pai, Jacó, os irmãos levaram a túnica sem costuras, rasgada e banhada no sangue de um animal. Ao velho pai eles disseram: "teu filho foi estraçalhado por feras".

José, que antes vivera cercado de amor e de conforto, tornou-se escravo e ficou longe de sua família. Foi levado para o Egito, onde um poderoso senhor o comprou. Lá ele foi humilhado, castigado e obrigado a trabalhar duro. Mas como era muito talentoso, com o tempo ganhou responsabilidades e tornou-se o administrador da casa de seu dono. A esposa de seu senhor, no entanto, apaixonou-se por ele e tentou seduzi-lo. José resistiu à tentação, o que provocou o ódio dela. Rejeitada, a mulher disse ao esposo que José é que tentara seduzi-la. O jovem sofreu então um novo golpe, sendo mandado para a prisão. Se já era escravo, tornou-se condenado.

No cárcere, José descobriu que tinha o dom de interpretar sonhos. Sempre muito talentoso, o carceireiro resolveu transformá-lo em seu ajudante para servir a dois nobres que estavam aprisionados por suspeita de traição. Os dois nobres tinham tido estranhos sonhos e os contaram a José, que os interpretou, prenunciando qual um deles seria libertado e qual seria enviado à morte. A previsão de José cumpriu-se perfeitamente.

Alguns anos se passaram até que um dia o faraó teve sonhos muitos estranhos que nenhum sábio do Egito conseguia interpretar. O nobre que, aprisionado junto com José, tinha-o visto interpretar corretamente seu sonho, lembrou-se dele e contou tudo ao faraó. O soberano doEgito então mandou chamá-lo. José descobriu que os sonhos do faraó eram a previsão de sete anos de grande fartura, seguidos de sete anos de grande seca no Egito. Ele então sugeriu ao faraó o que poderia ser feito para evitar a crise e aconselhou: "encontre um homem sábio e coloqu-o à frente do reino". O senhor do Egito lhe respondeu: "Já encontrei esse homem". E decidiu fazer de José, que ele reconheceu ser muito sábio, o administrador de todo o reino.

Continua em: José - 2a parte
Leia também: Deus nunca nos abandona

José - 2ª parte

Continuação de: História da Salvação - José - 1ª parte

Os anos passaram e José soube preparar o Egito tanto para o tempo de fartura como para o tempo de seca. Ele se tornou o homem mais poderoso do reino, abaixo apenas do faraó. Certo dia apareceram diante de José dez hebreus fugindo da seca e buscando alimento. Eram os irmãos que o tinham vendido como escravo. Eles, porém, não o reconheceram e José decidiu então trstá-los. Primeiro, como eram estrangeiros no Egito, interrogou-os. Eles lhe contaram sobre Jacó, disseram quantos irmãos eram, e revelaram que um deles fora morto, há muitos anos, pelas feras. Mas que nem todos haviam empreendido a viagem: o mais jovem de todos, Benjamin, ficara com Jacó.

José exigiu então que eles fossem buscar Benjamin - caso contrário, não lhes venderia alimento. E reteve consigo um dos irmãos, Simeão, que ficaria encarcerado enquanto eles não retornassem. Sem entender, os irmãos voltaram a Canaã e lá contaram tudo ao pai, que não queria permitir que Benjamin viajasse: era seu único filho nascido de Raquel, e temia que ele morresse como havia morrido José. Mas, sabendo que nao havia outro jeito, deixou-o ir.

Quando os irmãos retornaram ao Egito, desta vez com Benjamin, José mandou soltar Simeão e lhes ofereceu um grande banquete, durante o qual procurou favorecer Benjamin, o único irmão que não participara da trama em que ele fora vendido como escravo. No dia seguinte, ele lhes vendeu o alimento e permitiu que partissem. Mas armou um último teste: mandou que escondessem nas coisas de Benjamin uma taça de ouro.

Quando já se afastavam, os guardas de José os alcançaram e encontraram com Benjamin a taça. Levados de volta, todos os irmãos se ajoelharam diante de José e lhe suplicaram piedade. Ele disse então: seria clemente com aquele que roubara a taça; não mandaria matá-lo, mas ele teria que ficar no Egito, como seu escravo. Nesse momento, Judá, o que, no passado, decidira vender José aos mercadores, pediu que Benjamin fosse autorizado a voltar para Jacó, e que ele, Judá, seria escravo em seu lugar.

José ficou muito emocionado com a oferta de Judá - que agora se dispunha a ser sacrificado para salvar o irmão. E enfim revelou a todos quem era. Todos se assustaram, mas ficaram felizes por reencontrar o imrão a tanto tempo desaparecido. Feitas as pazes, os irmãos voltaram e buscaram Jacó e o restantes de suas famílias. Foram todos viver no Egito, onde havia fartura e proteção. José e Jacó finalmente se reencontraram.

Os anos se passaram e os descedentes de Jacó se tornaram cada vez mais numerosos no Egito - tanto que os egípcios começaram a temê-los. Mas essa história fica para a próxima semana - continuemos, por enquanto, com José.

A tocante história de José nos ensina que Deus guia nossos passos mesmo na estrada escura. O jovem fora vendido como escravo no Egito porque um dia ele deveria se tornar um homem poderoso nessa terra, para proteger sua família das dificuldades. Ele próprio diz aos irmãos: "fui enviado ao Egito para preparar a chegada de vós". Seus sofrimentos o corrigiram, moldaram-lhe o caráter e o prepararam para um momento de grande alegria, que foi o reencontro com o pai e a reconciliação com os irmãos. É uma história de fé, confiança e perdão. É uma história que mostra a mão de Deus amparando José em todas as suas quedas.

Para conhecer em detalhes essa grande história, leia o livro do Gênesis, a partir do capítulo 37.

Leia também: Deus nunca nos abandona

Deus nunca nos abandona

A história de José do Egito é aquela que mais me toca em todo o Antigo Testamento. É uma história de sofrimento e de superação, de rancor e de perdão. É uma história repleta de significados. O primeiro deles, claro, é o mais óbvio, explicitado na própria narrativa bíblica. É aquele que pode ser resumido num provérbio bem batido, mas verdadeiríssimo: Deus escreve certo por linhas tortas.

E que linhas tortas! É a tortuosidade da escravidão e da prisão. Odiado pelso irmãos, José torna-se escravo. Odiado pela pretendente frustrada (a esposa de seu sonhor), ele torna-se prisioneiro. José, que amava sua família e seu povo, vê-se, durante longos anos, muito distante de ambos. Seu caminho, visto apenas sob esse prisma, é puro sofrimento. Mas seu sofrimento tem uma razão: José precisa estar no Egito para poder salvar sua família da fome. Não tivesse sido vendido como escravo, não teria oportunidade de mostrar seus talentos. Não tivesse sido atraiçoado por uma mulher desesperada, não teria ido para a prisão, e, conseqüentemente, não teria conhecido o nobre servo do Faraó, que, anos mais tarde, o levaria à presença do rei.

Cada dia de nossa vida, cada respiração nossa pertence a Deus. E nada pode ser maior garantia de liberdade do que isso. Deus nos deixa livres no mundo, mas tem planos para nós. Se aceitarmos cumprir esses planos, poderemos sofrer de início, mas a felicidade nos esperará. José poderia ter tentado fugir do Egito. Não o fez: aceitou seu caminho e o trilhou da melhor forma como podia. Podemos dizer que ele carregou sua cruz, bebeu do cálice até a última gota. E, sim, encontrou felicidade: tornou-se o homem mais poderoso da terra mais poderosa da época, constituiu sua própria família e reencontrou a sua. Às vezes Deus nos prova com duras esperas. A de José durou perto de vinte anos - talvez um pouco mais, mas ele encontrou a felicidade. Dá-se o mesmo conosco: quando cumprimos a vontade de Deus, nos aguarda a felicidade. Por mais escuro que seja o nosso caminho, uma coisa é certa: Deus nunca nos abandona.

Essa bela história nos traz outros ensinamentos. A história de José fala de inveja. Os irmãos se revoltaram porque reconheceram em José virtudes que eles não tinham. E foram essas mesmas virtudes, dons de Deus, que cercaram José de boa vontade o tempo todo. Ora, todos o amaram: Jacó, o pai; o seu senho no Egito, que o tornou seu administrador; o carcereiro, que o tornou seu ajudante; o faraó, que o tornou senhor de seu reino. Os irmãos, no entanto, se deixaram levar pela inveja e quiseram afastá-lo para sempre. Mas, ora, é uma história de perdão: vendo que eles estavam mudados, José soube perdoar os irmãos pelo sofrimento que passara e eles souberam acolher esse perdão, enterrando o passado.

A história também nos fala do zelo da fé. Longe dos seus, José se viu sozinho num país estranho, com costumes, língua e religião bem diferentes dos seus. Mesmo ali, não se deixou subjugar. Não desistiu do Deus de seus pais e manteve-se fiel a Adonai. Passou pela dura provação de ser um escravo, de estar preso, de estar sozinho, de ser tentado na carne. Resistiu a todas as provações, não sem dificuldade, mas sempre com confiança. Sabia que o que é certo, é certo. Que Deus o acompanhava. Não era por estar numa terra diferente, onde outros costumes existiam, que ele devia adaptar sua consciência. José não relativizou suas crenças, e assim, pôde vencer todos os testes.

Sua história também é uma história de humildade. O amor exacerbado do pai e o tratamento diferenciado que sempre recebera o levaram a acreditar-se especial (o que, de fato, ele era; mas se é bom ser especial, nunca é recomendável saber disso). Deus, enfim, o exaltou ao máximo que seria possível na hierarquia humana. Tornou-o o administrador do Egito, diante do qual todos se curvavam excetuando o faraó. Mas Deus não o exaltou sem antes fazê-lo se curvar. José caiu, humilhado e castigado pelos irmãos. Ele, que vivia como um príncipe no seio de sua família, tornou-se um escravo desprezado. Ele que tinha tudo o que queria junto a Jacó, passou todo tipo de privações na prisão. Para chegar à luz, ele atravessou as trevas e aprendeu com isso. Deixou de lado seu orgulho, temperou sua confiança e a transformou em fé. Descobriu o quanto ele próprio era fraco e entendeu que só Deus é infalível. Assim, transformado, pode cumprir o grandioso papel que o Senhor lhe reservou.

Leia também:
História da Salvação: José - 1ª parte
José - 2ª parte
"O que pode temer o filho nos braços do Pai?"

São Pio de Pietrelcina