quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Santo Agostinho


Santo Agostinho nasceu em Tagaste, uma cidade do norte da África, em 13 de novembro de 354, e morreu em 28 de agosto de 430, em Hipona. Tagaste ficava em terras onde atualmente é a Tunísia e Hipona, cujo nome atual é Annaba, localizava-se onde hoje é a Argélia. Hipona era uma cidade importante naquela época, onde havia uma intensa vida cultural, comercial, militar e religiosa. Vários monumentos se espalhavam pela cidade, onde também havia algumas basílicas.

O pai de Agostinho se chamava Patrício e sua mãe se chamava Mônica. Ele foi bispo, teólogo, apologista, moralista e filósofo. Além disso, é um dos maiores doutores da Igreja Católica. Ele é chamado de “Doutor da Graça”, sendo que seu pensamento foi decisivo para o desenvolvimento cultural do Ocidente. Seus livros são lidos e respeitados por toda cristandade, isto é, por católicos romanos e ortodoxos, protestantes e ainda por grande parte das denominações cristãs oriundas da reforma protestante.

Agostinho realizou os primeiros anos de estudo em Cartago. É durante esses anos que ele abraçou os caminhos de doutrinas heréticas, tais como o maniqueísmo e o ceticismo. Por causa desses erros em que se embrenhou, foi uma época de intenso sofrimento para Mônica. Com o tempo, e graças às orações e lágrimas de sua mãe, ele se converteu ao cristianismo seguindo as pregações de Ambrósio, bispo de Milão, no ano de 387. Nesse mesmo ano, Mônica faleceu. Na páscoa de 389, ele recebeu o batismo pelas mãos de Ambrósio. Nessa mesma ocasião, seu filho Adeodato também foi batizado.

Ainda em Cartago, Agostinho foi professor de Gramática. Aos vinte e nove anos de idade, foi para Roma e Milão, onde se tornou professor de Retórica. Foi nessa ocasião que ele conheceu Ambrósio, de quem se tornou discípulo e amigo.

Após retornar à África, trajando vestes penitenciais, juntamente com alguns amigos ele fundou em Tagaste uma comunidade monástica. No ano de 391, foi ordenado sacerdote em Hipona. Cinco anos depois, aos quarenta e dois de idade, foi nomeado bispo assistente. Com a morte do bispo, assumiu seu lugar e conduziu o rebanho de Cristo em Hipona até o dia em que o Senhor o chamou para si no dia 28 de agosto de 430, quando ele estava com a idade de setenta e seis anos. Em seus últimos dias de vida, foi tomado de profunda dor e amargura ao ver a sua cidade sitiada pelos bárbaros chamados vândalos. Durante os trinta e quatro anos em que esteve à frente da Igreja em Hipona, exerceu com dedicação, vigilância, carinho para com os pobres e profunda espiritualidade o governo episcopal.

Agostinho deixou escrito mais de 350 sermões e, claro, “As Confissões”, que é o seu livro mais conhecido. “A Cidade de Deus”, em que gastou treze anos para escrever, também é um de seus livros mais importantes. Em todos esses escritos, ele combateu as heresias que ameaçavam as verdades da fé cristã, como o maniqueísmo, o donatismo, o pelagianismo e o arianismo. Mas, além de tudo, ele escreveu uma das principais obras onde se apóia a doutrina sobre a Santíssima Trindade.

“As Confissões” é uma das melhores obras já escrita. Através de suas páginas, Agostinho vai apresentando com maestria seu pensamento sobre o relacionamento entre o ser humano e Deus. Ao reconhecer seus próprios erros, ele está fazendo uma análise de todos os erros e fraquezas do ser humano; ao levantar dúvidas e ao buscar compreender a imensurável profundidade da sabedoria de Deus, ele reflete e condensa aí todas as dúvidas e ânsia de compreensão do homem diante do Criador. Suas palavras são apaixonadas e profundamente sedutoras e comoventes.

Há um pequeno detalhe que passa despercebido quando se fala de Santo Agostinho, mas que acho interessante pelo simples fato de demonstrar que este grande santo e doutor era tão comum como qualquer um de nós. Ele não aprendeu a língua grega! E não conseguiu aprendê-la, embora tenha tentado! Tanto que toda a magnífica teologia que ele desenvolveu foi a partir das traduções que já existiam em latim. Ele mesmo não escreveu nem traduziu os originais em grego para erguer a sua obra teológica. Ora, a meu ver, para ser santo não é preciso ser um gênio nem ser alguém espetacular. Basta apenas ser humilde e abraçar a palavra de Deus. Mai do que isso, viver no cotidiano a palavra de Jesus! E foi isso que Agostinho fez, ainda que tardiamente, como ele lamenta: “Tarde te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova...”

De sua vasta obra, esta pequena frase sem dúvida alguma reflete a profunda vontade que reside no mais íntimo da alma: “Que eu me conheça a mim mesmo, que eu te conheça, Senhor!” . Para conhecer a Deus, é preciso conhecer a si mesmo, pois Ele habita no coração do ser humano. E quando isto acontece, podemos exclamar junto com Santo Agostinho: “Senhor, criaste-nos para Vós, e nosso coração não tem paz enquanto não repousar em Vós”.

Nilson Antônio da Silva

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