segunda-feira, 25 de agosto de 2008

História da Salvação V - Jacó - 1ª parte

“Já na alva luz do dia a raiar, lá estava a cena que me impressionou: um anjo preso a Jacó, que por sua bênção lutou e jamais desistiu...”

Estes são os primeiros versos da canção “Minha Bênção”, do CD homônimo do Padre Marcelo Rossi. Ela conta um pouco da história cheia de aventuras de Jacó, o homem que, primeiro, roubou a bênção de seu irmão e, depois, teve de conquistar a bênção de Deus.

Jacó e Esaú eram os filhos gêmeos de Isaac e Rebeca. Esaú era grande, forte e peludo, enquanto Jacó era belo e e de pele lisa. Diz a Bíblia que Isaac tinha mais afinidade com Esaú, que se tornou um grande caçador, e que Rebeca se dava melhor com Jacó, que era pastor.

Como foi o primeiro a nascer, pela tradição do Oriente Médio, Esaú tinha o direito à primogenitura. Naquela época, o filho mais velho tinha o direito de herdar tudo, especialmente a liderança da família, enquanto seus irmãos ou iam buscar seus próprios caminhos em outras terras ou ficavam sob a chefia do irmão.

Certo dia, Esaú chegou em casa cansado depois de um dia de caça. Jacó fazia um cozido de lentilhas e Esaú lhe disse que queria comê-lo. Jacó gracejou: "vende-me primeiro teu direito de primogenitura". Irresponsável, Esaú nem pestanejou: trocou seu direito por um prato de comida.

Passado algum tempo depois disso, Isaac, que já estava muito idoso, pressentindo que podia estar perto do dia de se encontrar com o Senhor, quis transmitir a Esaú, seu favorito, a sua bênção.

Naquela época, a bênção paterna tinha um significado imenso: geralmente, ela confirmava o direito de primogenitura e comunicava os votos de prosperidade e paz ao novo líder da família. A bênção prevalecia sobre o direito do primogênito - este, por decisão do pai, podia ser passado para outro filho que não o mais velho. Assim, Isaac decidira confirmar Esaú, apesar do episódio do prato de lentilhas. Essa bênção era exclusiva: apenas um filho podia recebê-la. O direito de primogenitura e a bênção estavam tão interligados que até as palavras se confundiam: em hebraico, o direito do primogênito é bekorah e a bênção é berakah.

Pois bem. Já idoso, Isaac também estava cego. Pediu a Esaú que lhe trouxesse uma caça e com ela lhe preparasse uma refeição. E revelou: depois de comê-la, pretendia abençoá-lo. A mãe dos gêmeos, Rebeca, ouviu isso e resolveu interferir. Enquanto Esaú foi caçar, ela chamou Jacó e lhe disse o que fazer para receber a bênção de Isaac.

Rebeca preparou um cozido e Jacó recobriu-se com pele de cabra, para parecer peludo como o irmão. Levando o prato, ele apresentou-se diante de Isaac, fazendo-se passar por Esaú. Isaac então lhe deu a bênção, pensando que estava abençoando o filho mais velho.

"Que Deus te dê o orvalho do céu e as gorduras da terra, trigo e vinho em abundância! Que os povos te sirvam, que as nações se prostrem diante de ti! Sê um senhor para teus irmãos, que se prostrem diante de ti os olhos de tua mãe! Maldito seja quem te abençoar! Bendito seja quem te abençoar!"

Quando descobriu tudo, Esaú, furioso, jurou matar o irmão mais novo. Jacó teve de fugir de casa e assim, embora fosse agora o dono da bênção, ficou sem a herança do pai.

Aventurando-se sozinho no mundo, um dia Jacó teve um sonho: ele viu uma escada luminosa que ligava a terra ao céu e anjos luminosos desciam e subiam por ela. E, diante dele, estava o próprio Deus, que lhe prometeu:

"Tua descendência se tornará numerosa como a poeira do solo; estender-te-ás para o ocidente e o oriente, para o norte e para o sul e todos os clãs da terra serão abençoados por ti e por tua descendência."

Com esse sonho, Jacó entendeu que Deus queria seu bem e sempre estaria do seu lado.

Leia também: Jacó - 2ª parte

Nenhum comentário:

"O que pode temer o filho nos braços do Pai?"

São Pio de Pietrelcina